segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (17)

Mais uma das antigas, tirada no mesmo dia em que fotografei a imagem anterior – 21 de outubro de 2005. A foto anterior foi tirada às 15 horas e 2 minutos. Esta foi tirada às 14 horas e 34 minutos.


Aproximar-se de filhotes da coruja-buraqueira é mais melindroso do que se aproximar dos adultos. Os filhotes geralmente correm rápido para dentro da toca quando suspeitam de qualquer aproximação.

A fim de fotografar os quatro acima, usei a “técnica” de fingir que não os via enquanto me aproximava. A lente que eu usava então era uma que tem 300 milímetros de extensão focal. Isso quer dizer que eu não precisaria chegar tão perto para fotografar, pois a lente tem um alcance razoável. Além do mais, a princípio, a intenção não era fotografar um dos filhotes de perto, mas, sim, inserir num só quadro todos os quatro.

Um deles oferta uma piscadela. A coruja-buraqueira tem o hábito de às vezes piscar apenas um dos olhos. Em postagem anterior neste mesmo blog pode-se observar uma buraqueira adulta piscando para o fotógrafo.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (16)


Das que fotos que tenho postado aqui, esta é a mais antiga até então: foi tirada no dia 21 de outubro de 2005.

Eu estava no bairro Jardim Califórnia, onde há muitas corujas. Perto de onde eu estava, havia uma toca delas. Nas proximidades da toca, umas cinco corujas.

A dica para fotografá-las é ir se aproximando aos poucos, meio como quem não quer nada. Já percebi que quando não as encaramos, elas permitem uma maior aproximação. Assim, fingindo que estava olhando noutra direção, fui, passo a passo, tentando me aproximar. Mesmo com todas essas manhas, chegou a hora em que a coruja acima achou que eu já estava perto demais, e decidiu decolar. Como a intenção dela era voar em direção à toca, estava a uns quarenta centímetros do chão. Eu estava a uma distância considerável e em pé. Pude assim registrar o vôo da coruja-buraqueira visto de cima.

SHOW DO CAPITAL INICIAL

O Capital Inicial fez um belo show, ontem (29/5/2008), em Patos de Minas. Em uma hora e meia, Dinho e trupe animaram o palco principal do Parque de Exposições.

Fui ao Parque por causa do show. Ainda assim, fui sem muita expectativa, meio que achando que assistiria a uma apresentação burocrática e muito parecida com o formato acústico a que o próprio Capital aderira, em 2000.

Contudo, foram espertos: para a garotada que conhece a banda desde o sucesso do acústico, canções como “Natasha” foram apresentadas, num arranjo muito parecido com o original; para os mais velhos (meu caso), canções como “Fátima” ou “Independência” não ficaram de fora do repertório. Fizeram “O passageiro”, versão da canção “The passenger”, do Iggy Pop. Essa já havia sido gravada pelo próprio Capital antes de o acústico ser lançado, mas, curiosamente, somente seria sucesso depois de relançada no Acústico MTV.

De gigantescos bonecos infláveis a chamas na frente do palco, além de um cuidadoso trabalho de iluminação, tudo contribuiu para o sucesso do espetáculo.

Renato Russo esteve presente, não somente no repertório de sucessos consagrados pelo Capital – caso de “Fátima”, por exemplo, que tem composição de Flávio Lemos (baixista do Capital) e Renato Russo. Do repertório do Legião, “Que país é este” e “Por enquanto” foram executadas. Uma outra cover possibilitou um outro belo momento do show – “Primeiros erros”, do Kiko Zambianchi, que estava no palco com o Capital há três anos, ocasião em que a banda esteve aqui.

Chamo algumas figuras do pop/rock de sobreviventes. Por sobreviventes, refiro-me àqueles que não se foram devido a uso excessivo de drogas ou que não morreram em decorrência da Aids. Gente como Roger Waters, Mick Jagger e Paul McCartney, para ficar em três exemplos. Sobreviveram à louca (e por vezes fatal) efervescência dos anos 60s e 70s. Gente fantástica como Hendrix ou Joplin, não. Tivemos por aqui os herdeiros musicais dessas décadas. Entre esses, há aqueles que não sobreviveram (caso de Cazuza ou Renato Russo) e aqueles que estão por aqui (Herbert Vianna, Lobão).

Não faço julgamento de valor ao usar o termo sobrevivente. Simplesmente acho bacana demais quando sobrevivem. E Dinho, do Capital, é um dos sobreviventes. Vida longa a ele.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (15)

Meus amigos sabem muito bem que gosto de duas coisas: estar em Porto Seguro e fotografar aves e pássaros.

Sim, pessoal – esta foto foi tirada em Porto Seguro.

Eu havia acabado de estar num ultraleve tirando fotos aéreas das praias do lugar. Fazia um calor danado e eu estava esperando pelo ônibus para voltar à pousada em que estava hospedado, já que a pista onde pousam e decolam os ultraleves fica a alguns quilômetros fora da cidade. O equipamento fotográfico já estava todo guardado. Enquanto eu esperava pelo ônibus, vi o pássaro se aproximando. Eu estava tão cansado (havia fotografado o dia inteiro) e com tanto calor que a princípio pensei em deixar o equipamento na mochila. Mas como o sujeito não ia embora, arrisquei. Tirei a câmera, a lente e o flash. Depois, eu os montei. O próximo passo era a fotografia propriamente dita. Em fotos de animais, o fiasco é moeda corrente. Ou seja: depois de toda a peleja para montar o equipamento, o “modelo” poderia simplesmente ir embora bem na hora em que eu fosse apertar o obturador da câmera. Não foi o que correu. Ao todo, pude tirar oito fotos de nosso amigo.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (14)

Tenho inserido neste blog fotos da fauna e da flora. A imagem acima é uma exceção, e está aqui pelo simples fato de eu gostar dela.

Fotografei este bolo no dia 8 de dezembro de 2006, data em que registrei o casamento de Fernanda e Dênis. Nesse tipo de evento, procuro também por detalhes que possam gerar fotos que me pareçam agradáveis. Taças, bolos, talheres, decoração... Todo esse aparato costuma dar a nós, fotógrafos, belas oportunidades.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (13)

Esta foto foi tirada no dia 9 de janeiro de 2006, às 17h49. Eu já estava praticamente indo embora, pois a noite não demoraria a chegar, quando avistei o bando de garças no céu. Logo soube que eu não teria muitas chances e que seria uma foto de difícil captura. O mais rápido que pude, ajustei lente e câmera e disparei. A foto acima foi a única que consegui.

PABLO NERUDA, FERREIRA GULLAR & ISIDRO FERRER

Recentemente, o professor Fred publicou em seu blog notícia de relançamento do “Livro das perguntas”, de Pablo Neruda, no Brasil, pela Cosacnaify. O livro mostra um Neruda lúdico, distante na maioria dos poemas de seu lado engajado. Não bastassem os poemas, a edição conta com as ilustrações de Isidro Ferrer. De tão primorosas que ficaram, fica até difícil imaginar os poemas sem elas. A tradução é de Ferreira Gullar.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (12)

Lembro-me com nitidez da primeira vez em que tentei fotografar um anu-branco. Na ocasião, eu não sabia o nome da ave nem me lembrava de tê-la visto anteriormente. Ademais, a foto ficou péssima.

Contudo, o hábito de fotografar a natureza faz com que eu apure o olhar e que me torne uma espécie de biólogo amador. Com o passar do tempo, não somente descobri o nome da ave como me familiarizei com seus hábitos. Assim, quando quero fotografar anus-brancos, sei aonde devo ir.

Andam em bando, de modo que no lugar em que há um, há outros por perto. Foi assim que, numa sessão de fotos, vi os dois acima pousados sobre este pequeno monte. Permitiram que eu tirasse quatro fotos.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (11)

Gosto muito de fotografar aves de rapina. Talvez pelo porte e imponência. Talvez pela beleza. Talvez por tudo isso.

Eu estava indo ao Parque do Mocambo a fim de fotografar. Há uma rua que passa ao lado do parque. Enquanto seguia com minha moto nessa rua, vi o gavião acima pousado neste galho. Após frear, voltei a comecei a fotografar. A princípio, ele se mostrou inquieto. Depois, pareceu se acostumar comigo. Fez poses, virou-se para a esquerda, para a direita, encarou a lente...

CONTO 6

Encantamento

José lera certa vez que “encanto é algo que temos até o momento em que percebemos que o temos”. Desde então, passou todo e cada dia de sua vida se perguntando quando é que perceberia seu encanto. Morreu desencantado.

CONTO 5

O andarilho

Thiago estava triste de não mais poder. Ia mal no amor, ia mal no dinheiro, ia mal no trabalho. Num dos poucos momentos de coragem de sua vida, largou tudo e se mudou de cidade. No começo, sentiu um quê de entusiasmo com a condição. Mas pouco tempo depois o seu velho e conhecido tédio estava de volta. Depois, mudou-se de novo. E de novo e de novo e de novo. Numa atitude desesperada, voltou para a terra natal. Tudo em vão. Thiago havia então experimentado aquilo de que vinha suspeitando a vida toda: nenhum lugar o faria se sentir bem. Já que não há como estar em lugar nenhum enquanto se está vivo, Thiago passou a fazer o máximo que conseguia para não estar em lugar algum: tornou-se andarilho.

CONTO 4

Das Dores

Maria das Dores era considerada doida. Gostava de caminhar pelas ruas da cidade somente de madrugada. Em horas de luz, ninguém a via. À noite, saía munida de uma vassoura. As roupas eram velhas e sujas. Terror de crianças e chacota de adultos. Por estes, era chamada de bruxa; por aqueles, de bruxa. Estes diziam que ela usava a vassoura para voar; aqueles, que ela usava a vassoura para voar. Mas foi numa noite de louca tempestade que metia medo nestes e naqueles que todo mundo viu Maria das Dores varrendo os céus.

CONTO 3

Da sinceridade

Antônia acreditava que chegaria o dia em que ela acharia o homem plenamente sincero, o que de fato ocorreu. José Reis era sincero não somente consigo, mas também com os outros. Por isso mesmo, quando ela lhe perguntou se ele já havia sentido vontade de estar com outra depois que declarara a ela seu amor, ele, com toda sinceridade, disse que sim, mas reiterou que amava Antônia. Ela não suportou essa e outras sinceridades de José Reis. Hoje, vive com Pedro, que a vive enganando, mas lhe diz mentiras que ela adora escutar.

A NÃO-HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO

Revirando meus arquivos, dei de cara com esta foto.

Aqueles que acompanham este blog sabem que publico uma série chamada A história por trás da foto. Contudo, a foto acima não faz parte da série – é que não me lembro de a ter tirado. Sei que ela é minha não somente por estar em meus arquivos, mas também por saber onde ela foi tirada. É um lugar a que muito vou para fotografar, no Bairro Copacabana. A imagem foi feita no dia 23 de setembro de 2006. Dessa mesma data, há outras fotos, também tiradas no mesmo lugar. Tenho em meu arquivo quatro imagens do amigo acima, embora não me lembre de tê-lo fotografado.

APONTAMENTO 3

No Cerrado

Hoje (18/5/2008), fui para o Cerrado fotografar, coisa que não fazia há meses. Como foi bom rever a amplidão e o silêncio do velho Cerrado.

Aqui, uma maria-branca; ali, uma flor em meio à vegetação seca; acolá, um gavião. A beleza do Cerrado não é óbvia. Tem o Cerrado um belo que é assimétrico e que não se mostra de imediato. Para se captar tais encantos é preciso olhar, observar, reparar, aguardar, prestar atenção. Agindo assim, a beleza do Cerrado vai se desdobrando, multiplicando-se, revelando-se – plena de não-obviedades.

Em tempo: nenhuma das fotos tiradas hoje está aqui por eu não ter usado câmera digital nas capturas. Usei cromo para os registros.

LANÇAMENTO DE LIVRO

Ocorreu ontem (16/5/2008), no Teatro Municipal, o lançamento de “O livro dos nomes”, de Maria Esther Maciel. A obra é publicada pela Companhia das Letras.

O professor Altamir Fernandes leu texto sobre a trajetória de vida da escritora, que é professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A seguir, a professora Helânia Cunha de Sousa Cardoso fez uma análise da obra. Por fim, a autora discursou.

“O livro dos nomes” é o mais recente livro de ficção de Maria Esther Maciel.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (10)

Quando saio para fotografar, geralmente consigo mais de uma foto da espécie fotografada. O pássaro acima é uma exceção. Só consegui esta única foto dele. E jamais voltei a ver outro da mesma espécie.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (9)

Dendrolatria

Por várias vezes estive no lugar em que tirei esta foto. Em incontáveis ocasiões fui correndo para lá, com a intenção de capturar um pôr-do-sol – eu fazia tudo por ocaso.

Também fotografei esta árvore diversas vezes. Ela foi cortada. Viveu em frente ao grupo escolar Frei Leopoldo.

APONTAMENTO 2

É preciso respeitar a criatividade – criando.

GARRINCHA E FLÁVIO COSTA

Há uma semana (6/5/2008), conversei com o professor e escritor Agenor Gonzaga sobre o excelente “Estrela solitária – um brasileiro chamado Garrincha”, de Ruy Castro.

Há alguns meses, eu e Adriano, locutor de uma estação de FM local, conversamos sobre uma exposição realizada há tempos no teatro municipal daqui. Ambos gostamos da exposição, mas não nos lembrávamos mais nem do nome do pintor nem quando a exposição havia sido realizada. Chegamos a cogitar a idéia de procurar o pessoal do teatro para escarafunchar documentos antigos na tentativa de descobrirmos o nome do pintor, mas logo descartamos a idéia.

Hoje, antes de trabalhar, fui até a estante apanhar o livro de Ruy Castro, para levá-lo para o professor Agenor. Quando o peguei, havia alguns papéis dentro do livro. Eram papéis antigos. Um deles, um artigo político. O outro, o convite para a exposição. Eu havia gostado tanto do trabalho do artista que decidi guardar o convite. Mas não me lembrava mais nem de tê-lo guardado nem de que estava com o Garrincha.

Flávio Costa é o nome do pintor. A exposição foi realizada de 15 de outubro a 9 de novembro de 2003. Acima, a capa do convite.

CONTO 2

Sem anos de solidão

Jéssica era bondosa e corajosa. Tinha disciplina, gostava de aprender e fugia do ócio. Só uma coisa Jéssica não suportava – a solidão. De tanto temê-la, casou-se na igreja.

APONTAMENTO 1

Entre textos curtos e longos, prefiro textos sempre.

CONTO 1

O Resoluto

Antônio sempre havia sido resoluto, não importa o que fizesse. Quando tomava uma decisão, jamais vacilava, jamais mudava de idéia. Nada o desviava de um caminho que decidisse seguir. Se percebia que fraquejaria, inventava ânimo. Com mãos firmes, fabricava coragem. Certo dia, após tomar a inabalável decisão de viajar de carro, viu que uma carreta já estava perto demais, na contramão. Foi nesse momento que tomou sua última e mais peremptória decisão: era hora de morrer.

"FAROESTE CABOCLO"

Ontem (10/5/2008), recebi a visita do amigo Rusimário Bernardes, que tem o dom da conversa. É sempre engraçado e expressa suas opiniões com calma e comedimento. Tem ainda a modéstia. Deixando de lado a arte da retórica, Rusimário também lida com internet – foi ele quem fez o site liviosoares.com.

Entre tantas coisas, acabamos falando sobre o caso da menina Isabella. Num certo momento, Rusimário disse que a história o fazia se lembrar de Renato Russo. A princípio, não compreendi o motivo. Percebendo minha cara de quem nada entendera, ele mencionou aquele trecho da letra em que os meios de comunicação fazem o maior “carnaval” com a história de João de Santo Cristo. Diz o trecho:

E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão

No sábado então, às duas horas, todo o povo
Sem demora foi lá só para assistir
Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo
Começou a sorrir.
Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali

A mim, que acompanhei de perto a trajetória do Legião Urbana, a comparação não havia ocorrido. Por essas e por outras é que é sempre bom conversar com pessoas inteligentes.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (8)

Foto tirada quando tive a oportunidade de fotografar diversas garças.

No dia anterior, a primeira intenção não era nem tanto flagrar os vôos, mas registrá-las sobre a terra mesmo. Grata surpresa foi quando passaram a decolar. Só que nisso os cartões da câmera digital já estavam cheios, e já era finzinho de tarde.

No outro dia, voltei. A imagem acima é uma das que consegui, no dia 15 de outubro de 2007.

ESCREVER E ESCUTAR MÚSICA

Venho tentando escrever alguns textos de ficção em prosa. A rigor, alguns contos. Nem sei se vou terminá-los.

Ao escrever e escutar música ao mesmo tempo, as idéias parecem fluir melhor. Não digo com isso que eu escreva melhor se estiver escutando música. Mas, pelo menos, idéias me ocorrem. Sem música, nem isso.

Algumas das canções que escutei há pouco, enquanto batucava no teclado:

“Além do horizonte” – Erasmo Carlos (participação especial de Tim Maia)

“Why worry” – Dire Straits (somente os quatro minutos finais – a canção dura oito minutos e trinta e um segundos)

“Clocks” – Coldplay

“Never surrender” – Corey Hart

“Das Dores de oratórios” – João Bosco

“Do fundo do meu coração” – Erasmo Carlos (participação especial de Adriana Calcanhoto)

“Hate me” – Blue October

“Harvest moon” – Neil Young

"Estrela cadente" – Mel da Terra

ARACATACA E CORDISBURGO


Assisti a um documentário sobre “Cem anos de solidão”. Algumas cenas foram feitas em Aracataca, onde nasceu García Márquez. As cenas me fizeram lembrar de quando estive em Cordisburgo, terra em que nasceu Guimarães Rosa. Estive lá de passagem, com destino à Gruta de Maquiné, que fica perto da cidade.

No documentário sobre “Cem anos de solidão”, exibiram pequenos estabelecimentos comerciais cujos nomes fazem alusão a personagens ou episódios da saga dos Buendía. O mesmo se dá em Cordisburgo. Os personagens de Guimarães Rosa nomeiam de oficina de bicicleta a borracharia, bares e mercearias.

Acima, duas fotos feitas em Cordisburgo. Na primeira delas, fachada da casa em que Guimarães Rosa viveu. Hoje, é um museu. A outra foto foi tirada no interior da construção.

E VOCÊ?

“Se você estiver infeliz com qualquer coisa – sua mãe, seu pai, seu marido, sua esposa, seu emprego, seu carro. Seja lá o que for que esteja deixando você pra baixo, simplesmente se livre disso. Porque você descobrirá que quando você é livre, sua verdadeira criatividade, seu verdadeiro eu vêm à tona”.

A citação acima é da cantora Tina Turner. Ela disse (escreveu?) isso depois de terminar seu agitado e violento relacionamento com Ike Turner, que a violentava e batia nela.

Concordo demais com o que ela disse. Mas assumo que não tenho coragem de colocar em prática. Você tem?

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (7)

Para quem é de Patos de Minas se localizar: passe a ponte do Rio Paranaíba e siga em frente. Na primeira encruzilhada depois do Lixão, vire à esquerda e siga por mais ou menos um quilômetro. Esta árvore está à esquerda da estrada. Imagem feita em dia que dediquei a fotografar árvores, no feriado de 7 de setembro de 2007.

Gosto muito de fotografar as árvores retorcidas do Cerrado.

SELVAGEM

Desde quando comecei a fotografar de modo mais intenso tenho refletido sobre como a fotografia vem me modificando, em especial a fotografia de natureza, que é a que mais faço.

Fotografar na natureza tem sido bom não somente pelo contato com as belezas naturais dos lugares que visito. Não bastasse a exuberância de um gavião, o colorido de um pica-pau ou a braveza de uma tesourinha, a fotografia de natureza tem me propiciado o contato com algo em mim que é selvagem, primitivo, básico. Fotografar a natureza foi ter contato com o que há de animalesco e selvagem em mim. Quanto mais vou me afastando da cidade, mais gostoso é ir sentindo a pulsação de uma natureza e seus mecanismos. Delicioso sentir que sou parte disso. Sou vida como aquilo que fotografo. Selvagem como o que fotografo.

Atribuímos à natureza comportamentos que são nossos. Assim, dizemos que um gavião é cruel porque, para se alimentar, mata filhotes de outras aves nos ninhos. Dizemos que os urubus são imundos ou que as formigas são vorazes. Estando em meio a eles, definir ou adjetivar não me importa. Sou somente mais um deles. Quero apenas estar com eles, observar e registrar o ciclo de vida de uma natureza que luta tenaz e diariamente para sobreviver, vinte e quatro horas por dia.

GIVE SPACEY A CHANCE

Terminei de assistir há pouco ao show “Come together – a night for John Lennon’s words & music”. A apresentação ocorreu no Radio City Music Hall, em Nova York, no dia 2 de outubro de 2001, dias depois dos atentados de 11 de setembro. Discursos a favor da paz e loas aos que morreram nos atentados e à população de Nova York permearam os discursos, ditos entre uma música e outra por astros de Hollywood. Clássicos dos Beatles e de John Lennon eram interpretados por cantores americanos. Mas o ponto alto do show é quando “Mind games” é interpretada por quem, oficialmente, não ganha a vida cantando – Kevin Spacey, que foi também o apresentador da noite.

Foi ainda ótimo assistir a Dave Stewart (lembra do Eurythmics?) cantando "Instant Karma" com Nelly Furtado. Além de tocar guitarra nessa faixa, ele acompanha outros artistas durante o show, também tocando guitarra.

NOSSA OBRA

A foto acima retrata o Córrego do Monjolo, em Patos de Minas. Faz parte de uma série de fotos que fiz retratando a cidade à noite. Quando viram o registro, algumas pessoas que moram aqui riram, dizendo que mesmo um esgoto a céu aberto pode ser assunto para uma foto. Também dizem que, por sorte, o cheiro ruim que às vezes se sente no lugar não aparece na foto. Mas esse cheiro, digo, é... obra nossa.

Foto tirada em 31 de julho de 2007.

COMO ASSIM?!

Mesmo com anorexia, permite-se um gracejo e diz para a amiga:
– Nada como num dia após o outro.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (6)

Esta é mais uma foto que levei algum tempo para fazer. Há muito que eu queria tirar fotos de gotas em folhas, mas a chuva demorava a dar as caras. Quando chovia, nem sempre havia como eu tirar a foto. Eu poderia regar as folhas, ou borrifá-las, para conseguir efeito semelhante. Por um capricho, decidi aguardar a chuva.

Numa manhã em que eu teria de dar aula, saí mais cedo, pois a garoa que caíra durante toda a madrugada dera uma trégua, mas a flora estava ainda úmida. De antemão, eu já sabia onde estavam as folhagens que eu registraria.

A foto foi tirada no dia 29/11/2006, às 8h43.

NÓS, OS ILUDIDOS

Uma bateria, um baixo e uma guitarra. O resto é rock. Eu assistia ao show. Num determinado momento o guitarrista e vocalista, após apresentar a banda, disse, sem nenhum ranço nem travo, que não passavam de uns iludidos. O tom era de brincadeira e descontração.

Quando o vocalista disse que eram uns iludidos, foi inevitável: “Eu também”, pensei. O adjetivo iludido me define muito bem. Num eufemismo, eu poderia me valer da palavra sonhador, mas iludido é mais real e apropriado.

Quase incorro em devaneio improdutivo e deletério. Se isso não ocorre de vez, é porque tento, não sei se com pleno sucesso, segurar firme as rédeas da razão. Se não me policio, o lado iludido desembocará em quixotesca existência.

HAICAI 1

Migração repetida.
Tesourinha corta o vento:
hora da partida.

AVENIDA GETÚLIO VARGAS

Ontem (25/4), num dos bares da cidade, tive o privilégio de tocar bongô acompanhando Pablo Marques (violão) e Marina Morais (voz).

Os freqüentadores do local deixaram para chegar depois de 1h, de modo que entre 23h e 1h havia um clima intimista, pois somente nossos amigos estavam conferindo a música. Um deles era o professor Marcos Rassi, que num determinado momento deu uma canja. O bacana foi que ele se valeu de seu conhecimento de história do Brasil e de história da MPB para contextualizar e enriquecer as canções que interpretou.

Uma delas foi sobre Patos de Minas, de autoria dele. Trata-se de letra sobre mudança de nome da Avenida Getúlio Vargas (antes de ter esse nome, chamava-se Avenida da Liberdade). Tal mudança ocorreu na década de 30. Segundo Rassi, “toda cidade do Brasil deveria ter uma rua ou avenida com o nome do presidente”. Completa o historiador: “Além disso, toda repartição pública deveria ter uma imagem de Vargas”.

Letra e música são de Marcos Rassi. Abaixo, a letra, que é de 1992:

Tributo a Liberdade
Homenagem à Avenida Getúlio Vargas

Andar de madrugada na Avenida

é ter os pés no chão
e a cabeça no coração

Fitar os sincretismos desta via
é como se exigisse
um espaço pra solidão

Passeio de charrete não há mais
o trole e patinete já não há
mudaram o seu nome, oh Gêgê!
calaram nossa festa, oh por que?

Sentar naquele banco e aconchegar
abrir uma latinha e deleitar
o guarda se aproxima e vê a paz
a gente se contenta e canta mais

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (5)

Certa vez, recebi por e-mail uma imagem formidável que mostrava um peixe atravessado pelo bico certeiro de um martim--pescador. Quem me enviou o e-mail comentou sobre a sorte do fotógrafo em conseguir a imagem. Na hora, pensei comigo: “Não é sorte”.

Tempos depois, consegui fazer a foto acima. Não é uma imagem que causa tanto impacto quanto a do martim-pescador com o peixe no bico, mas registra um instante de difícil captura.

Cheio de entusiasmo, mostrei a foto para alguém. A pessoa disse:

– Que sorte você teve. Conseguiu fotografar bem na hora em que ela piscou!

Confesso que houve uma pequena e breve decepção de minha parte, pois o registro não foi questão de sorte, mas de insistência.

A coruja-buraqueira é uma das aves que mais fotografo. Tenho centenas e centenas de fotos delas. Eu já havia conseguido uma foto com uma coruja piscando um dos olhos. Contudo, não era ainda uma foto que eu considerava ideal pelo fato de a coruja estar distante.


Quando me aproximei da coruja acima, vi que ela piscava um dos olhos em intervalos descompassados. Tomei então a decisão de fotografá-la enquanto ela permitisse, na esperança de que, num átimo após apertado o obturador, ela piscasse. O dia estava quente, eu já estava suado. Fotografei, fotografei, fotografei... Por fim, consegui a foto que eu tanto queria.

SOLIDÃO E LIBERDADE

Tolstoi, em texto sobre “Guerra e paz” (traduzido por João Gaspar Simões), escreve, entre outras coisas, sobre o livre arbítrio, a liberdade. Não é essa a única discussão do texto, mas sobre ela, diz ele que há coisas que podemos – ou não – fazer. Já outras, não podemos deixar de fazer. Ele chega a dar alguns exemplos de coisas que não podemos deixar de fazer: “Não posso, durante uma batalha, deixar de partir para o ataque com os meus camaradas e não fugir quando todos fogem à volta de mim”. Também dá exemplos de coisas que podemos deixar de fazer: “Posso neste momento deixar de escrever”.

García Márquez disse que escrever é um dos atos mais solitários que ele consegue imaginar. Mas depois de ler as considerações de Tolstoi, não se pode deixar de pensar no ato de escrever como sendo também um ato de plena liberdade. Tanto que “posso neste momento deixar de escrever”.

MAIS UM! MAIS UM! MAIS UM!

É o momento dele. É o momento em que ele tem uma nítida oportunidade de ter mais um momento de consagração. Já é rico, já é famoso. Como ele queria estar calmo, tranqüilo... Seu talento é reconhecido, ele não se cansa de mostrá-lo, de prová-lo, mesmo sem ninguém pedir. Ele também sabe que não precisa mais provar nada para ninguém. Mesmo quando não está no melhor de seus dias, é capaz de mudar tudo num átimo.

Mas ele também é humano. Logo, precário, limitado, falível. A despeito do “glamour”, da fama e da fortuna, o peso da função que exerce é maior justamente agora que tem uma clara possibilidade de sucesso. Ele pensa na responsabilidade, pensa nos colegas de trabalho, pensa nas vezes em que já foi bem-sucedido em situação semelhante. Sua cabeça é um emaranhado de pensamentos sem conexão aparente. Chega a se lembrar de uma cena vivida na infância. No momento crucial, ele erra o pênalti...

Ontem (23/4), foi a vez de Cristiano Ronaldo, do Barcelona, em jogo válido pela Liga dos Campeões. Logo aos 3 minutos do primeiro tempo, ele poderia ter aberto o placar da partida que terminou sem gols.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (4)

Esta foto foi tirada na estante da sala aqui de casa.

Há coisa de uns dois meses, minha mãe pediu que se colocasse uma grande telha de vidro na sala. A telha ocupa o espaço de quatro telhas convencionais. A intenção obviamente era clarear o ambiente, que é escuro mesmo em dias ensolarados, por causa das telhas de uma varanda que escurecem muito a sala.

A telha de vidro resolveu a questão, mas o sol começou a incidir a princípio sobre a televisão e o equipamento de som. Mudamos a disposição dos equipamentos, o que parece ter resolvido o problema.

Certo dia, percebi que a luz solar, depois de incidir sobre uma superfície que eu não havia ainda identificado, refletia-se na estante, produzindo as cores do arco-íris. Fui conferir. O colorido reflexo era produzido depois que a luz incidia sobre alguns CDs que estavam fora da capa. A textura da foto é da madeira da estante.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (3)

Eu havia saído para fotografar aves e pássaros. Para realizar esse tipo de foto, deixo o equipamento guardado numa mochila enquanto estou na cidade. Mal saio das ruas movimentadas, tiro o equipamento e o monto para começar a “caça”. No dia em que tirei a foto acima, eu já estava voltando para casa depois de mais uma incursão. O equipamento já estava todo guardado. De repente, vi o carroceiro. Eu sabia de antemão que levaria um tempo considerável retirar da mochila a câmera e a lente e deixá-las prontas para a captura. Enquanto isso, o carroceiro naturalmente continuaria seu trajeto. Ainda assim, parei a moto, abri a mochila e montei o equipamento. O próximo passo foi ir atrás do carroceiro. Eu o “persegui” por uns 10 quarteirões, tirando fotos.

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (2)

Gosto muito de Porto Seguro/BA. Não somente pela questão histórica, que me fascina, mas também pela beleza e pelo astral do lugar. Na região também gosto muito do Arraial d’Ajuda e de Trancoso.

Na última vez em que estive em Porto Seguro, em janeiro de 2007, levei equipamento fotográfico, digital e analógico, a fim de registrar um pouco das belezas do lugar.

Uma das áreas que visitei foi a chamada Cidade Histórica. Não somente pela bela visão que se tem do mar quando se está lá, mas também pelas atrações – o Marco do Descobrimento, a Matriz Nossa Senhora da Pena, o Farol, a Igreja da Misericórdia, a Capela do Colégio Salvador, o Fortim, a Casa de Câmera e Cadeia e o Chalé do Dr. Antônio Ricaldi.

Para conseguir imagens que me fossem agradáveis, fui ao local três vezes, pois eu queria fotos em que o céu estivesse bem azul. Nas duas primeiras vezes, estava nublado. Contudo, numa dessas vezes, tive a chance de tirar a foto acima.

(Caso queira conferir algumas imagens feitas por mim em Porto Seguro, gentileza acessar liviosoares.com
.)

SHAKESPEARE

Na primeira vez em que li “Macbeth”, de Shakespeare, chamou demais minha atenção o quão rápido ficamos sabendo de quem se trata Lady Macbeth logo na primeira fala dela. Bastaria a primeira intervenção da nobre para se ter um amplo e nítido retrato de sua personalidade. Não me lembro de ver na literatura uma personagem tão bem delineada e definida em tão poucas linhas. Com pensamentos voltados para o marido, reflete Lady Macbeth: (...) “Não confio em tua natureza. Está totalmente cheia do leite da ternura humana para que possa escolher o caminho mais curto. Gostarias de ser grande, pois não te falta ambição; mas falta-te o instinto do mal que deve secundá-la. (...) Vem aqui para que eu possa derramar minha coragem em teu ouvido e castigarei com a valentia de minhas palavras todos os obstáculos ao círculo de ouro com que parecem coroar-te o destino” (...).

Criador de personagens densos e convincentes, Shakespeare faz com que, páginas depois, a mesma Lady Macbeth nos dê o seguinte “conselho”: “Todas as coisas irremediáveis deveriam ser esquecidas”. (A tradução das citações é de F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes.)

VIDA & ARTE

Terminei de ler recentemente “Na natureza selvagem” (“Into the wild”), de Jon Krakauer. O que me levou a ler o livro foi o filme homônimo, do diretor Sean Penn – que é também o roteirista (para os fãs do Pearl Jam, o filme tem canções e músicas de Eddie Vedder). Eu não sabia que o filme era baseado em livro. Aliás, eu nada sabia nem do filme nem do livro. O que me levou ao filme foi o título. Deixando-me levar pelo pôster do filme e pelo título, pensei se tratar de um documentário...

Há momentos em que o filme lembra de fato a linguagem dos documentários, linguagem essa que acaba sendo adequada ao modo de vida de Chris McCandless, interpretado pelo ator Emile Hirsch.

Krakauer mostra-se envolvido com a vida de McCandless. As páginas do escritor tentam reconstituir e compreender o exílio de Chris McCandless no interior de Alasca. Filho de família rica, aluno brilhante e cheio de talentos, ele larga tudo após terminar a faculdade e se torna um andarilho, inspirando-se em figuras como Tolstoi, Thoreau e Jack London. Mas o autor de “Natureza selvagem” não deixa de apontar as contradições da personalidade do jovem. Como exemplo disso, a parcialidade do julgamento de McCandless, rigoroso com os pais e “condescendente” com seus ídolos: “Chris (...) era capaz de perdoar, ou fazer vista grossa, para os defeitos de seus heróis literários: Jack London era um bêbado contumaz; Tolstoi, apesar de sua famosa defesa do celibato, fora um entusiasmado aventureiro sexual quando jovem e teve pelo menos trezes filhos, alguns dos quais foram concebidos na mesma época em que o censório conde trovejava em letras impressas contra os males do sexo.

“Como muita gente, Chris julgava os artistas e amigos próximos pelo trabalho deles, não pela vida que levavam, mas era incapaz de estender essa tolerância a seu pai” (tradução de Pedro Maia Soares).

Krakauer tinha uma poética e triste história em mãos. Tristeza e poesia estão nas páginas de “Na natureza selvagem”.

Leia o livro, assista ao filme. Preferencialmente nessa ordem...

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (1)


A foto acima foi tirada no dia 3 de março de 2007. Eu estava numa rodovia próxima a Patos de Minas, fotografando patos selvagens, quando o garoto passou na carroça. A intenção era continuar fotografando os patos, mas quando vi a sinalização ao lado da rodovia, mudei de idéia. (Para conferir mais de meu trabalho fotográfico, gentileza acessar liviosoares.com .)

"JUNO"

Não acompanhei todo o auê que houve em torno de “Juno” (dirigido por Jason Reitman), filme recentemente lançado em DVD no exterior. Fui me interessar pelo filme quando um de meus irmãos disse que os diálogos eram interessantes. E são.

Estrelado pela bela e jovem Ellen Page, “Juno” conta a história de uma adolescente que fica grávida de Bleeker (Michael Cera), colega de escola dela. A princípio, Juno pensa em abortar, chegando a procurar uma clínica. Desiste da idéia. Ainda meio sem saber o que fazer, ela e uma colega, consultando os classificados num jornal, vêem no par Vanessa Loring (Jennifer Garner) e Mark Loring (Jason Bateman) a possibilidade de um futuro melhor para a criança. Após conversar com seus pais, Juno e eles procuram o casal Loring para assinatura de contrato de adoção.

A partir daí, as relações entre Juno e os Loring se intensificam. Paralelamente, ela tentar resolver sua relação com Bleeker.

O grande barato do filme são os diálogos. Méritos para a roteirista Diablo Cody. Em meio à dramática e tensa situação, o senso de humor dos diálogos nos envolve. E há momentos de ternura, como na conversa que Juno mantém com seu pai depois de uma visita à casa dos Loring.

Poético e engraçado, “Juno” é um daqueles filmes que nos deixam com a sensação de que os personagens são, por assim dizer, gente como a gente. Nós nos identificamos com eles, entre outras razões, porque somos também desajeitados, engraçados e, por vezes, patéticos.

Enquanto assistia ao filme, foi inevitável me lembrar de Holden Caulfield, o personagem criado por J.D. Salinger no livro “The catcher in the rye” (“O apanhador no campo de centeio”). Juno é bem mais loquaz do que Holden (ela não pára mesmo de falar um minuto), mas ambas as criações mostram as agruras da adolescência com graça e humor. Outro traço em comum entre Holden e Juno é o ficarmos com a sensação de que ambos serão grandes adultos. Embora inseguros, instáveis e sem saber ao certo o que fazer, percebe-se neles, latente, a capacidade para o amor e para a poesia.