terça-feira, 6 de outubro de 2015

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (85)

A expressão “menos é mais” é eficaz também na fotografia. Do ponto de vista da composição fotográfica, um registro com menos elementos tende a ser mais eficiente do que um com muitos elementos, pois eles podem vir a poluir visualmente a foto. Quando uma fotografia tem muitos elementos, dependo da composição que é feita, o olhar pode se “perder” na imagem; já um registro com menos elementos faz com que os olhos “grudem” no que é o assunto principal da foto. Mas isso não é regra absoluta; pode-se, a título de exemplo, querer uma imagem que mostre precisamente a poluição visual de uma cidade.

Voltando à expressão “menos é mais”: além de a “máxima” ser eficaz no que diz respeito à composição de imagens fotográficas, ela também pode ser aplicada quando se lida com equipamentos fotográficos. É que ao sair para fotografar, a tendência é levar toda a “tralha” à disposição, pois nunca se sabe o que haverá para ser registrado durante uma saída fotográfica. Assim, não raro, levamos três lentes: uma grande angular (para fotos de paisagens, de amplidões), uma macro (para fotos de insetos e de outros assuntos pequenos) e uma tele (para fotos de aves e de pássaros). (Há outros tipos de lentes.)

Não há nada de errado, é claro, em se levar todos os brinquedos para um passeio fotográfico. Só que, de vez em quando, como exercício, como prática, como treino da criatividade, é bom sair com apenas uma lente, não importa qual. Fotografo há um bom tempo, mas até hoje faço isso. A ideia é se virar com o que temos... em mãos, é fazer o melhor do que tivermos decidido levar para a saída fotográfica. Como consequência, podemos não ter a oportunidade para fazermos determinado tipo de foto; se estou, por exemplo, com uma grande angular, não terei a chance de fotografar, com satisfatória proximidade, um bem-te-vi perseguindo, no céu, um tucano. Contudo, a questão não é ficar nos lamentando por causa das imagens que poderiam ter sido trazidas à tona com as outras lentes, mas, sim, criar a partir da lente que tivermos decidido levar.

A foto desta postagem foi tirada nesse astral. O registro foi realizado com uma lente 18-135 acoplada numa Canon EOS 70D. É uma lente cuja extensão focal atende bem em situações do dia a dia. A fim de praticar o preceito sobre o qual discorro neste texto, é muito frequente eu sair levando somente a 18-135. Todavia, a vida pode trazer o imponderável, o improvável, o imprevisível. Eu não sairia de casa com uma 18-135 pensando em fotografar uma ave durante o voo — pelo menos não com a intenção de fazer com que a ave ocupasse boa parte do quadro fotográfico. Mesmo assim, como o urubu ainda estava não muito longe do chão, como ele ainda estava ganhando os céus, foi possível uma certa proximidade, mesmo com uma lente não indicada para tais ocasiões. A foto foi tirada hoje, enquanto eu ia para o trabalho. 

DE MENTIRINHA E DE VERDADE

Se algum dia eu te der
todo o prazer que quero te dar, 
ou te mato de prazer
ou morro de prazer.

Vamos fazer amor de verdade
e morrer de mentirinha?