[Se você ainda não assistiu ao vídeo incorporado nesta postagem, assista-o antes de ler o texto abaixo.]
Comentários no Youtube dão conta de que havia rede de proteção entre os caminhões (o que não tira o mérito da realização), ou de que o filme teria sido feito com os veículos se locomovendo para frente, e não em marcha a ré, como parecem estar: na edição, teriam rodado o filme ao contrário, para dar a impressão de que o ator belga Jean-Claude Van Damme faz a abertura, quando, na verdade, de acordo com os que acham que o filme foi rodado ao contrário, as pernas teriam sido fechadas. Houve quem disse, também nos comentários do Youtube, que isso seria igualmente notável, alegando que o movimento de ter as pernas unidas exigiria de Van Damme mais força física ainda do que a necessária para abri-las.
Os que advogam que os caminhões estavam realmente em marcha a ré dizem que os motoristas conferem os retrovisores o tempo todo. Isso, entretanto, não prova que eles estavam de fato realizando movimento de recuo. Poderiam estar indo para a frente, com a cabeça virada para os retrovisores, mas, de esguelha, olhando para frente. Se estavam na verdade dando marcha a ré, o feito deles é admirável.
À parte quaisquer truques de edição que possam ter sido usados, é inegável o impacto que o vídeo causa. Quando o assisti pela primeira vez, não tive a impressão de algum truque de edição (mas estou ciente de que várias artimanhas podem ter sido utilizadas). Fiquei, sim, impressionado com as façanhas do ator e dos motoristas, sem falar do “susto” que levamos quando nos damos conta de que os caminhões estão em marcha a ré (ou pelo menos aparentam estar).
À parte racionalizações bobas, o barato é curtir o vídeo, que é um baita acerto dos marqueteiros contratados pela Volvo. Eu me envolvi, tendo-o assistido diversas vezes, reparando em vários detalhes. Há um astral de filmes de ação (a presença de Van Damme, é claro, intensifica isso). A sintonia e a interação entre motoristas (com seus auxiliares) e ator são impecáveis, passando a energia de um bonito trabalho em equipe; segundos que comportam anos de treinos e de experiência, a despeito de toda a tecnologia dos caminhões — o que o anúncio, afinal, quer vender. Fico pensando ainda no time dos bastidores, realizando, suponho, comunicações via rádio com os condutores e os seus ajudantes.
O enquadramento escolhido é uma aula de composição: no começo, o horizonte, com o topo dos caminhões praticamente no mesmo alinhamento em que ele está, ocupa um pouco mais de dois terços do quadro, com o Sol à esquerda, também seguindo a regra dos terços. Nos últimos dez segundos, tem-se uma relação especular em relação aos momentos iniciais. O horizonte, então, passa a ocupar o terço inferior do quadro, com o Sol à direita.
A canção de fundo é “Only time”, cantada pela Enya. Em comentários postados no Youtube, houve quem reclamou da escolha. A trilha não me incomodou, mesmo eu não sendo um fã da cantora. O diretor do comercial é Andreas Nilsson. Segundo a ficha técnica, a peça foi realizada na Espanha, no momento em que o Sol estava nascendo. Ainda de acordo com o divulgado, o filme foi rodado numa só tomada.