quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O MARCADOR

Passei muitos anos cheio de mesuras, recusando-me a marcar meus livros. Para ter acesso mais rápido a trechos que eu curtia, eu os datilografava. (Se algum jovem ler este texto, que consulte na internet sobre datilografia.)

Veio o dia em que perdi os escrúpulos; desde então, tenho marcado os trechos de que gosto. Nessa história, as releituras são curiosas: não me arrependo dos trechos que marquei em leituras prévias, mas me surpreendo por não ter marcado tantos outros.

Isso ocorre com muita frequência quando releio Borges; quanto mais o releio, mais vou marcando as páginas. Que meus dias sejam numerosos; se forem, pressinto que acabarei marcando cada parágrafo e cada estrofe do portenho. 

MARINA É A DERROTADA

Independentemente de quem ganhe as eleições presidenciais, Marina Silva é a grande derrotada. Não somente por não ter avançado para o segundo turno. Luciana Genro também não avançou, mas deixa uma imagem positiva — pelo menos para aqueles que defendem pautas progressistas.

Não estou aqui decretando o fim da carreira política de Marina. Além do mais, boa parte dos eleitores não querem se informar ou se informam pelos mesmos poderosos meios, que, no futuro, podem abarcar novamente a candidatura dela.

Da subserviência a Malafaia à mendicância pelo apoio de Mark Ruffalo, Marina deixa estas eleições passando a imagem de alguém que é menor do que o cargo que estava disputando. O dano que suponho ter ficado na carreira política dela não seria menor, presumo, se ela estivesse apoiando Dilma.

Qualquer político, e isto é inevitável, está atrelado a uma série de interesses. Ao lidar com eles, a candidata do PSB acabaria numa teia de contradições que negava as causas outrora defendidas por ela. Ao querer servir a vários senhores, deixou a imagem ruim de quem não é senhora de si. Mas trata-se de política: a derrota pode ser momentânea. 

ZODÍACO

Tudo são signos.
Sou de outubro.
Ela se abril.
Entrei e fiquei 
até o fim do ano. 

ATLÉTICO/MG ELIMINA O CORINTHIANS

Quando o Corinthians fez o primeiro gol, logo no começo do segundo tempo, vaticinei: o Atlético está fora. Ainda pensei: “Atlético e Cruzeiro são fregueses do Corinthians” (sou cruzeirense), principalmente quando há mata-mata. Meu vaticínio não se fez. Não há nada escrito com antecedência, não há nada perdido antes que o apito final soe. Também por isso o futebol ensina, também por isso o futebol é fascinante.