“Histórias de amor” (Liberal arts), de 2012, segue a linhagem de filmes que são simples em tudo. Isso, por si, não faz com que um filme seja bom nem com que ele seja ruim. A questão não é a simplicidade em si, mas o que se faz com ela. “Histórias de amor” é um filme saboroso.
Na versão do título em português, como é usual, escolheram algo que em teoria tenha apelo, que em teoria atraia. O título original é nome de curso oferecido nas universidades americanas. É algo parecido com o curso de Letras aqui no Brasil.
Josh Radnor é diretor, roteirista e ator principal de “Histórias de amor”. Ele interpreta Jesse Fisher, morador de Nova York que volta a uma cidade do interior para conferir a festa de aposentadoria de ex-professor que tivera na faculdade.
É quando Fisher conhece Zibby (Elizabeth Olsen). “Conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer”. À medida que o tempo vai passando, Fisher sente que está se apaixonando por Zibby, sendo correspondido no sentimento que ele passa a nutrir.
Só que para Fisher há uma complicação: ele tem trinta e seis anos ou algo assim; ela tem dezenove ou algo assim. Ele não consegue deixar de encarar a diferença de idade como obstáculo a algo que possa haver entre os dois; a cena em que ele pega lápis e papel para calcular a idade que um e outro teriam ao longo do tempo é hilariante.
Paralelamente, acompanhamos a convivência de Fisher com Peter Hoberg (Richard Jenkins), o ex-professor dele, e com Judith Fairfield (Allison Janney), ex-professora dele. Há ainda encontros com Dean (John Magaro) e com Nat (Zac Efron). Em Nova York, os diálogos são com Ana (Elizabeth Reaser), que trabalha numa livraria.
Este é um dos pontos muito legais no filme: a convivência com livros. Fisher é leitor incansável. São várias as cenas em que ele tem nas mãos algum livro. Com Zibby, ele conversa sobre livros (acabam se desentendendo numa discussão sobre uma dessas histórias juvenis sobre vampiros). Também com Ana, na qual ele mal reparava, ele acaba descobrindo a possibilidade de se falar sobre livros.
“Histórias de amor” não quer redimir a humanidade nem passar aos espectadores alguma verdade quintessencial. Não opta pelo drama nem por um humor desbragado. Sem ser pesado, convida à reflexão; sem ser comédia pastelão, faz rir.