1
Há uns quinze anos, entrei em uma loja para comprar um equipamento de som. Já na hora do pagamento, a gerente, que eu já conhecia, inicia com o vendedor um teatrinho:
— Uai, Fulano, você tem certeza de que o preço tá certo? Tá muito barato, não?
O vendedor, já devidamente amestrado pelos empreendedores, cumpre o papel dele exigido: maneja alguns papéis, finge estar consultando tabelas; por fim, diz à gerente:
— Conferi aqui; o preço é esse mesmo.
Quase pedi aos dois que parassem com aquele teatro fajuto, pois eu levaria o equipamento de som. Além do mais, por eu já conhecer a gerente, não esperava aquela atitude vindo dela. Levei o som. Nunca mais voltei à loja.
2
Hoje pela manhã, entrei em uma mercearia para comprar café, arroz e açúcar. O arroz era de marca desconhecida por mim. Ao perguntar a um rapaz se a marca era boa, ele pergunta para uma senhora, não sei se exercendo truquezinho de vendedor:
— Mãe, lá em casa a gente usa este arroz aqui, não é?
— Não. Lá em casa eu uso marca melhor.
Eu trouxe para casa o café e o açúcar. Mesmo não tendo trazido o arroz, a mercearia ganhou um cliente.