sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Springsteen on Broadway

Se você não é careta, se gosta de música, se gosta de rock, se gosta de Bruce Springsteen, se gosta de filosofia, se gosta de literatura, se gosta de teatro, se tem senso de humor, se sabe o que é amizade, assista a Springsteen on Broadway, disponível na Netflix.

Quando começo a me perguntar para que serve a vida, leio páginas de Borges ou de Choderlos de Laclos, escuto “‘Heroes’” ou “Gimme shelter”, pulo desvairado no chão aqui da sala ao som de “Lose yourself to dance” ou resgato Machado de Assis, revejo Um beijo roubado ou saio para fotografar.

Springsteen on Broadway nem havia terminado e eu já sabia que era uma dessas realizações que carregarei comigo. O espetáculo é trabalho de artista maduro, consciente de si, no domínio do que é capaz de realizar. É uma dessas coisas de que me valerei quando começar a me perguntar para que serve a vida. 

Exílio

Celebrar quando um cidadão, não importa quem ele seja, anuncia que deixará o país natal por estar sendo ameaçado é prova de falta de empatia e de burrice. É não perceber o perigo que há quando um cidadão é ameaçado devido a seu democrático posicionamento político. Comemorar o exílio de alguém quando esse alguém está ciente de risco de morte é desumano, é não entender a erosão da democracia, é não entender o que são as regras informais da convivência e da política; é recusar-se à civilidade. Há quem prefira coadunar com atrocidades; sabemos que não há pessoas assim no Brasil. 

Crenças

Há quem acredite
em Terra plana,
em goiabeiras divinas,
em milicianos,
em torturadores,
em quem barra informações,
em quem libera toxinas,
em quem derruba árvores,
em quem inventa ameaça de comunismo,
em quem faz vários depósitos em poucos minutos,
em quem acoberta garoto de quarenta anos...

Eu acredito em contos de fada. 

Coletiva

O economista: cansado?
O diplomata: cansado?
O ex-juiz: cansado?
O miliciano: cansado?