O Flow tem o que a maioria dos “podcasts” ou dos canais de “youtubers” têm: pessoas sem preparo, seja em que aspecto for, que fazem piadinhas (sem graça) e usam a informalidade para camuflar a falta de conhecimento. Sem leitura, sem preparo e sem maturidade, investem em tecnologia e em apuro técnico (boa captação de áudio e de vídeo), não se preocupando em cuidar do mais importante: ideias a favor da vida em comunidade e do conhecimento.
Uma das manhas de quem é despreparado é se esconder por trás de um suposto humor e de uma duvidosa informalidade. Ri-se muito, fazem-se muitos gracejos, mas, na maioria das vezes, esses gracejos mais constrangem do que divertem. A razão é que esses bobos inconsequentes não têm estofo, não têm lastro; são uma legião de imaturos. São incapazes de falar seriamente; não entendem que a vida não é feita somente de gracejos imbecis.
Na tentativa de não perder a galinha que dá aos chamados produtores de conteúdo muito ouro, o Flow convidou o professor André Lajst para que ele explicasse o que todo mundo sabe: defender nazismo é defender assassinato, não somente de judeus. A conversa com o professor escancara o que boa parte dos “podcasts” e dos canais de “youtubers” é, mesmo quando feitos por gente que já era famosa em outros meios: diversão de moleques.
O Flow, dentre tantos, nada mais é do que a expressão de uma profunda incapacidade de comprometimento. A internet está cheia de “influencers” que dizem ter o tom e o dom de uma conversa de boteco, mas eles não entendem haver momentos em que a seriedade é o único tom viável, pela simples obviedade de que há assuntos sérios, não entendem que seriedade não implica caretice, não entendem que o boteco pode ser lugar de conversa densa.
Esses “meninos” querem ser espirituosos, mas não têm uma gota de carisma nem se preocupam em conquistá-lo, pois já supõem tê-lo; não se preocupam em se (in)formar a partir de sólida trajetória de leitura e de constante preocupação com o ato de aprender. São crescidinhos, bancados por gente poderosa, mas quando diante de um adulto bem (in)formado, revelam a fragilidade de uma criança mimada.