É muito instigante observar a paixão quando ela começa. Não me refiro ao impacto que a beleza de alguém pode causar em nós. Esse impacto pode vir a ser paixão, mas paixão ainda não é. Nela, há um clique inicial, que nem precisa ser forte. Algo nos capta a atenção; pode ser a aparência da pessoa, pode ser um talento que ela tem, pode ser a voz, pode ser o modo como ela se comporta... Pode ser isso tudo.
A paixão tem íntima conexão com a imaginação. A princípio, a gente se apaixona muito mais pela ideia que fazemos da pessoa do que pela pessoa em si. Essa fase revela mais o que somos e menos o que o outro é. Caso se tenha a chance de relacionamento com a pessoa que passou a mexer com nossa imaginação, passamos a ter referências mais reais para o mosaico que vamos construindo à medida que estamos apaixonados.
A partir das peças desse mosaico, vamos tentando compor uma imagem mais concreta da pessoa pela qual estamos apaixonados. Depois do clique inicial, passamos a reparar nela. De ouvidos aguçados e com olhares concentrados, o outro toma conta da atenção. Quando ele não está por perto, o pensamento revive os encontros havidos.
A partir das peças desse mosaico, vamos tentando compor uma imagem mais concreta da pessoa pela qual estamos apaixonados. Depois do clique inicial, passamos a reparar nela. De ouvidos aguçados e com olhares concentrados, o outro toma conta da atenção. Quando ele não está por perto, o pensamento revive os encontros havidos.
Não demora muito para que passemos a ver a pessoa como um todo. Não um todo com o qual já estamos familiarizados, mas um todo que deixamos de fatiar. Quer-se a pessoa pelos talentos que ela tem? Também por eles. Pela beleza que ela tem? Também por ela. Pelo espirituoso senso de humor? Também por ele.
Mas há sempre algo que nos escapa, que nos parece indefinível, intocável, inefável. Nem as partes nem o todo conseguem dar a exatidão dos motivos pelos quais nos apaixonamos por alguém. É por causa de algo que está em nós e por causa de algo que está na outra pessoa. É por causa de coisas visíveis, palpáveis, mas há motivos ou coisas aos quais não conseguimos ter acesso. Paira sempre uma imprecisão.
Apaixona-se pela beleza, mas a pessoa não precisa ser a mais bela do planeta (ela passa a ser a mais bela no nosso planeta). Apaixona-se pelo talento, mas a pessoa não precisa ser um gênio. Apaixona-se pelo senso de humor, mas um terceiro poderia achar esse senso de humor... sem graça.
Dizemos com frequência que nos apaixonamos pelo jeito da pessoa. Isso que a gente chama de jeito da pessoa compreende tudo o que ela é para nós. Se após o clique inicial, que pode ocorrer depois de termos visto alguém pela primeira vez, somos correspondidos ou temos a chance de demonstrar nossa paixão inicial, pode ser que haja amor à vista. Mas isso é outra história.