terça-feira, 21 de março de 2017

Convivência

Quando o poema emperra,
não insisto.
Não insistir 
não é largar o poema.
Posso ir à padaria,
tomar banho,
escutar música.
Não acabado,
o poema está comigo.
Eu o rumino,
finjo que não penso nele,
faço de contas que o esqueci.
Se houver acordo, 
o poema será material.
Se não, um aperto de mãos.
Acharei outras palavras.
Ele achará outro escrevente. 

Dois

Eu sou um corpo que ama.
Tu és um corpo que ama.
Quando meu corpo te ama,
quando teu corpo me ama,
somos um corpo que ama. 

M, s, c, n, p, f

Mudou uma letra.
Da morte, 
fez a sorte.
Mudou de novo:
fez a corte,
fez o corte.
Foi quando 
mudou-se:
foi para
o norte.
E lá,
com porte,
tornou-se
forte. 

Matemática amorosa

666.
999.

69.
69.
69. 

Ao vivo

Para a musa, 
poesia ao vivo.

Para a musa, 
vivo poesia.

Para a musa,
viva a poesia.

Para a musa,
vive a poesia.

A musa para:
poesia viva. 

Já leu meu novo livro?...