Caio Ribeiro é um bibelozinho da Globo. Esse rapaz já foi longe; com seu bom-mocismo asséptico, monótono e servil, tem tudo o que é necessário para ir mais longe ainda. Sobre o berro do Sheik de que a CBF é “uma vergonha”, o comentarista global disse que é preciso “ter respeito à hierarquia, por mais que você não concorde”. Caio sabe não somente o que é o respeito: ele sabe também o que é a vassalagem. O Cazuza cantou: “Na moda da nova idade média / Na mídia da novidade média”.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
O LACAIO DA GLOBO
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UM LUGAR
“Como todo possuidor de uma biblioteca, Aureliano se sabia culpado de não conhecê-la até o fim”. Esse Aureliano não pertence à estirpe dos Buendía, mas à imaginação do Borges. Ademais, não importa se é Macondo, não importa se é um ponto numa casa em Buenos Aires ou se é uma calçada em Joinville. São lugares. E o que há num lugar? “O que há num nome?”.
CONTO 70
Pedro Martins havia chamado Lauro Silva para um duelo. Mal
acabara de dizer as palavras desafiadoras, arrependera-se. Enquanto a vida de
Lauro ia embora no sangue que lhe saía farto da garganta, Pedro pediu desculpas
para o oponente, não pelo balaço desferido, mas pelo medo que tinha em si
quando pressionara o gatilho.
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"COMPRE! COMPRE! COMPRE!"
Sempre digo que o H.G. Wells foi o inventor da publicidade e da propaganda. Digo isso por causa do livro “Tono-Bungay”, que é de 1909. Nele, Wells narra maracutaias de um comerciante na divulgação de elixir que não passa de panaceia. Há diálogos do livro que poderiam estar na boca de qualquer publicitário dos dias de hoje.
Questões políticas são discutidas, bem como os hábitos da sociedade inglesa da época. Mesmo assim, principalmente no primeiro terço do livro, é muito bom acompanhar Edward Ponderevo, o fabricante do Tono-Bungay, expressando a falta de escrúpulos quando se trata de divulgar seu “remédio”.
É óbvio que a publicidade e a propaganda estavam, quando o livro foi publicado, longe dos recursos técnicos de que dispõem hoje; incipientes, não tinham ainda a nomenclatura atual. “Tono Bungay” é rico por mostrar que há cem anos a mentira e o dolo já estavam presentes na imagem que se divulgava de um produto. Não é de hoje que vendem para nós a ideia de que comprar é a redenção para as tragédias que continuam inventando para nós. A cura está sempre numa mercadoria ou num serviço.
A edição que tenho foi publicada pela Francisco Alves; é de 1990. A tradução é de Maria Elizabeth Padilha; Gian Calvi foi o responsável pela capa, que, em bela ideia, foi concebida como se ela, a capa, já fosse um anúncio do Tono-Bungay.
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