Há ocasiões em que não há espaço para o improviso, o descompromisso, o achar que as coisas vão se resolver a partir de um jeitinho, de um drible. O futebol brasileiro insiste em negar essa evidência, a despeito do sete a um na Copa aqui realizada.
O jogo entre Real Madrid e Grêmio, terminado há pouco, jogou luz mais uma vez sobre o quanto nosso futebol está distante do profissionalismo do futebol europeu. A culpa disso é dos nossos cartolas e do espírito improvisador do brasileiro, o qual acha que tudo resolver-se-á a partir da genialidade, que é rara e não anula a necessidade de treino, disciplina e profissionalismo.
Durante a partida, o próprio locutor do Fox Sports ficou clamando por um lance de genialidade. O brasileiro como um todo e o futebol aqui praticado precisam aprender que esse negócio de genialidade, no futebol de hoje, não se fará sem rigor, concentração e seriedade.
Como somos um povo que não vai assumir esse compromisso, teremos em campo o que houve há pouco no jogo entre Grêmio e Real Madrid. Mesmo disputando um torneio para o qual não dão importância, e que o Grêmio considerava essencial, a equipe espanhola ganhou com facilidade do time brasileiro. Os europeus nem tiveram de se esforçar para chegarem à vitória.
O primeiro tempo foi monótono. No segundo, Cristiano Ronaldo bateu falta que passou no meio da barreira e foi parar dentro do gol. Houvesse para o Grêmio a mesma desimportância que o jogo tinha para o Real Madrid, a derrota seria menos sintomática do modo amador como nosso futebol é gerido. Mesmo as equipes tendo entrado em campo com atitudes tão distintas, o Real Madrid passeou enquanto o Grêmio escancarou o fiasco de nosso jeitinho, despreparo e incompetência. Mas não será isso que vai nos livrar de nossa atávica empáfia e de nossa perigosa ilusão quanto a nossos talentos.