Preste atenção: pare de ler este texto a-go-ra e vá assistir a “Histórias cruzadas” [The help, 2011], do diretor Tate Taylor, que também é o autor do roteiro. O filme é baseado no livro “The help”, de Kathryn Stockett.
Emma Stone é Skeeter Phelan, uma jovem de vinte e poucos anos que sonha em ser escritora. Voltando da faculdade, a princípio descola emprego para redigir uma seção sobre dicas culinárias num pequeno jornal na pequena Jackson, Mississippi, no começo da década de 60.
É quando decide contar em livro a história dos negros, em especial das empregadas domésticas negras, da cidade em que vivia. Para sua história, Skeeter quer saber o que elas têm a dizer sobre o contexto de racismo insano e desumano com que conviviam no dia a dia.
A princípio, convence Aibileen Clark (Viola Davis) a contar sua história. Depois, Minny Jackson (Octavia Spencer) também decide relatar sua experiência a Skeeter. Mas a editora em potencial do livro quer mais depoimentos...
Tate Taylor fez um trabalho primoroso na direção e no roteiro. Além disso, os estupendos talentos de Viola Davis e de Octavia Spencer conferem ao filme interpretações que acertam no tom: elas não pecam pelo excesso (que poderia levar à pieguice) nem pela frieza (que poderia não dar a dimensão do quanto suas personagens sofrem).
Sem cair em maniqueísmos bobos, “Histórias cruzadas” aborda a nevrálgica questão do preconceito racial, com suas contradições e abusos. Ainda assim, a despeito da realidade barra-pesada que retrata, há espaço para a poesia e para o humor.
A gente fica melhor depois de assistir a algo como “Histórias cruzadas”. Reitero: se eu fosse você, abandonava de uma vez por todas e para sempre este texto e saía agora em disparada, triunfante, libertadora e catártica carreira em busca do filme. Enquanto isso, deixem-me correr atrás do livro de Kathryn Stockett.