Ela não sabe,
mas olho minha cidade.
Coitadinha da minha cidade,
que amo/odeio
como quem
odeia/ama
aquilo que é
qualquer coisa
mas que nunca
é indiferença.
Tadinha:
tão chinfrim,
bairrista,
pequena,
pobre de livros
e farta em
donos.
É menor do
que pensa.
É maior
do que se supõe.
Ah, minha cidade,
que insiste em
não assumir
que não é conhecida
e se esquece
daquele mecânico
que sabe
de cor e salteado
os buracos
que dribla no
caminho para
o trabalho.
Minha cidade não é
o milho, não é a festa.
Minha cidade é aquele
padeiro que guardou a foto
da casa que ficava
na esquina e hoje é vitrine.
Tenho dó
da minha cidade,
que sonha em ser Paris.
Amo minha cidade,
que nem sonha ser musa.