quarta-feira, 14 de março de 2012

PATOTA

Ela não sabe,
mas olho minha cidade.

Coitadinha da minha cidade,
que amo/odeio
como quem
odeia/ama
aquilo que é
qualquer coisa
mas que nunca
é indiferença.

Tadinha:
tão chinfrim,
bairrista,
pequena,
pobre de livros
e farta em
donos.

É menor do
que pensa.
É maior
do que se supõe.

Ah, minha cidade,
que insiste em
não assumir
que não é conhecida
e se esquece
daquele mecânico
que sabe
de cor e salteado
os buracos
que dribla no
caminho para
o trabalho.

Minha cidade não é
o milho, não é a festa.
Minha cidade é aquele
padeiro que guardou a foto
da casa que ficava
na esquina e hoje é vitrine.

Tenho dó
da minha cidade,
que sonha em ser Paris.
Amo minha cidade,
que nem sonha ser musa.