sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Teclas

Sem pudicícia,
a mão assassina
elege milícia.

Com astúcia, 
a mão assassina
elege a súcia. 

Desavergonhada, 
a mão assassina 
elege a porrada.
 
Da ribalta,
a mão assassina 
elege a malta.
 
Como serva,
a mão assassina
elege a caterva. 

Do pódio, 
a mão assassina
elege o ódio.

Com alarde,
a mão assassina 
elege o covarde. 

Sem pudor, 
a mão assassina 
elege torturador. 

Com descaramento,
a mão assassina elege
o desmatamento. 

Com arrogância, 
a mão assassina elege 
a ignorância. 

Com sandice,
a mão assassina elege 
a burrice. 

Primeiras-damas

 Marcela:
“Bela, recatada e do lar”.

Michelle:
bela, recatada e dólar. 

Jornada

É preciso aprender, seja o que for, não somente para que confirmemos que sabemos pouco demais e o quanto somos pequenos; sim, somos minúsculos, mas, ao mesmo tempo, somos parte de toda a complexidade do Universo. O reconhecimento da pequenez, em saboroso paradoxo, traz maravilhamento ou encantamento. Ou deveria trazer. É que o outro lado da moeda do reconhecimento da pequenez é a ciência do quanto o que está fora (ou dentro) de nós é sutil, intrincado. Aquele que não quer aprender ou aquele que não se maravilha já está meio morto. Ou menos vivo.