No geral, o brasileiro não sabe separar o torcedor de futebol do eleitor. No futebol, muitas das vezes, a pessoalidade e a paixão fazem com que qualquer vestígio de razão se evapore. O mesmo se dá na política.
O futebol tem interesses espúrios de que o torcedor nem se dá conta. A política, idem. Ingenuamente, fica-se postando em redes sociais truísmos do tipo “se você é contra a corrupção, compartilhe”.
Ora, são raros os cidadãos que assumiriam serem a favor da corrupção, ainda que a pratiquem. Não é compartilhando obviedades no Facebook que se muda um país. Não é se comportando na política como um torcedor de futebol que se muda uma cidade.
Como um todo, o brasileiro não analisa: rosna, seja defendendo o candidato “x”, seja atacando o candidato “y”. Exemplo disso tivemos hoje aqui na Terra dos Patos de Minas, durante votação na Câmara Municipal.
O plenário estava lotado. Um extraterrestre poderia supor se tratar de melhora na participação popular dos terráqueos em questões políticas. Mas logo, logo esse extraterrestre perceberia que a lotação no plenário não era muito diferente da lotação em um estádio de futebol.
Perde, como é usual, a cidade. Não somente pelo comportamento primitivo dos eleitores, mas também pelo fato de a denúncia contra o prefeito local ter sido arquivada. Há tempos, fala-se, por aqui, em uma terceira via política que fugisse das duas que governam o município.
Eu gostaria demais de uma terceira e genuína possibilidade, mas não sou otimista. As últimas eleições para prefeito mostraram que o estádio esteve lotado de velhos e jovens torcedores dispostos a assistir ao mesmo futebol, sempre vociferando, num jogo em que qualquer coisa que se pareça com política de verdade é o que sai perdendo.