quinta-feira, 10 de outubro de 2013

POLÍTICA 0 x 0 FUTEBOL

No geral, o brasileiro não sabe separar o torcedor de futebol do eleitor. No futebol, muitas das vezes, a pessoalidade e a paixão fazem com que qualquer vestígio de razão se evapore. O mesmo se dá na política.

O futebol tem interesses espúrios de que o torcedor nem se dá conta. A política, idem. Ingenuamente, fica-se postando em redes sociais truísmos do tipo “se você é contra a corrupção, compartilhe”. 

Ora, são raros os cidadãos que assumiriam serem a favor da corrupção, ainda que a pratiquem. Não é compartilhando obviedades no Facebook que se muda um país. Não é se comportando na política como um torcedor de futebol que se muda uma cidade. 

Como um todo, o brasileiro não analisa: rosna, seja defendendo o candidato “x”, seja atacando o candidato “y”. Exemplo disso tivemos hoje aqui na Terra dos Patos de Minas, durante votação na Câmara Municipal.

O plenário estava lotado. Um extraterrestre poderia supor se tratar de melhora na participação popular dos terráqueos em questões políticas. Mas logo, logo esse extraterrestre perceberia que a lotação no plenário não era muito diferente da lotação em um estádio de futebol.

Perde, como é usual, a cidade. Não somente pelo comportamento primitivo dos eleitores, mas também pelo fato de a denúncia contra o prefeito local ter sido arquivada. Há tempos, fala-se, por aqui, em uma terceira via política que fugisse das duas que governam o município.

Eu gostaria demais de uma terceira e genuína possibilidade, mas não sou otimista. As últimas eleições para prefeito mostraram que o estádio esteve lotado de velhos e jovens torcedores dispostos a assistir ao mesmo futebol, sempre vociferando, num jogo em que qualquer coisa que se pareça com política de verdade é o que sai perdendo.

SEM OVO

Lições para a vida podem ser extraídas de qualquer coisa. Com o futebol não seria diferente. Ele também pode ensinar. 

O ditado popular diz que não se pode contar com o ovo no c... da galinha antes de ele ter dado as caras. Lição sábia e antiga. Não que ela seja sábia por ser antiga, pois nem todos os que são antigos são sábios.

Fiquei com a impressão de que o Willian, jogador do Cruzeiro, ao ver o gol escancarado diante de si, já contava com o ovo. Ou com o ouro, pois, reza a lenda, algumas galinhas o botam. O lance de Willian não teve ovo de colombo.

O jogador se justificou no intervalo: “No lance, cheguei muito rápido e tentei chutar forte. Como o campo está molhado, a bola tocou no tornozelo e foi na trave”. 

É claro que pode ter sido assim. Todavia, fiquei com a impressão, talvez injusta, de que antes mesmo de a bola se encontrar com a rede, o atleta pensou que já teria... botado para quebrar.