Neste momento, escuto “Paciência”, com o Lenine. O verso “a vida não para” fica em minha cabeça enquanto olho fotos antigas tiradas por mim. É que desde quando comecei a fotografar de modo mais intenso, tive hoje a mais reflexiva experiência. Geralmente, quando reflito sobre a fotografia, penso nela em si; não é comum eu me valer da fotografia para ponderar sobre a condição humana. Hoje, contudo, foi diferente.
No sábado, recebi convite para almoçar na casa de Dionathan, grande amigo. Numa das conversas, ele mencionou um amigo dele que morrera devido a tumor cerebral. Morte rápida. Tinha pouco mais de trinta anos. Era casado. Enquanto Dionathan falava, de repente me veio a impressão de que eu já havia fotografado o amigo dele (que tocava viola) durante show.
Ficou combinado então que eu conferiria se era mesmo o violeiro a pessoa fotografada por mim. Ainda conversando na tarde de sábado, falamos de uma prima do músico que viria a se suicidar muito jovem. Ela também era artista – lembro-me de vê-la cantando; houve uma época em que chegou a se apresentar acompanhada por meu irmão Edgard, que é tecladista.
Olhando as fotos, confirmei que o violeiro mencionado na conversa de sábado é o mesmo das imagens. Houve surpresa, entretanto: a prima do artista também está em duas das fotos. Registrei um evento no Teatro Municipal, aqui em Patos de Minas, no dia 25 de agosto de 2006. Numa das imagens, ela está na platéia. Era um show musical com canções caipiras. Durante o espetáculo, um ator interage e brinca com a platéia. Na outra foto, a jovem dança com ele.