domingo, 28 de fevereiro de 2016

Coisa que aprende

Aprender com a tempestade
e com o estio. 
Saber que livros ruins
ensinam também.
Aprende-se com o futebol 
e com a biologia. 
O breu e a luz, 
o silêncio e o grito, 
a folha em branco e um verso de Auden,
o tropeço e a cambalhota.

Em si, as coisas não ensinam.
Aprendo quando tento olhar 
para as coisas em si.
Mas sou coisa humana.
Coisa entre coisas,
não há como eu olhar para as coisas em si.
Aprendo quando olho
para as coisas em mim. 

A palavra de Henrique Fernandes

Tenho sérias ressalvas contra profissionais da comunicação que não sabem se... comunicar, seja pela imprecisão das ideias, seja pelo uso claudicante do português. Não me refiro à questão de soar formal ou informal (a informalidade pode ser clara e bela), mas à questão de não conseguir se expressar de maneira a transmitir o que se quer de modo exato, coeso.

Acompanho com atenção transmissões esportivas, tanto pelo rádio quanto pela TV. Nas TVs, principalmente as que têm chancela da Globo, é comum que haja ex-jogadores fazendo as vezes de comentaristas. Não só pelo que mencionei no parágrafo anterior, geralmente são muito ruins. Isso não quer dizer que não possa haver ex-jogador que comente bem.

Dentre os comentaristas que tenho acompanhado, o alento tem sido o Henrique Fernandes (salvo engano, ele não é ex-jogador), que comenta os jogos dos times mineiros nas transmissões do Premiere. O profissional tem dicção perfeita, vocabulário amplo, preciso; tem ainda conhecimento técnico do esporte que comenta. Fala sem titubear, acha o termo exato, expressa-se com assertividade sem soar pedante. Uma pérola em meio ao que tenho escutado.