quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"A TROCA"

Assim que puder, corra para assistir ao filme “A troca” (Changeling, 2008). Angelina Jolie interpreta Christine Collins, mãe de Walter Collins, que, em 1928, desaparece de casa, depois de a mãe ter saído para trabalhar. A direção é de Clint Eastwood.

Constatado o sumiço do filho, a mãe inicia uma longa e tenaz busca. Em certo momento, um misterioso garoto é levado até ela pela polícia. Assim que o vê, Christine vai logo declarando que a polícia achara o garoto errado. Christine nega que o menino seja o filho dela, mesmo com a afirmação da criança de que ela era, sim, Walter Collins.

Uma tensão crescente vai tomando conta. Mesmo inconformada, Christine leva o garoto para casa. Ela tem certeza de que ele não é o filho dela. Procura a polícia inúmeras vezes, implorando para que a busca por seu filho continuasse. A polícia se nega a prosseguir com os trabalhos e dá o caso por encerrado.

Ainda assim, Christine insiste. Tanto insiste, apesar de já ter sido acusada de ser uma péssima mãe, que acaba sendo confinada a um hospício. A partir desse ponto, sem abandonar o problema inicial, que é o desaparecimento de Walter Collins, o filme toca também noutra delicada questão: o tratamento dispensado a quem era considerado louco.

Logo na abertura, o espectador é avisado: trata-se de uma história real. De fato, somente a realidade conceberia um enredo tão incrível como o de “A troca”. Não consigo imaginar escritor ou roteirista capaz de conceber uma história tão improvável, espantosa, cruel e imprevisível. Da corrupção quase generalizada da polícia, passando por um hospício e por um assassino em série, o filme cavouca feridas e vespeiros o tempo todo.

Parece-me útil comentar o título original – “The changeling”. A palavra changeling, no inglês, tanto pode significar sub-reptícia ou inadvertidamente trocar uma criança por outra quanto, no folclore, troca feita, pelas fadas, de uma criança bela e terna por uma feia, estúpida ou estranha. Por fim, changeling é termo usado na filatelia, significando alteração feita, acidental ou propositadamente, nos tons das cores de um selo por intermédio de processos químicos.