segunda-feira, 29 de junho de 2015

O PAÍS DO FUTEBOLZINHO

Relevem o truísmo: o tempo passa, as coisas mudam. Não importa se melhoram nem se pioram. Elas mudam. Fiquemos, por ora, assim. O futebol mudou. Se melhorou ou se piorou, não é o que argumento. O que afirmo é mais um truísmo: o futebol de hoje não é o mesmo, por exemplo, de há vinte anos.

Não me refiro às maracutaias. A prisão de alguns figurões da Fifa não é dedetização forte o bastante para que haja limpeza na entidade e em seus tentáculos. Contudo, sejamos esperançosos; que sejam as prisões realizadas recentemente o chute inicial para se banir a podridão.

Apesar dos esquemas escusos dos que comandam o futebol, o esporte mudou dentro de campo. O fiasco do ludopédio praticado aqui é consequência de um jeito de praticar o esporte que se tornou obsoleto dentro de campo. O futebol europeu também é corrupto. A diferença entre o futebol deles e o nosso é a de que a corrupção deles não os impediu de, em campo, modificarem o modo como vinham jogando ao longo das décadas. O estrago da corrupção, em campo, é maior aqui.

Os sete gols da Alemanha no ano passado e a recente desclassificação na Copa América são sintomas visíveis de bastidores torpes. Isso não é ainda o que pode haver de pior. Chegará o dia em que a seleção da CBF não vai se classificar para uma Copa do Mundo. Chegará o dia em que os grandes clubes brasileiros vão apresentar um futebol mais chinfrim do que o que temos presenciado.

Ao lamaçal da Fifa e da CBF, junte-se nossa congênita falta de disciplina. Depois de não ter mais como piorar, o futebol brasileiro terá de assumir que não mais basta a genialidade de um ou de outro para que haja conquistas. Ainda que exista, no futuro, uma limpeza na corrupção da CBF, dentro de campo não haverá mudança se técnicos e jogadores não perceberem que futebol também se estuda, que futebol exige concentração e disciplina.

Além do mais, alguns jogadores têm na seleção brasileira uma apatia que não têm em clubes europeus. Não me deparo com isso quando assisto a jogos de outras seleções sul-americanas. Aliás, salvo estarem fazendo um teatrinho, o que confiro são seleções se doando em campo, a despeito da corrupção que existe também nas federações futebolísticas desses países. Não há nelas a preguiça e o tipo arrogante que caracteriza o time da CBF.