O ímpeto que me levou à luz me trouxe a escuridão.
Eu percorro claridades sem me esquecer do que
ensinam as noites sem cidades e sem luas.
Insurjo-me contra o que não brilha e contra
aquilo que não aprendeu a ser escuro pleno.
A luz que ofusca, o breu que impede a visão.
Eu cortejo os dois, eu os misturo em amálgama,
alquimia poderosa feita de pulso selvagem e ato.
Componho cantos para a luz de minha casa,
eu teço odes para a escuridão onde moro.
Não saio para a luz sem levar meu escuro.
Não entro no escuro sem acender minha luz.