Seria muito bom se a população daqui não desse a Temer a chance de ele fazer o que em tese fará depois de pousar em Patos de Minas. Há dias, em São Paulo, ele foi expulso do lugar onde estavam os destroços de um prédio que havia ruído. Creio que o episódio teria descambado para a violência tivesse o presidente insistido em ficar por lá.
Temer não será expulso daqui. Não por não haver pessoas insatisfeitas com ele, mas porque a cidade é pequena. O número de pessoas insatisfeitas — e que estariam dispostas a bolar algo sem violência e com criatividade para impedir a presença temeriana por aqui é pequeno. Em termos percentuais, esse número, suspeito, não variaria muito de um lugar para outro, só que num grande centro esse percentual é o bastante para compor um volume maior do que o que há em cidades pequenas.
Além do mais, em São Paulo, ele foi expulso não por uma ação orquestrada, mas pelo clamor espontâneo dos populares que estavam por perto no momento. A visita a Patos de Minas já foi anunciada. O que vai ficar é o registro dos sabujos. Há deles em todos os lugares, mas em cidades pequenas consegue-se com mais facilidade amplificar a voz dos bajuladores e abafar a dos indignados.
Expulsá-lo com elegância e com inteligência não seria indelicadeza; “indelicadeza” é o que ele faz quando trabalha. Seria belo se todos o ignorassem em plenitude, mas isso não vai ocorrer. Há quem seja obrigado a participar do teatro e há quem faça questão de subir no palco mesmo sem ter sido convidado.