sexta-feira, 11 de abril de 2014

APONTAMENTO 200

A gente serve para alguma coisa. A gente pode até não saber para quê, mas serve. A gente ensina sem querer, inspira sem querer. Não importa se não sabemos para que servimos. Basta que saibamos que servimos. Sem querer, a gente altera a vida de alguém. Não sabemos como o outro vai receber o que somos, o que fazemos. A gente não pode é ficar parado. Quando a gente se mexe, a gente serve para a gente mesmo, a gente serve para os outros. Dê uma nota no contrabaixo. Ou convide para um café. Ou dê um abraço. Isso vai ficar na memória de alguém. Eu sirvo para alguma coisa. Você serve para alguma coisa. A gente se serve. A gente serve para um monte de coisas. Nem sempre do modo como planejado. Mas serventia inesperada é tão bonita quanto serventia planejada. O que a gente fez serve para algo. O que a gente faz. O que a gente fará. Nós somos uma só aventura. O que temos para fazer hoje à noite? 

CASA

Minha casa fica do outro lado do oceano.
Tenho muita saudade dela, sem nunca ter ido lá.
Lá é que estão minha gente e meus genes.
É lá que estão meu ritmo, meu chão, minhas árvores.
Nunca voltei para casa.
Sou tribal, sou básico, sou um desterrado.
Quero andar descalço na terra.
Quero me sentir em casa.
Quero ser o bicho que sou.
Quero ficar à vontade.
Quero ser simples como alguém que abre a porta de sua casa.
Minhas raízes, meu gênese.
Sou um velho que sabe que recomeçar é nascer.
O céu da África há de me dar a luz e a escuridão.