Na postagem anterior, eu disse que estava procurando um modo de zombar do “bela, recatada e do lar”. O vídeo desta postagem é a ironia que faço com relação ao texto da Veja. Repito: trata-se de ironia.
quinta-feira, 21 de abril de 2016
"Bela, recatada e do lar" (parte 2)
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"Bela, recatada e do lar"
Tentei achar um modo de zombar do ridículo “bela, recatada e do lar”, perpetrado pela não menos ridícula Veja. Como não consegui, posto o trecho abaixo, extraído do livro “O poder dos quietos”, de Susan Cain. Publicado pela Agir, tem tradução de Ana Carolina Bento Ribeiro. No excerto, conta-se episódio ocorrido com Rosa Parks. Ela não é o tipo de mulher que a Veja quer, mas é o tipo de pessoa que torna o mundo um lugar menos ruim.
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“Montgomery, Alabama, Estados Unidos. Primeiro de dezembro de 1955. Começo da noite. Um ônibus para no ponto e uma mulher em seus quarenta anos cuidadosamente vestida sobe nele. Ela anda de coluna ereta, apesar de ter passado o dia inclinada sobre uma tábua de passar em um sombrio porão da alfaiataria da loja de departamentos da cidade. Seus pés estão inchados, seus ombros doem. Ela se senta na primeira fileira de bancos reservada aos negros e assiste quieta ao ônibus encher-se de passageiros. Até que o motorista ordena que ela ceda o lugar a um branco.
“A mulher balbucia uma única palavra que deslancha um dos mais importantes protestos pelos direitos civis do século XX, uma palavra que ajuda os Estados Unidos a se tornarem melhores.
“A palavra é ‘não’.
“O motorista ameaça mandar prendê-la.
“— Você pode fazer isso — disse Rosa Parks.
“Um policial chega. Ele pergunta a Rosa por que ela não se levanta.
“— Por que vocês nos humilham? — respondeu ela, simplesmente.
“— Não sei — disse ele. — Mas a lei é a lei e você está presa”.
“Na tarde de seu julgamento e condenação por atentado à ordem pública, a Associação para o Desenvolvimento de Montgomery promoveu um protesto a favor de Rosa na Igreja Batista de Holt Street, na parte mais pobre da cidade. Cinco mil pessoas se reuniram para apoiar o solitário ato de coragem daquela mulher. Elas se espremeram dentro da igreja até que os bancos não fossem mais suficientes. O resto esperou pacientemente do lado de fora, ouvindo através de alto-falantes. O reverendo Martin Luther King Jr. dirigiu-se à multidão: ‘Chega uma hora em que as pessoas ficam cansadas de serem pisoteadas pelos pés de ferro da opressão. Chega uma hora em que as pessoas ficam cansadas de serem empurradas para fora do brilho do sol de julho e de serem abandonadas em meio ao penetrante frio de uma montanha em novembro’.
“Ele elogia a coragem de Rosa e a abraça. Ela fica de pé em silêncio; apenas sua presença é o bastante para animar a multidão. A associação lança na cidade um boicote aos ônibus que dura 381 dias. As pessoas enfrentam quilômetros para chegar ao trabalho. Elas pegam carona com estranhos. Elas mudam o curso da história dos Estados Unidos”.
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CAIN, Susan. O poder dos quietos: como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar. Tradução de Ana Carolina Bento Ribeiro. Rio de Janeiro. Agir. 2012. Páginas 1 e 2.
A história por trás da foto (91)
Esta foto é de 23 de janeiro de 2006. Eu a tirei no Parque
Municipal do Mocambo, aqui em Patos de Minas. Tenho poucas fotos de
martim-pescador. Fazer esta foi difícil. De onde eu estava, não era possível
fotografá-lo quando ele sobrevoava a superfície da água, provavelmente buscando
comida. Todavia, após o voo, ele voltava mais ou menos para o mesmo lugar. Pouco
a pouco, fui me aproximando desse lugar, na esperança de que o martim-pescador
não me visse.
O problema é que a área onde ele pousava depois da excursão
sobre as águas era cheia de matos, de arbustos, de pequenas árvores. Tive de ir
me esgueirando em meio a eles na tentativa de fazer a foto. Mesmo assim, quando
eu já estava a uma distância ideal para o registro, havia muita folhagem e
muitos galhos entre a lente e o martim-pescador. De qualquer modo, fiz algumas
fotos deste, que é um filhote.
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