“Viver é fácil com os olhos fechados” [Vivir es fácil con
los ojos cerrados], de 2013, do diretor David Trueba (que também escreveu o
roteiro), conta a história de um professor de inglês espanhol que parte em
viagem para conhecer John Lennon, que, na trama do filme, estava como ator, na
Espanha, participando de uma produção para o cinema. A película já cativa na
primeira sequência, em que Antonio, o professor de inglês, interpretado por
Javier Cámara, está debatendo com seus alunos a letra de “Help”, dos Beatles.
Em sua viagem para conhecer Lennon, Antonio dá carona para
Belén (Natalia de Molina) e Juanjo (Francesc Colomer). A princípio, Antonio não
sabe que eles, embora não se conhecessem antes de Antonio lhes oferecer carona,
estão fugindo de suas famílias. Juanjo, por não mais aturar as arbitrariedades
obtusas do pai; Belén, por estar grávida e querer esconder o fato da família.
A história se passa em 1966. Enquanto estão dentro do carro
de Antonio, os três personagens vão se conhecendo. Quando chegam ao sítio de
locação do filme de que John Lennon participa, Antonio, Belén e Juanjo já estão
mais à vontade uns com os outros. Nesse ponto do enredo, enquanto ficamos nos
perguntando se Antonio vai mesmo ter a oportunidade de se encontrar com Lennon,
ao mesmo tempo vamos acompanhando as emoções que vão aflorando com a
convivência dos três na pequena localidade que fica próxima ao local onde estão
ocorrendo as filmagens da produção de que John Lennon participa.
“Viver é fácil com os olhos fechados” faz parte
daquela linhagem de filmes sem grandes pretensões. Não tem a intenção de mudar
o mundo nem de deixar uma grande mensagem, seja lá o que isso for. É um filme
simples, um tributo à música (em especial a dos Beatles) e à amizade, sem
deixar de roçar as agruras da adolescência. E em caso de conferir o filme, não
deixe de assistir à cena final, que somente surge após os créditos. Atente-se
também para os morangos, sejam os que são consumidos, sejam os que estão
plantados.