segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

CONTO DE RÉVEILLON

No clube, contagem regressiva, réveillon. Fogos de artifício riscam e colorem o céu. Depois que terminam, boa parte dos presentes, com seu fogo e seu artifício, procura canto, toca, guardanapo, banheiro ou forro de mesa; outros não se preocupam em despistar o que querem. Os dedos ansiosos de todos vasculham celulares em busca de mensagem que possa ter chegado ou digitam com ânsia e afã aquela declaração louca que não se contém.

sábado, 29 de dezembro de 2012

NO TEMPO DOS FLERTES

A noite é cheia de flertes infrutíferos.
É deliciosa não pelos frutos, 
mas pelos flertes que suscita 
e pelos poetas de guardanapo que desperta. 
Promessa do que não se cumpre — 
e do que muitas vezes não quer se cumprir —, 
o flerte é gostoso em virtude do
olhar que convida para uma história
e da beleza do que se contempla.

2013

Que 2013 seja um ano... ímpar...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

FIM DO MUNDO

Os deuses não nos escutaram. 
Agora é tarde: temos um outro dia... 
Este reluzente dia que temos 
mais nos assusta que um opaco fim de mundo.
O que tememos, é estarmos aqui,
pois aqui estão nosso medo
e nossas tantas ignorâncias.
Hora de pensar num outro fim,
pois este não acabou conosco...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"PANNING"

Nesta imagem, usei, deliberadamente, uma técnica fotográfica conhecida como “panning”: ela faz com que o assunto principal fique em foco, mas que no fundo haja desfoque e sensação de movimento.

A técnica funciona bem com aves, carros, motos... Ela incrementa a sensação de movimento do assunto principal. Para o “panning”, geralmente valendo-se de exposição manual, baixa-se a velocidade. 

Caso seja dia e isso fizer com que a imagem fique muito clara, um reajuste na abertura é necessário. A “intensidade” da sensação de movimento depende da velocidade usada na câmera e da velocidade do assunto.

Conseguida a luminosidade desejada, faz-se o foco e, com o “continuous shooting” ativado (o dispositivo que permite tirar várias fotos com um só clique), vai-se “seguindo” o assunto da foto, como se atirando nele enquanto ele se movimenta...
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Canon EOS 20D
1/50
F/9.0
ISO 100

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

APONTAMENTO 168

Por bem ou por mal, você é exclusivo. A exclusividade já está no que você é. Vaidade buscá-la no que você tem.

domingo, 16 de dezembro de 2012

TECIDOS

Não se veste em busca da moda. 
Ela se veste em busca da beleza.
O modo como se veste é convite.
Arte sem adorno, como se despe.

RENTE AO CHÃO

CORINTHIANS CAMPEÃO MUNDIAL

Sou fã do Tite desde quando, numa decisão de Copa do Brasil, em 2001, ele deu um “nó” no próprio Corinthians. Na época, Tite era técnico do Grêmio.

Hoje, Tite foi vitorioso novamente, depois de o Corinthians derrotar o Chelsea num ótimo jogo. O goleiro Cássio pegou demais; e pode-se dizer que no torneio a equipe de São Paulo foi um time de Guerrero. Parabéns para eles.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (70)


Quando chove à noite, tento não me esquecer de sair com a câmera pela manhã, embora no mais das vezes acabe me esquecendo. Mas hoje não foi assim. Eu a levei comigo, bem como levei “flash” e cabo, para que o “flash” fique separado do corpo da câmera.

Onde há água, não importa se parada ou corrente, geralmente há a possibilidade rica para se fazer imagens, pois a água é um assunto muito bonito e versátil para a fotografia. É por isso que gosto de levar a câmera comigo logo pela manhã quando na madrugada houve chuva.

Terminada a aula, pedi a um aluno — Décio — que segurasse o “flash” na posição adequada, enquanto eu ajustava a câmera. Os estudantes já estavam rindo de mim (não sem razão) quando minutos antes eu havia fotografado uma peteca que estava em cima de um telhado. Depois, ficaram rindo das instruções que eu dava para o Décio com relação ao posicionamento do “flash”.

No fim das contas, esta é uma das imagens que foram feitas. Quando os alunos viram no monitor da câmera o fundo escurecido, embora fosse uma manhã de muita luz, parecem ter achado curioso o efeito, conseguido justamente graças ao “flash” e a ajustes na câmera. E ao Décio, muito obrigado pela paciência durante a feitura da foto.
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Exposição manual
F/ 8,0
1/800
ISO 80
Flash: Canon Speedlite 580EX (ajustado para -2)
Câmera: Canon PowerShot SX10 IS

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PULSAÇÃO

Coração pulsa por si.
Mas se te vejo, pulsa por ti.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

APONTAMENTO 167

Dom Quixote enxerga não o que está diante de si, mas o que está em si. Num certo sentido, quem não é quixotesco?...

APONTAMENTO 166

Ter algum cuidado com o português não é sintoma de chatice nem de pedantismo. Esse cuidado não obscurece as coisas — é justamente o contrário: tal zelo ilumina, delicia, seduz...

Bem sei das variações linguísticas, do “internetês” e da linguagem usada em meios eletrônicos. Contudo, o que lamento é ausência do desejo de querer expressar-se com clareza ou elegância; não há a vontade de aprender.

Quando há, repetidamente, algo como “encômodo” ou como “agente se dá tão bem”, o que existe é desleixo, não lapso. Não raro tomam o caminho mais fácil, em vez de tentarem algum capricho: culpam as escolas.

Qualquer idioma é difícil, cheio de “armadilhas” e de regras. Qualquer. Não é minha intenção execrar o erro que contraria regras gramaticais. Além do mais, todos erramos, seja no português, seja na vida. O que acho ruim é o total desmazelo. Que pena não perceberem que aprender é uma das maiores aventuras a que podemos ter acesso.

O descaso com o português corresponde, no plano físico, à falta de higiene. Assim como esta afasta, mas pode ser resolvida, o desleixo com o português também. Mas não nos esqueçamos da velha história: “Um gambá cheira o outro e acha que é perfume”...

SOLAR

Nem amanheceu direito,
e um facho de luz se insinua pela janela.
É o Sol que começa a fazer a festa, 
que começa a fazer a fresta.

APONTAMENTO 165

Morrer é sair do palco e ir para a coxia?... Ou é deixar a coxia e entrar no palco?...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

APONTAMENTO 164

Não se iluda: grilhões se realizam quando são partidos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

LEVEZA

A bailarina levita. 
É como se não 
houvesse gravidade...

Mas tudo é muito grave...

APONTAMENTO 163

Silêncio mata quando o que existe é o desejo de falar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

FOTOPOEMA 285

TESTEMUNHA OCULAR

Se a distância os separa, 
olhar agudo e penetrante 
os une em nítido flerte: 
de olho no lance, o lince.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

KEANE

A velha música pop, com sua estética, seus truques e suas artimanhas. Com razão, muita gente despreza a música pop — boa parte dela é de fato abominável. Mas quando não é, como torna-se leve e gostosa.

Hoje à noite, pela Globo FM do Rio de Janeiro, escutei a canção abaixo, da banda inglesa Keane. Pop em cada segundo, britânica em cada nota e cada acorde, agradavelmente pop até o fim.

SEGUNDA-FEIRA



Se a vida não te der uma segunda chance, 
que ela te dê uma segunda-feira.

Faz da tua segunda uma terça.
Desta, uma quarta.
Que esta te traga uma década.

O tempo que não elimina certas coisas 
é o tempo que há de te conceder uma segunda-feira. 
Viver sem amor, mas preencher os dias.
Que a esperança sufocada não te deixe todo sem gosto.

Que a vida não te deixe sem uma segunda-feira.
Acorda e faz dela um segundo ato.

MARÍTIMO

Tu, que és feita para o mar...
Tu, que és feita para amar...
Concede-me um instante contigo.
Depois, volto para amar...
Depois, volto para o mar...

APONTAMENTO 162

O fato de eu gostar da transgressão não me impede de querer a beleza, que é querer a arte. A transgressão não tem de, mas pode ser bela. A arte não tem de, mas pode ser transgressora. Eu acredito na beleza. Eu acredito na transgressão. Eu acredito que possam estar juntas, embora não tenham de.

A arte pode (e deve) tratar (também) do que é repulsivo e digno de ódio. Do que ela não pode abrir mão é de aspirar a ser uma grandiosa obra de arte, não importa do que trate. A arte pode (e deve) retratar (também) o que é feio, degradante e abjeto, mas não pode deixar de ser arte.

A modernidade, pós-modernidade ou seja lá o que for não implica abrir mão de um princípio só porque ele já existe há séculos. Arte requer dedicação e busca pelo belo, não importa quando seja produzida.

Não sei se a arte permite um lampejo do celestial. Ela já faz muito em sutilizar e melhorar o que é humano. Se melhorar e sutilizar o que somos implica criar em nós uma centelha de algo celestial, não vou me queixar disso.

CARRY THAT WEIGHT

Boy, I’m gonna carry that weight
Carry that wait for a long time…

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

MUITO PRAZER

Sinto prazer no teu prazer.
Sinto prazer no meu prazer.

Sentes prazer no meu prazer.
Sentes prazer no teu prazer.

Tenho prazer quanto tens prazer.
Tenho prazer quando tenho prazer.

Tens prazer quando tenho prazer.
Tens prazer quando tens prazer.

O prazer de dar prazer.
O prazer de receber prazer.

O prazer é teu.
O prazer é meu.

O prazer é do outro.
O prazer é de cada um.

O prazer é nosso.
Muito prazer.