Ter algum cuidado com o português não é sintoma de chatice nem de pedantismo. Esse cuidado não obscurece as coisas — é justamente o contrário: tal zelo ilumina, delicia, seduz...
Bem sei das variações linguísticas, do “internetês” e da linguagem usada em meios eletrônicos. Contudo, o que lamento é ausência do desejo de querer expressar-se com clareza ou elegância; não há a vontade de aprender.
Quando há, repetidamente, algo como “encômodo” ou como “agente se dá tão bem”, o que existe é desleixo, não lapso. Não raro tomam o caminho mais fácil, em vez de tentarem algum capricho: culpam as escolas.
Qualquer idioma é difícil, cheio de “armadilhas” e de regras. Qualquer. Não é minha intenção execrar o erro que contraria regras gramaticais. Além do mais, todos erramos, seja no português, seja na vida. O que acho ruim é o total desmazelo. Que pena não perceberem que aprender é uma das maiores aventuras a que podemos ter acesso.
O descaso com o português corresponde, no plano físico, à falta de higiene. Assim como esta afasta, mas pode ser resolvida, o desleixo com o português também. Mas não nos esqueçamos da velha história: “Um gambá cheira o outro e acha que é perfume”...
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