sexta-feira, 8 de julho de 2016

Chegada

Se há motivo para que
você tenha vindo, não sei.
Você veio, você chegou.
Tendo chegado,
me causou amor.

Penso em você
em tudo o que é dia,
em tudo o que é noite.
No que é dia
e no que é noite,
existem 
chuva,
montanha,
livro,
ave,
palavra,
cerrado.

No que dura o dia
e no que dura a noite,
sou durante.
Enquanto há luz,
enquanto há breu,
que eu entregue para você
o que em mim é amor. 

Enfeites juninos

Apontamento 340

É muito comum as pessoas fazerem menção à pegada que o outro tem. “Pegada” é uma dessas palavras imprecisas que sabemos o que é quando estamos com quem a tem. Nessa imprecisão, há algo de literalmente palpável quando as pessoas, cheias de... pegada, louvam o ato erótico.

A pegada não está ligada só a questões do corpo. Claro que ela é dependente dele, mas, ao mesmo tempo, tanto maior ela é quanto mais ela possa contar com a imaginação ou com a inteligência. Precisamente por não depender só do corpo, há um convite e uma vontade que vêm daquilo que em nós e no outro não é só corporal.

Nessa mistura cujos elementos não sabemos precisar, há corpo, inteligência, imaginação, senso artístico, modos de encarar o mundo. No encontro dos corpos que vão se unindo no desejo de possuir o que é do outro e de dar ao outro o que se é, aquilo que não é palpável vem à tona, louco para desaguar na pele e na alma do outro. Um gozo que é feito de corpo, de imaginação, de inteligência, de sons, de tatos, de fogos. 

Fogo

Ontem, eu estava indo para o trabalho quando me deparei com este fogo às margens da BR-365. Mesmo sem câmera fotográfica, tive vontade de registrar a cena. O jeito foi me valer do celular. 

Apontamento 339

Não sei se é verdadeira, a história de Demóstenes com os seixos na boca, bem como não sei se os fonoaudiólogos aprovam o que o orador grego teria feito. Isso pouco importa. Há histórias que valem não pela literalidade, mas pelo que têm de alegoria ou de símbolo.