terça-feira, 26 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

POR GENTILEZA

Teria sido trágico se a Rio +20 tivesse tido retrocessos como consequência. Em contrapartida, não houve avanços. Pontos previamente discutidos há vinte anos, na Eco 92, foram reafirmados.

Um artigo publicado no New York Times no dia 18 de junho afirma que a ausência de governantes como Obama e Cameron ocorreu porque eles e outros líderes estão mais ocupados em tentar resolver problemas de seus próprios países. O texto finaliza dizendo que a chamada comunidade internacional precisa aprender a não realizar uma grande conferência global nos anos em que houver eleições presidenciais nos EUA.

O recado é simples, como se dissessem: “Não contem conosco, os EUA, em tempos de eleições para presidente. Para nós, nossas eleições são mais importantes do que o que possa estar sendo discutido mundo afora”.

Levando-se em conta que os EUA são um dos grandes poluidores, o texto do New York Times é cheio de empáfia. Contudo, tem uma faceta que merece ser levada em conta – a de que, antes de se começar a discutir questões globais, é preciso abordar os problemas locais.

Mesmo que os EUA não estejam dispostos a arredar o pé quanto à poluição que realizam, mesmo que sejam acusados, com razão, de hipocrisia e soberba (não somente quanto à questão ambiental), nós, brasileiros, temos problemas demais a serem resolvidos em nossa própria casa.

Cuidemos dela. No geral, não aprendemos nem a dizer “por favor”, “com licença” ou “desculpe-me”. Se por um lado temos em comum com todos os demais uma selvageria latente e possível, há, por outro, uma gentileza igualmente latente e possível que nem foi ainda exercida por nós como um todo.

Não é intenção minha dizer aquelas bobagens como a de que a civilização de verdade está lá fora ou a de que não passaríamos de imitação de civilidade. Besteira isso, pois a selvageria não é atributo de ricos ou de pobres, mas do homem. Países ditos cultos e civilizados também praticam atrocidades.

Não começamos nem o básico. A gentileza não é solução final para nada e não deixa ninguém rico financeiramente. Mas estamos tão distantes de algo que se pareça com uma Nação que nem aprendemos ainda a tratar com alguma cortesia os nossos convívios.

domingo, 24 de junho de 2012

A RAPOSA E O GALO

Um desavisado que estivesse ciente do resultado do Campeonato Brasileiro do ano passado e que viesse a se informar somente agora sobre o andamento do torneio deste ano, levaria um susto: os dois primeiros colocados são de Minas, e entre os quatro últimos há três times de São Paulo.

Claro que isso não necessariamente reflete o que será a tônica do campeonato. A Libertadores já terminou para o Santos e está prestes a terminar para o Corinthians. O mesmo vale para o Palmeiras, que logo, logo encerra participação na Copa do Brasil. Passarão brevemente a disputar com afinco o Campeonato Brasileiro, que completa hoje sua sexta rodada (são trinta e oito no total).

Curto futebol também para trocar uma ideia saudável com outras pessoas que o curtem, não para me envolver em discussões tolas ou brincadeiras sem graça. Assim, digo que é bom para Minas (e para o futebol brasileiro como um todo) que Atlético e Cruzeiro entrem na disputa pelo topo da tabela.

Por mais que seja de interesse de alguns meios de comunicação o monopólio Rio-São Paulo, para o Brasil é bom que os times mineiros se tornem competitivos, o que não tem ocorrido nos últimos anos. Num quadro ideal, os times do nordeste também entrariam na briga.

O certame é longo e está no começo. Até dezembro, muito jogador pode ir embora, equipes terão ascensão e declínio, a tabela passará por mudanças diversas. Mesmo assim, que Atlético e Cruzeiro consigam, depois de longo e tedioso hiato no futebol das Gerais, estar entre os que terão feito um belo Campeonato Brasileiro em 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

APONTAMENTO 144

Prova de que estou mesmo ficando velho (ou do quanto minha mãe não aparenta ter a idade que tem): há pouco, uma senhora chamou lá fora, procurando pela minha mãe, que não mora aqui. Queriam entregar para ela um convite para um evento beneficente ou algo assim. Recebi recomendações fortes para entregar o convite para ela. Já indo embora, a senhora perguntou: “O senhor é o esposo dela?”.

WAGNER MOURA EM TRIBUTO À LEGIÃO URBANA

Quando fiquei sabendo que o ator  Wagner Moura  participaria  de um show--tributo ao Legião Urbana, ao lado de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, logo pensei que Moura fosse também um cantor de mão cheia, além do estupendo ator que é.

Ele não é um grande cantor. Nas mais de duas horas de show, o que se vê é um emocionado Wagner Moura se comportando e cantando como um fã – não como um profissional que domina as manhas do palco e do canto.

Frases como “essa é, talvez, a noite mais emocionante de toda a minha vida” ou “essa banda mudou a minha vida” evidenciam a intensidade da admiração que Moura tem pelo Legião. Também por ele não ser um bom cantor, a iniciativa foi taxada de caça-níqueis. Não fiquei com a impressão de que o ator estivesse naquele palco por dinheiro.

O show contou com a participação de Andy Gill, guitarrista da banda inglesa Gang of Four, de que Renato Russo era fã. Com Gill tocando guitarra no palco (e com Moura fora dele), Dado Villa-Lobos cantou “Damaged goods”, do repertório do Gang of Four; durante a canção, citaram “Love will tear us apart”, do Joy Division. No baixo, o também convidado Bi Ribeiro, dos Paralamas.

Se por um lado Wagner Moura não convence como  cantor,  por outro  tem--se o entusiasmo de um fã que estava num palco, ao lado de Bonfá e  Villa--Lobos, apresentando-se para milhares de pessoas, as quais cantavam em uníssono as canções que mudaram a vida de Moura.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CAIU NA REDE (97)

Pessoas, está no ar mais uma edição do Caiu na Rede. Valeu.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CAIU NA REDE (96)

Pessoas, finalmente está no ar mais uma edição do Caiu na Rede. Durante o programa, explico por que tenho demorado a postar a atração. Espero que gostem.

domingo, 10 de junho de 2012

A REDENÇÃO E O EXORCISMO DO CAPITAL

Dinho Ouro-Preto, o vocalista do Capital Inicial, disse ontem (09/06), em show realizado em Patos de Minas, que não é supersticioso, mas que sua esposa é. Depois que Dinho havia caído do palco, no dia 31 de outubro de 2009, num show aqui mesmo, a esposa dele procurou uma cartomante, que alertou: não era para Dinho voltar mais a Patos de Minas.

Ele desobedeceu à “ordem”, voltou e fez o melhor show a que já assisti do Capital Inicial. Dinho estava visivelmente emocionado e agradecido. Conversou com o público, aplaudiu a plateia e não se cansou de agradecer. Logo na abertura, fez referência à queda que quase o matou, num show realizado no Paiolão do Parque de Exposições.

Foi tocante ver o vocalista, a todo momento, não se cansando de agradecer. Ele aplaudia reiteradamente o público e deixava a nítida sensação de que queria ofertar mais para aqueles que cantavam com ele os sucessos da banda. Já sem camisa sobre o palco, agradeceu mais, não se esquecendo de fazer menção ao médico que o atendeu em caráter de emergência quando da queda do palco aqui na cidade. Segundo o vocalista, ele foi salvo por esse médico.

Foi um show bonito. Sem cair em pieguice, Dinho se entregou, esticou o show, agitou, interagiu e colocou a multidão para pular, cantar e extravasar. Que beleza!... Já nos últimos instantes do espetáculo, depois de ter cantado “Por enquanto”, do Legião, Dinho ainda citou “Smoke on the water”, clássico do Deep Purple, já devidamente exorcizado e de alma lavada, numa redenção que foi um tributo à vida.

Abaixo, algumas fotos que fiz durante o show.










sábado, 9 de junho de 2012

AOS PÉS DO GÊNIO

Não bastasse o bolão que o Messi joga, é incrível o quanto ele não é afetado. Não há gracinhas, dancinhas, gracejos, maneirismos. Ele pega a bola, avança em direção ao gol e pronto. Passa a ideia de concentração, de seriedade, de profissionalismo. Que beleza!... A beleza e alegria dele está nos lances, nos gols, não em sambinhas e climas de descontração tão decantados no futebol daqui. 

Messi desestabiliza o esquema Globo de puxa-saquismo e interesses espúrios, que muitos desavisados chamam de patriotismo. O Sportv, emissora por intermédio da qual acompanhei o jogo entre Argentina e Brasil, logo encerrou a transmissão. É que se fosse para continuar com ela, o assunto teria de, obrigatoriamente, ser o Messi, e a Globo (dona do Sportv) não faria isso. Ela preferiria ressaltar as dancinhas e os cortes de cabelos dos jogadores da seleção brasileira.

Messi é genial não porque é objetivo, mas também por isso. Pode ser que seja insuportável como pessoa (não estou dizendo que seja), mas em campo é exemplo de profissionalismo, discrição e competência. Em sua eficiência assustadora, estraga, sem querer, “simplesmente” fazendo o que sabe fazer, a estratégia da Confederação Globo de Futebol. Na partida encerrada há pouco, fez três gols, dos quais um foi, para variar, uma obra-prima.

PAULINHO PEDRA AZUL EM PATOS DE MINAS

Já devo ter escrito neste blogue que é difícil imaginar um privilégio maior do que ver alguém, na maturidade artística e profissional, exercer seu talento. Nesse sentido, foi um privilégio e uma honra conferir o show de Paulinho Pedra Azul, ontem (08/06), no Balaio de Cultura, no Parque de Exposições, em Patos de Minas.

Paulinho está na estrada há 30 anos, conforme ele mesmo ressaltou durante o espetáculo. Ao som da MPB, com suas serestas, xotes e lirismo, o cantor deu ao show um tom intimista e caseiro, lembrando-se das vezes nas quais esteve em Patos de Minas anteriormente. Falou de almoços em casa de amigos, dos encontros, do pessoal da cidade que confere seus shows quando ele se apresenta em Brasília...

Relembrou também causos de trinta anos de carreira, contou piadas e conduziu com experiência e sabedoria o espetáculo. O público se deliciou, cantando juntos os clássicos do cantor (que também tem livros publicados) e de outros mestres da MPB.

Infelizmente, fico devendo os nomes dos dois músicos que acompanharam o cantor durante o show: um pianista e um percussionista. À parte isso, Paulinho Pedra Azul está cantando como nunca; o timbre está mais grave, mais encorpado, a voz me pareceu mais potente.

Foi uma noite emocionante, regada a boa música, com a plateia diante de um artista maduro, bem-humorado, acessível. Ao término, ele não somente agradeceu por estar aqui bem como disse estar sempre à disposição para voltar sempre que houver convite.

Que haja. Que ele volte. Que eu esteja lá. E que bom que o Sindicato Rural tenha investido na ideia de construir no Parque de Exposições um espaço como o Balaio. Com exceção de Paulinho Pedra Azul, que disse se considerar como se fosse daqui, em virtude das amizades que fez e das vezes em que esteve em Patos de Minas, o Balaio é feito por artistas locais. Em contrapartida, não tem havido o tom ingenuamente bairrista que poderia ocorrer. Que o Balaio se faça presente no futuro.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

BATALHA

Este vídeo já havia sido publicado neste blogue. Contudo, não sei por que foi retirado pelos administradores. Assim, eu o publico novamente, na esperança de que, desta vez, ele permaneça.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A ÁRVORE DA VIDA


De acordo com a biologia, seria preciso que alguma molécula se replicasse para que a vida, com seu processo evolucionário, tivesse início. A água é a catalisadora dessa replicação. Em outras palavras: sem a água, não haveria a vida tal qual a concebemos. Esse consenso existe nas diversas teorias biológicas que dizem respeito à origem da vida.

Ela, a água, permeia “A árvore da vida” (The tree of life), produção de 2011 dirigida por Terrence Malick. Tem-se água no começo, no meio e no fim da película. Numa paráfrase, o filme poderia ser assim resumido: Pois tu és água e à água tornarás.

O filme não retrata apenas a trajetória de uma família americana de meados do século XX. Ao mesmo tempo em que a saga familiar vai se desdobrando, acompanhamos, paralelamente, o desdobramento do Universo. Sim: paralelamente. É como se houvesse uma espécie de documentário que ocorre em paralelo à história da família, cujo pai tirânico e intransigente é interpretado por Brad Pitt.

O senhor O’Brien, interpretado por Pitt, esmaga, com sua autoridade, a vida dos filhos, que buscam conforto na doçura da mãe, a senhora O’Brien, interpretada por Jessica Chastain. A convivência em família tem uma atmosfera falsamente branda. À medida que o filme vai avançando a gente vai descobrindo a tensão a que os filhos dos O’Brien são submetidos por causa da rigidez contraprodutiva do pai.

Quase não há diálogos. As vozes sussurradas que escutamos deixam escapar dúvidas, revoltas, súplicas, orações, desejos reprimidos: são solilóquios. Há uma cena em que um dos filhos de O’Brien observa o pai, que está debaixo de um carro, consertando alguma falha mecânica. O carro está apoiado sobre o macaco. Jack, um dos filhos, roga a Deus para que o pai seja morto.

O espectador pode até se envolver com a tensão reinante na família O’Brien. Mas o contar da história do Universo que, repito, ocorre ao mesmo tempo em que ocorre o drama dos O’Brien, é o outro lado da moeda no enredo. Os medos, incongruências e fraquezas da família não a impede de ser integrante da úmida trama que engendrara a vida e todas as suas manifestações.

Um "close" ali e outro aqui sugerem que essas manifestações podem estar numa família à beira da derrocada, numa borboleta ou num filete de capim que roçamos enquanto caminhamos. A água envolve a vida, seja ela uma árvore que lança seus galhos em direção ao céu ou um dinossauro diante de fragilizada presa (ainda que no filme o dinossauro apresente traços muito... compassivos).

Não espere da película uma ordem cronológica ou algo como o passado, o presente e o futuro. Há o agora, o “tudo ao mesmo tempo agora”. O mesmíssimo chão que pisamos pode ter sido percorrido há milênios por outra criatura. No cinema, basta um simples corte para que se sugira um breve lapso de tempo entre a pegada de um dinossauro e nossas pegadas. 

Ademais, para a natureza, o que são milhares de anos?... Mil anos são um longo tempo numa escala humana. Na escala da natureza ou do Universo, são, se tanto, alguns milésimos...

Do organismo mais primitivo à forma de vida mais complexa, somos todos feitos de uma só coisa, compartilhamos da mesma origem e iremos por fim partilhar de um mesmo redentor e aquoso destino. Já escrevera o Melville: “A meditação e a água estão ligadas para sempre”.

Foi um trabalho que não me arrebatou – seduziu a razão, mas não a emoção. O apelo foi mais racional do que emotivo. Não que haja frieza em “A árvore da vida” – houve em mim. É como se o “documentário” sobre o Universo tivesse me seduzido mais do que o drama dos personagens, ainda que o filme tenha mostrado que esse Universo está também em nós – e nós, nele.

sábado, 2 de junho de 2012

APONTAMENTO 142

Escutar a guitarra de Stanley Jordan é fenomenal. Mas a gente leva o maior susto quando descobre que ele só tem dois braços.

OUTROS BRILHOS

Nem tudo
o que seduz
é ouro.

ASTROLOGIA

Nem tudo
o que reluz
é touro.