Teria sido trágico se a Rio +20 tivesse tido retrocessos como consequência. Em contrapartida, não houve avanços. Pontos previamente discutidos há vinte anos, na Eco 92, foram reafirmados.
Um artigo publicado no New York Times no dia 18 de junho afirma que a ausência de governantes como Obama e Cameron ocorreu porque eles e outros líderes estão mais ocupados em tentar resolver problemas de seus próprios países. O texto finaliza dizendo que a chamada comunidade internacional precisa aprender a não realizar uma grande conferência global nos anos em que houver eleições presidenciais nos EUA.
O recado é simples, como se dissessem: “Não contem conosco, os EUA, em tempos de eleições para presidente. Para nós, nossas eleições são mais importantes do que o que possa estar sendo discutido mundo afora”.
Levando-se em conta que os EUA são um dos grandes poluidores, o texto do New York Times é cheio de empáfia. Contudo, tem uma faceta que merece ser levada em conta – a de que, antes de se começar a discutir questões globais, é preciso abordar os problemas locais.
Mesmo que os EUA não estejam dispostos a arredar o pé quanto à poluição que realizam, mesmo que sejam acusados, com razão, de hipocrisia e soberba (não somente quanto à questão ambiental), nós, brasileiros, temos problemas demais a serem resolvidos em nossa própria casa.
Cuidemos dela. No geral, não aprendemos nem a dizer “por favor”, “com licença” ou “desculpe-me”. Se por um lado temos em comum com todos os demais uma selvageria latente e possível, há, por outro, uma gentileza igualmente latente e possível que nem foi ainda exercida por nós como um todo.
Não é intenção minha dizer aquelas bobagens como a de que a civilização de verdade está lá fora ou a de que não passaríamos de imitação de civilidade. Besteira isso, pois a selvageria não é atributo de ricos ou de pobres, mas do homem. Países ditos cultos e civilizados também praticam atrocidades.
Não começamos nem o básico. A gentileza não é solução final para nada e não deixa ninguém rico financeiramente. Mas estamos tão distantes de algo que se pareça com uma Nação que nem aprendemos ainda a tratar com alguma cortesia os nossos convívios.
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