domingo, 21 de junho de 2009

RENATO RUSSO - O FILHO DA REVOLUÇÃO

Terminei de ler hoje o excelente livro “Renato Russo – o filho da revolução” (Editora Agir), do jornalista Carlos Marcelo, nascido em 1970.

Certa vez, em entrevista, Renato Russo, nascido no dia 27 de março em 1960, disse que às vezes se sentia como uma espécie de irmão mais velho da juventude brasileira. Carlos Marcelo, nascido na Paraíba mas tendo feito carreira profissional em Brasília, é um desses “irmãos” mais jovens.

No fim do livro, o jornalista comenta que a ideia de escrever sobre Renato Russo já existia desde quando esteve no fatídico show realizado no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia 18 de junho de 1988. A banda deixou o palco antes que o show completasse uma hora; houve quebradeira e gente ferida no estádio.

Um dos grandes méritos do livro é a contextualização histórico-política que o autor faz do Brasil nas décadas de 60 e 70. Enquanto a ditadura descia a lenha, jovens burgueses de famílias ricas iam construindo o rock feito na capital do País.

O show aqui em Patos de Minas, no dia 5 de setembro de 1982, por ter sido o primeiro da Legião Urbana, é mencionado no livro. Curiosamente, há duas fotos tiradas num lugar identificado como Lagoa Formosa. Segundo a publicação, uma das fotos é de 1983 (a outra parece ter sido tirada no mesmo dia – não há a data no livro; uma das fotos está na pág. 5; a outra, na 238).

Consultei no saite do IBGE. A única cidade com o nome de Lagoa Formosa é a que fica perto daqui, o que me leva a crer que Lagoa Formosa devia ser (ou ainda é) o nome de algum lugar em Brasília. (Caso alguém aí saiba, gentileza dizer.)

O livro de Carlos Marcelo é rico em material iconográfico. Há várias fotos de Renato Russo em diferentes fases da vida, bem como fac-símiles dos cadernos do artista, que continham desde rascunhos de letras de música a projetos musicais. Numa das anotações, há a referência ao show aqui em Patos de Minas.

Também é curioso acompanhar os pareceres dos censores do regime militar quando impediam a veiculação de obras musicais, não somente do Legião Urbana. Apesar da tragédia que foi a ditadura, a empáfia e o discurso empoado dos censores soam hoje engraçados e ridículos – o livro tem fac--símiles de alguns pareceres e trechos de outros.

Percebe-se que o livro é fruto do trabalho de um jornalista que é também fã. Por outro lado, os defeitos de Renato Russo não deixam de ser mencionados. A biografia tem o mérito de esmiuçar o ser humano que havia por trás do publicamente atribulado roqueiro. 

FOTOPOEMA 105