quarta-feira, 22 de julho de 2015

VEJA x RECORD

A Veja pergunta para que serve o Pan; a Record pergunta para que serve a Veja. Esta, por não lucrar o bastante com o torneio; aquela, por lucrar. 

APONTAMENTO 269

Não sem motivo, está no imaginário a eficaz ideia de que o mundo é um palco e de que somos os atores. Não nos esqueçamos contudo de que histórias pululam na coxia de cada um. 

APONTAMENTO 268

Tenho em mim turbilhão. Se for para falar dele, que seja em forma de arte (ou que haja a tentativa dela). Se não for assim, que esse turbilhão permaneça, para os que estão de fora, silêncio. 

CHOVENDO DINHEIRO

Depois que o comediante Simon Brodkin, na pele de seu personagem Jason Bent, aproximou-se de Sepp Blatter, cartola da Fifa, no início de uma coletiva de imprensa, e jogou dinheiro (falso) sobre Blatter, o ainda presidente da Fifa disse que teriam de limpar o recinto antes de a conferência se iniciar, retirando o “dinheiro” que Brodkin jogara. O chefão da Fifa disse, referindo-se ao que acontecera por causa da atitude do comediante: “Isso nada tem a ver com o futebol”.

A frase de Blatter é apenas protocolar, pois o episódio tem, sim, muito a ver com o futebol. Se posteriormente tiver pensado sobre o assunto e se tiver sido sincero consigo em sua reflexão (do que duvido), Blatter admitirá que a performance de Brodkin levou ao palco o que, em essência, é o futebol.

Simon Brodkin, contundente, levou para o palco o mundo dos que comandam o futebol no mundo. Ao executar seu papel, ele, interpretando, fingindo ser Jason Bent, revelou, exatamente por intermédio desse fingimento, o... fingimento que é a Fifa, o teatro que é a Fifa. Esse é exatamente um dos poderes do teatro, um dos poderes da arte: ao fingir, escancara a realidade, descortina o que somos.

A atitude de Brodkin é circense: nada mais apropriado para o circo macabro que a Fifa se tornou. Ele joga “dinheiro” sobre Blatter: nada mais adequado para quem é o chefe de uma entidade que, em nome ganância, destruiu o espírito de verdadeiro futebol. Brodkin foi moleque, ousado, sagaz. Por essas atitudes, ele, sim, tem a ver com o futebol. Blatter e sequazes engessados é que nada têm a ver com o esporte.