segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

LADY GAGA

Há pouco, conferi reprise de uma entrevista com Lady Gaga. Gostei. Além das músicas, que estão em qualquer rádio a todo momento, e do visual espalhafatoso, eu nada sabia dela.

Nasceu em família rica, teve acesso às melhores escolas (foi colega de sala da Paris Hilton) e foi criada em rígida educação católica. Começou a estudar piano, que toca nos shows, aos quatro anos. Antes do sucesso, apresentava-se em clubes noturnos de Nova York. O nome Lady Gaga se deve ao sucesso “Radio Gaga”, do Queen (all we hear is... Lady Gaga...).

Em determinado momento da entrevista, concedida a Oprah Winfrey, o Haiti foi mencionado. Gaga (como ela gosta de ser chamada) disse que estava em Nova York no 11 de Setembro. Segundo ela, muitos poderiam não entender o que as pessoas de lá pudessem estar passar passando naquele momento. Em seguida, disse que o ocorrido no Haiti foi pior do que o 11 de Setembro, e que por isso mesmo os haitianos precisam da ajuda de todos.

Jovem, rica, bonita e, agora, cantora de sucesso do show business. A despeito de todo o auê em torno dela, transmitiu uma imagem de lucidez e simplicidade. Se há algo de empáfia ou soberba, não senti isso durante a entrevista.

LUZ, CÂMERA, PALAVRA

Já comentei neste blogue sobre “Moulin rouge”. Ontem, revi algumas cenas do filme. Há um momento em que Christian, interpretado por Ewan McGregor, começa a cantar para Satine, interpretada por Nicole Kidman, o sucesso “Your song”, do Elton John. Assim que Christian começa a cantar, as luzes da cidade, literalmente, se acendem. Há a sugestão de que o amor ilumina, é luz...

Numa outra cena, Satine canta diante do personagem Duque, interpretado por Richard Roxburgh, trechos da mesma canção do Elton John. Não era para o Duque que ela cantava, mas, sim, para tentar livrar Christian de uma enrascada – o Duque estava interessado nos serviços de Satine, cortesã de luxo do Moulin Rouge, a casa em que ela trabalhava.

Quando Satine termina de cantar, os olhos do Duque, literalmente, se acendem, se iluminam. Novamente, e com um toque de humor, a sugestão de que o amor ilumina, é luz...

Essas cenas me fizeram pensar sobre o modo de dizer as coisas. Seria comum num pedaço de papel algo como “o amor ilumina o mundo” ou “o amor me ilumina”. São imagens já usadas por demais (é claro que não sugiro que imagens assim tenham se tornado impossíveis de serem usadas com criatividade em literatura). Contudo, olhar as coisas sendo iluminadas pelo amor é diferente do que ler “o amor ilumina”.

Obviamente, levo em conta que cinema e literatura são meios de expressão diferentes e que cada um tem seus recursos, peculiaridades e limites. Mas é que revendo as duas cenas, foi curioso observar que aquilo que pode não soar poético num texto, poético pode se tornar se encenado ou representado.