quinta-feira, 2 de outubro de 2008

QUEM DIRIA...

Meados da década de 80. Quando o rádio começava a tocar “More than I can bear”, do Matt Bianco, eu dava um jeito de mudar a sintonia. Eu não gostava mesmo da canção. Agora, estou a escutando numa emissora do Rio de Janeiro. E quer saber? Um barato. Enquanto batuco palavras neste velho computador, estou até mexendo o corpo na (agora) gostosa levada da canção...

HAICAI 8

As horas nuas,
são todas elas
somente tuas.

APONTAMENTO 28

Ouvi aluno meu dizendo que adquiriu o hábito da leitura depois de ter encarado “O código da Vinci”. Lembro-me de ter visto esse mesmo aluno dizer que havia gostado de “Dom Casmurro”. Também disse que tem a série Harry Potter, mas não percorreu os livros ainda. Recentemente, leu “O velho e o mar”.

Vejo com bons olhos esse começo de leituras sem critério. Ainda que o estudante não saiba ainda diferenciar com clareza, por exemplo, Dan Brown de Machado de Assis, no que diz respeito à literariedade, o hábito da leitura, caso se mantenha, pode fazer com que a percepção dele vá se tornando cada vez mais requintada. É uma possibilidade.

É por isso que não concordo muito com aqueles que simplesmente abominam os chamados best-sellers. Penso ser necessário ler, seja o que for. Se pelo menos uma das milhares e milhares de pessoas que se entregam a modismos passarem a ler textos que se tornaram perenes, após ter descoberto o gosto da leitura por intermédio dos best-sellers, já está ótimo.

Além do mais, esses livros de vendagem estrondosa são lucro certo para as editoras e para as livrarias. É preferível haver uma livraria lucrando com “O segredo”, desde que também coloque à disposição outras vertentes, a não haver livraria nenhuma. Clássicos imprescindíveis não garantem a sobrevivência dos livreiros, principalmente no interior.