Amigo me confidencia que determinado médico, numa festa, comentou — rindo — sobre a doença de um paciente. Alguns médicos não entendem que já precisam, em essência, serem médicos antes de porem o pé numa faculdade.
Aqui mesmo, em Patos de Minas, recentemente, tivemos exemplo de não médicos, durante evento esportivo realizado na cidade. Aqueles que deveriam zelar pela vida estavam justamente aprontando contra ela, numa balbúrdia imatura e desrespeitosa: antes de serem médicos, nem se preocuparam sequer em se tornarem cidadãos.
Ainda bem que há estudantes e médicos que entendem a essência da beleza que é a medicina. Mas diante do que me disse o amigo, eu me pergunto: o que leva um médico a achar graça da doença de um paciente?...
Será que seria diferente se ele tivesse lido Oliver Sacks, para que tivesse pelo menos uma noção do que é se importar com um paciente?... Será que ele é assim por ter sido obrigado a abraçar uma profissão que não queria?... Será que nunca lhe passou pela cabeça que amanhã o paciente é ele?... Será que ele acha que está na profissão certa?...
Se bem que é difícil imaginar um indivíduo desses em qualquer profissão. Vá lá, há profissionais que não têm o menor traquejo social, mas daí a achar graça na dor alheia a distância é longa. Senso de humor é uma coisa; falta do menor senso de ética e de humanidade é outra.