quarta-feira, 31 de maio de 2017

Men at Work

O Nivaldo, um de meus irmãos, foi quem me sugeriu tirar foto deste cenário. Segundo ele, quando o Sol estivesse se pondo, haveria a possibilidade de eu fazer algumas fotos de alguns trabalhadores que estão construindo um condomínio aqui perto de casa. Para que o registro fosse feito, segundo o Nivaldo, bastaria eu atravessar a rua que passa em frente ao lugar onde moro.

Tirei a foto há minutos. Bastou atravessar a rua. 

Haicai 50

Boçal é o Moro.
Eu fico mesmo é 
com um oximoro. 

Sintonia eletrônica

Ela estava num canto do bar.
Ele estava noutro canto do bar.
Em comum, os dois,
aplicados no aplicativo,
que fez as contas,
decidiu e, 
sem eufemismos,
ordenou:
“Mete!” 

A cor da vitória

Quando Toni Morrison, que é negra, foi Nobel de literatura, em 1993, Paulo Francis (1930-1997) disse que o prêmio havia sido dado a ela porque a escritora tinha “o sexo e a cor da moda”. No dia vinte e quatro de maio, aqui em Patos de Minas, uma das candidatas a rainha do milho disse que uma negra havia ficado com o título de rainha porque “infelizmente os jurados avaliaram mais a cor. Não olharam tanto os outros requisitos que realmente eram necessários, como comunicação, simpatia. Acho que essa questão de muita igualdade (...) mexeu com os jurados”.

A discussão que tem ocorrido aqui na cidade é se houve racismo na declaração da candidata a rainha do milho. Não sei dizer. O que não se pode negar é que tanto na declaração do Paulo Francis quanto na da candidata local, há a negação dos méritos de quem obteve o reconhecimento. Paulo Francis afirmou que o Nobel foi concedido a Morrison porque ela é negra; a candidata ao título de beleza local afirma que a vencedora foi escolhida por ser negra. Ou seja, ambas as premiações teriam sido dadas em nome do politicamente correto, não em nome dos méritos das agraciadas.

Paulo Francis asseverou saber o motivo real que teria levado Toni Morrison a receber o prêmio — o fato de ela ser negra. A candidata local concorria a um título vencido por uma negra; ao não ganhar esse título, afirma que os jurados não levaram em conta “requisitos que realmente eram necessários, como comunicação, simpatia”. Na ótica da candidata, se esses requisitos tivessem sido levados em conta, o resultado poderia ter sido outro; se os requisitos tivessem sido levados em conta, a negra poderia não ter ficado com o título somente por ser negra. Isso é, no mínimo, deselegante.

Se os jurados levaram em conta o politicamente correto ao eleger uma candidata negra para o título de rainha do milho, isso seria mais uma prova do quanto o politicamente correto é prejudicial. E ainda que a equipe de jurados tenha sido politicamente correta (se é que foi), isso não anularia o fato de que a candidata derrotada, ao dizer que “os jurados avaliaram mais a cor”, foi má perdedora e ofensiva. Por fim, nunca li nada de Toni Morrison nem conheço nenhuma das candidatas. 

Entrevista no Rio de Janeiro

Na semana passada, no dia vinte e dois de maio, estive no Rio de Janeiro participando do programa Conversa com o Autor, apresentado pela jornalista Katy Navarro. Na atração, ela sempre conversa com dois autores. Na gravação da semana passada, Juarez Nogueira, que é de Divinópolis, foi o outro escritor entrevistado.

Conversa com o Autor vai ao ar pela Rádio MEC do Rio de Janeiro. O programa gravado do dia vinte e dois será veiculado em meados de junho. Em breve, dou mais detalhes. À Katy Navarro, muito obrigado pela oportunidade de ter participado do Conversa com o Autor.