Ter uma grande história em mãos pode, paradoxalmente, ser “perigoso” quando se deseja contá-la, pois, quando é contada, a produção pode ficar menor do que a história, pode não fazer jus a ela. É o que ocorreu com “O show de Truman”. O argumento do enredo é brilhante; mesmo assim, a execução dele não gerou um filme à altura.
Não é o que ocorreu com “Invencível” [Unbroken], de 2014. O roteiro, além de ter os irmãos Coen como autores, conta com o trabalho de Richard LaGravenese e William Nicholson. É baseado no livro “Unbroken: A World War II Story of Survival, Resilience, and Redemption”, de Laura Hillenbrand (a mesma autora de “Seabiscuit”). Não conheço o livro, mas, a partir dele, nasceu um grande filme.
A produção é dirigida pela Angelina Jolie. Para mim, isso foi surpresa. Eu não sabia da atuação dela como diretora. Comecei a assistir a “Invencível” nos momentos iniciais, sem saber que havia sido dirigido pela atriz. Terminado o filme, já nos créditos, é que fiquei sabendo que ela é a diretora. E que direção ela realizou!
“Invencível” narra a trajetória real do atleta Louis Zamperini. Durante a Segunda Guerra, o avião em que ele estava cai no Pacífico. Quarenta e sete dias depois, período esse passado num bote, Zamperini e outros dois sobreviventes da queda do avião são resgatados — por japoneses. O que já estava penoso para eles torna-se tortura, humilhação e desumanidade.
Como cheguei desavisado ao filme, eu o assisti pensando que se tratava de história “meramente” ficcional. Eu, que já estava gostando do que estava assistindo, mais ainda gostei quando, nas cenas finais, fiquei sabendo que a produção é inspirada na vida de Zamperini. “Invencível”, a despeito da violência que retrata, humaniza e sensibiliza, por Zemperini mostrar a força e a nobreza que o espírito humano pode ter.