2020 não será melhor. Torturadores continuarão torturando; defensores de torturadores continuarão os defendendo. Ditadores continuarão governando; defensores de ditadores continuarão os defendendo. Milicianos continuarão comandando; defensores de milicianos continuarão os defendendo. Ignorantes continuarão atacando o conhecimento; defensores de ignorantes continuarão os defendendo.
Os que acreditam em “kit gay” e em mamadeira de piroca continuarão existindo. Os que acham que “o exército não matou ninguém” continuarão existindo. Os que desejam câncer para o outro continuarão existindo. Os que se dizem de bem e defendem assassinatos e assassinos continuarão existindo. Os que não querem cultura continuarão existindo, bem como os que não querem ciência. 2020 não será melhor.
Isso não é pretexto para que nada façamos. O embate deve prosseguir não porque um novo ano começou, mas porque ideias de extermínio e de exclusão não desapareceram junto com a fumaça dos fogos de artifício depois de meia-noite. Corpos afundam no mar, mas há mitos inaugurais bonitos e atávicos que são recriados, há ventos e espíritos que pairam sobre a água de que bebemos.