terça-feira, 19 de agosto de 2014

APONTAMENTO 215

Pessoas sensatas e inteligentes não raro deletam a sensatez e a inteligência quando escrevem ou falam sobre política, não importa qual candidato ou qual ideologia estejam defendendo. Isso é ruim, não somente por nada acrescentar a um debate, mas também por depor contra quem profere o destempero.

Escrever coisas como “o candidato Fulano deveria estar no inferno” ou “a candidata Beltrana é mais falsa do que nota de três reais” é infantil e contraproducente. A pessoa fica parecendo aquelas crianças que, ao brigar na escola, lascam um “aposto que sua mãe tem piolho” ou um “seu pai é careca, e o meu não é”.

Embora o descontrole quando a política vem à baila não seja novo, as redes sociais desnudam em profusão esses contrassensos e essas ignorâncias. Todos nós temos impulsos animalescos e imbecis. Parece não haver como impedi-los de virem à tona; o problema é não saber lidar com eles quando vêm. Não é num debate sobre política que deveríamos dar vazão a eles. 

BANDA O BERÇO VAI LANÇAR CD

(Foto: Peruzzo)

O CD “Alto do Vale”, da banda O Berço, abre com uma citação de “Saudades de Matão”, clássico da música caipira. O universo sertanejo também é uma influência no trabalho deles, que integram o rol de artistas que estão fazendo o rico momento da música local atualmente.

Não digo com isso que se trate de um CD de canções caipiras. O Berço é uma daquelas bandas em que as fontes nas quais beberam são facilmente percebidas (pelo menos assim me parece). Se o CD abre com uma citação do cancioneiro caipira, à medida que se escuta o trabalho, influências country, pop, rock ou folk podem ser percebidas.

As participações especiais dão o tom do ecletismo de que O Berço é capaz: Luiz Salgado (que faz o que a crítica chama de música regional), Leoni (ex-integrante do Kid Abelha e do Heróis da Resistência — hoje segue carreira solo) e Raphael Evangelista, um dos integrantes do duo Finlândia (além de Raphael, Mauricio Candussi, que é argentino, faz parte da dupla), também embalam O Berço.

Há algo de irônico, de quase histriônico no trabalho da banda, como se não levassem a música muito a sério; deixam a impressão de que estão brincando, divertindo-se — o que é ótimo! É sempre bom quando as pessoas decidem brincar com o talento que têm. Essa atitude “descompromissada” é permeada por canções melodiosas e por belos vocais, numa sonoridade que não deixa, por vezes, de remeter à década de 70.

“Alto do Vale” convence pelo senso de humor e por, aparentemente, não estar preocupado com uma grande mensagem, com grandes pretensões, por assim dizer. Há a música, há a diversão. É como se O Berço não estivesse preocupado em deixar um legado — ao mesmo tempo em que, inevitavelmente, deixa-o.

Reserve para si cinquenta e dois minutos e trinta e três segundos, que é o tempo de duração do CD. Reserve também a sexta ou o sábado (ou a sexta e o sábado), dias 22 e 23/08, quando O Berço vai lançar o CD no Teatro Municipal Leão de Formosa, aqui em Patos de Minas, às 20h30, tanto na sexta quanto no sábado. No alto do vale a gente vai curtir música e se divertir.