Não bastasse o bolão que o Messi joga, é incrível o quanto
ele não é afetado. Não há gracinhas, dancinhas, gracejos, maneirismos. Ele pega
a bola, avança em direção ao gol e pronto. Passa a ideia de concentração, de
seriedade, de profissionalismo. Que beleza!... A beleza e alegria dele está nos
lances, nos gols, não em sambinhas e climas de descontração tão decantados no
futebol daqui.
Messi desestabiliza o esquema Globo de puxa-saquismo e
interesses espúrios, que muitos desavisados chamam de patriotismo. O Sportv,
emissora por intermédio da qual acompanhei o jogo entre Argentina e Brasil, logo encerrou a transmissão.
É que se fosse para continuar com ela, o assunto teria de, obrigatoriamente,
ser o Messi, e a Globo (dona do Sportv) não faria isso. Ela preferiria
ressaltar as dancinhas e os cortes de cabelos dos jogadores da seleção
brasileira.
Messi é genial não porque é objetivo, mas também
por isso. Pode ser que seja insuportável como pessoa (não estou dizendo que
seja), mas em campo é exemplo de profissionalismo, discrição e competência. Em sua
eficiência assustadora, estraga, sem querer, “simplesmente” fazendo o que sabe
fazer, a estratégia da Confederação Globo de Futebol. Na partida encerrada há
pouco, fez três gols, dos quais um foi, para variar, uma obra-prima.