quarta-feira, 20 de março de 2019

Vão

No salão oval,
o carrasco ordenou.
O serviçal se pôs de joelhos.

A casa é branca.
A ducha é dourada.

Agradecido,
feliz 
e úmido,
o deslumbrado
lambeu
as botas
do algoz.

Agora, o vassalo 
está em casa.
Foi-se embora o brilho
de quem implorava
para ser dominado.
Tristonho, 
sem receber notícias,
o capacho
anseia pelo cheiro
daquele que o
subjugou.

Frágil, 
rendido,
apaixonado,
inconsolável,
apaga a luz do quarto,
louco para
preencher 
o vão
que ficou
atrás de si.