terça-feira, 7 de julho de 2009

HAICAI 24

Calor certeiro.
De repente, chuva; da terra,
bebo o cheiro.

ANABELA

Consegui recentemente uma das canções mais tristes que já escutei – “Anabela”, cantada por Renato Braz. Triste e sensual. A composição é de Mário Gil e Paulo César Pinheiro. É triste, mas como é bela.

Não sei se há algum outro registro da canção (caso alguém aí saiba, gentileza me dizer). Penso que o fato de eu achar a obra extremamente triste se deve não somente à letra, mas também ao arranjo.

Há no Youtube registros informais de Renato Braz cantando “Anabela”, com arranjo ligeiramente diferente do original. Ainda assim, é possível ter uma ideia do que estou falando. Caso se interesse, confira um deles aqui. Já para escutar um trechinho do original, clique aqui.

"Anabela" está no CD “Renato Braz”, lançado em 1996. Abaixo, a letra da canção.
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No porto de Vila Velha
Vi Anabela chegar
Olho de chama de vela
Cabelo de velejar
Pele de fruta cabocla
Com a boca de cambucá
Seios de agulha de bússola
Na trilha do meu olhar

Fui ancorando nela
Naquela ponta de mar

No pano do meu veleiro
Veio Anabela deitar
Vento eriçava o meu pelo
Queimava em mim seu olhar
Seu corpo de tempestade
Rodou meu corpo no ar
Com mãos de rodamoinho
Fez o meu barco afundar

Eu que pensei que fazia
Daquele ventre meu cais
Só percebi meu naufrágio
Quando era tarde demais
Vi Anabela partindo
Pra não voltar nunca mais