sexta-feira, 30 de abril de 2010

AGORA

A imaginação
doura as épocas passadas.
Não se iluda –
a época de ouro é o agora.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

CAIU NA REDE (29)

Pessoas, a edição vinte e nove do Caiu na Rede está no ar.

Valeu.

domingo, 25 de abril de 2010

LETRA DE MÚSICA (26)

Eu vi, eu olhei, eu gostei.
Eu fiz poema, buquê e convite.
Eu fiz barba, arranjos e planos.
Procurei, até achar, o melhor em mim.

É que eu queria ser
seu bem e sua alegria.
Queria que seus olhos
fizessem festa quando eu chegasse.
Queria você gostasse de mim,
não que desejasse gostar de mim.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"PRO DIA NASCER FELIZ"


Assisti ontem ao documentário “Pro dia nascer feliz” (2007), do diretor João Jardim. O filme registra o cotidiano de escolas em Pernambuco, São Paulo e no Rio de Janeiro. A fotografia do material é um caso à parte – belíssima. A música é de Dado Villa-Lobos, que foi guitarrista do Legião Urbana.

O documentário é tão bom que evidencia duas temáticas extremamente profícuas e espinhosas: a precariedade do ensino público e o mundo dos adolescentes com seus dramas e preocupações.

Essa bifurcação temática não faz com que “Pro dia nascer feliz” padeça de unidade. Na caixa do DVD, lê-se: “Um diário de observação da vida do adolescente no Brasil em seis escolas”. Ao ler a frase, pensei que o documentário focaria a psicologia do adolescente, sem dar ênfase ao fracassado ensino público.

Mas logo no começo do trabalho as pífias condições físicas de uma escola no interior de Pernambuco são mostradas. A seguir, as pessoas vão entrando em cena.

O mundo escolar é mostrado sem maquiagem – a precariedade, a pobreza, a falta de comprometimento de alguns alunos e de alguns professores, o despreparo de alguns alunos e de alguns professores. O ambiente das escolas é mostrado como um todo. Até uma reunião do chamado conselho de classe é mostrada.

O documentário realiza a difícil “fórmula” de denunciar sem ser bobamente panfletário; é contundente e comedido.

Ao mergulhar nos ambientes juvenil e escolar, João Jardim vai revelando gradativamente alguns dos protagonistas do ensino: há entrevistas com alunos, diretores e professores. Hábil, o diretor conseguiu trazer à tona a densidade daqueles com quem conversou.

Escolas ricas e escolas pobres são visitadas. Em todas elas, a trajetória, as opiniões, os anseios, os sonhos e as ideias dos entrevistados.

Como não se comover com Valéria, 16, que mora no interior de Pernambuco? Ela tem nítido talento para lidar com as palavras – gosta de escrever, fala bem, gosta de ler. Mas é exceção num ambiente em que não são oferecidas condições para o crescimento intelectual do jovem. Como ficar indiferente quando o diretor passa a mostrar a realidade de uma escola frequentada pelos ricos de São Paulo? É muito contraste.

Não bastasse toda a densidade com que já está lidando, o documentário não se esquece de que o mundo da juventude não é só a sala de aula. E, novamente, prevalecem o bom senso e a sensibilidade do diretor, ao abordar a questão de que escola e adolescentes estão num contexto social e familiar que pode ser cruel.

Em meio a tantas dificuldades, talentos são calados, potenciais se desvanecem. Maysa, 16, resume bem: “Às vezes eu acho que é um pouco violento esse jeito como se vive: as pessoas têm que deixar de lado aquilo em que acreditam para se conservar vivas”.

O adolescente num mundo caótico e violento. Sejam ricos ou pobres, fica patente no documentário a fragilidade de jovens que são também vítimas de uma sociedade cheia de desamparo e violência.

A maneira como jovens pobres e ricos expõem seus dramas é sintomática. Com exceções, os pobres não têm a mesma capacidade de articulação verbal dos ricos. Isso acaba sendo mais uma evidência retumbante do fracasso do ensino público.

Incrível, escutar da muito pobre, inteligente e lírica Valéria, aquela de Pernambuco: “Eu deveria ter uma péssima impressão da vida se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver”.

domingo, 18 de abril de 2010

CAIU NA REDE (28)

Pessoas, a edição vinte e oito do Caiu na Rede está no ar. Em breve, linque para que ela possa ser baixada.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SOBRE A SAUDADE

Não desvendo os
mecanismos da saudade.
A única certeza,
é que estás em todos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

CONTO 39

Clarissa não sabe se chora pelas migalhas de felicidade que teve ou pela felicidade a qual pensou que teria. O choro é no presente, mas há todo um passado estilhaçado, todo um futuro desvanecido. Enquanto o choro vai sendo conjugado, suas grandes tragédias e as grandes tragédias do mundo todo, bem como todas as canções e todas as madrugadas, vão sendo destiladas. Ela chora por si e por todos. É quando percebe que lá longe, no horizonte, desponta uma luz que atende pelo nome de manhã. Clarissa quer viver de novo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

FOTOPOEMA 160

SITE DO ESCRITOR MÁRIO NHARDES É INCREMENTADO

Mário Nhardes, pseudônimo de Rusimário Bernardes, lançou em 2009 o livro “Agapantos”, composto de poemas.

Agora, é possível também escutar o autor. Na página dele, há o áudio dos poemas, gravados por ele mesmo. Pode-se baixar o áudio desejado. Há também a possibilidade de se comprar o livro pela internet.

Segundo Mário Nhardes, a página terá brevemente mais atrações, como uma webradio. Nela, os áudios dos poemas serão executados; há também a intenção de se postar entrevista com o autor.

Para conferir, acesse www.nhardes.com/marionhardes.

domingo, 11 de abril de 2010

SHOW CORDAS SOLTAS

Sábado (10/4), no Teatro Municipal, conferi o show Cordas Soltas, com Ivan Rosa (baixo) e Anísio Dias (violão). A noite contou com as participações de Márcia Soares (cantora), Wellik Soares (saxofonista), César Braga (pianista),  Wilmar Carvalho (cantor), Flávio Silva (guitarrista)  e Castor (baterista).

É comum a gente ir a um show e dizer que ele teve um determinado ponto alto. Cordas Soltas teve vários, mesmo tendo sido um espetáculo relativamente curto, cujo repertório teve dezesseis músicas.

Além de músicas compostas por Ivan Rosa e Anísio Dias, executaram Caetano, Tom Jobim, Spyro Gyra, Arthur Maia, Villa-Lobos, Kenny G. e Frank Gambale.

“Ben”, grande sucesso na voz de Michael Jackson quando ele ainda era criança, foi um dos pontos altos do show. A balada pop foi executada somente com Ivan Rosa no palco, num arranjo surpreendente.

“Trenzinho caipira” foi executada com a participação de todos os músicos. O arranjo, contagiante, foi outro brilhante momento do show.

Segundo Ivan Rosa, que é professor e diretor do Conservatório Municipal, é intenção do Conservatório promover, a partir de agora, um show por mês no Teatro Municipal.

Assim seja.

CONFORTO

O maior conforto
que meu corpo pode ter
é o conforto de teu corpo.

QUASE

Sempre estive
prestes a
descobrir
uma grande
verdade.
Eu sou
o quase.

sábado, 10 de abril de 2010

QUE TERROR!

Não acompanhei a cerimônia do Oscar neste ano. Pensei que “Avatar” (de que não gostei) fosse levar os prêmios de melhor filme e  melhor direção. Fiquei surpreso quando eu soube que “Guerra ao terror” havia faturado nessas categorias.

Somente na semana passada é que assisti ao filme de Kathryn Bigelow. Acabei não gostando também. O personagem William James (interpretado por Jeremy Renner), aquele que desativava as bombas, acabou fazendo com que eu me lembrasse de Steven Hiller, interpretado por Will Smith em “Independence Day”.

James não tem o jeitão moleque e garotão de Hiller, mas ambos encarnam o poder bélico americano num ufanismo que, por fim, acaba não surpreendendo. Eu é que comecei a assistir a “Guerra ao terror” pensando que a abordagem seria, de fato, uma outra, em função de críticas que eu havia lido anteriormente.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

FOTOPOEMA 158

LETRA DE MÚSICA (25)

Estou triste.

Triste porque
não estás comigo.
Se estivesses,
eu não estaria.
Se estivesses,
eu estaria contente.
Existe como ser
contente de novo
sem que sejas?
A alegria será
a mesma que foi?
Como serei sem ti?

Estou triste.

Estás longe.
Estivesses aqui,
eu estaria contente.
Como não estás,
não está também
a graça das coisas.
Tu és graça,
tempero
e sabor.

Estou triste.

FOTOPOEMA 157

sábado, 3 de abril de 2010

CAIU NA REDE (26)

Pessoas, a edição 26 do Caiu na Rede está no ar. Caso queiram baixar o programa, cliquem aqui.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

JULIETA VENEGAS


Graças a Shírley Aceval, a quem agradeço, pude assistir ao acústico da cantora mexicana Julieta Venegas. É mais uma produção da MTV.

A rigor, estou conhecendo o universo da cantora de trás para frente. Se ela gravou esse acústico, sintoma de que já tem uma carreira estabelecida e consagrada. Porém, mesmo sem conhecer mais do trabalho dela, escrevo algumas palavras sobre o acústico.

A produção tem os usuais esmero e cenário bonito. No palco, músicos competentes. Julieta, além de cantora, é compositora e instrumentista. Durante o show, toca piano, violão e acordeão (ou seria gaita ponto?).

Dois brasileiros participam do espetáculo: Jaques Morelenbaum, que é maestro e produtor musical, e Marisa Monte, que canta com Julieta a bela “Ilusión”. A composição é de Julieta Venegas; a parte em português é de Marisa Monte e Arnaldo Antunes.

Além da participação de Marisa Monte, vejo também como pontos altos do show as faixas “Mírame bien” e “Lento”. Esta tem uma terna, doce e feminina letra: “Si quieres un poco de mi / Me deberias esperar / Y caminar a paso lento / Muy lento // Se delicado y espera / Dame tiempo para darte / Todo lo que tengo”.

A faixa parece ter sido um sucesso por lá. Mal Julieta começa a cantar, enquanto toca piano, o público começa a cantar junto, num bonito momento. Fiquei com a sensação de que a cantora se emocionou mesmo. Logo nas primeiras palavras, assim que percebe a partição da plateia, Julieta faz uma mínima pausa, deixando transparecer o que me pareceu uma emoção que havia aflorado.

Nos extras, imagens da feitura e dos ensaios, comentados por Julieta, enquanto ela caminha no que deve ser um parque ou uma praça. De pouco adiantou eu assistir a esse material, pois meu incipiente espanhol fez com que eu quase nada entendesse dos comentários dela.

Posso estar escrevendo pelos cotovelos, mas me pareceu haver nela um quê de timidez, o que não compromete de modo algum sua atuação. É uma timidez, seja ela premeditada ou não, que acaba conferindo certo charme e delicadeza à presença de Julieta Venegas.

FOTOPOEMA 154 / LETRA DE MÚSICA (24)