Tive hoje o prazer de reencontrar minha professora da segunda série do primário: Zilma Maria de Brito Cardarelli. (Acho que hoje a segunda série do primário se chama terceiro ano.) Fui aluno da Zilma em 1978. Depois disso, perdemos contato um com o outro. Hoje, ela mora em Uberlândia.
Fui aluno dela na Escola Estadual Frei Leopoldo. Salvo engano, agora se trata de uma escola municipal. Na época, o Frei Leopoldo ficava na rua Minas Gerais, esquina com avenida Brasil. Hoje, na edificação que fica bem na esquina, há um comércio; sobre este, morada residencial. Na edificação cuja entrada fica na Minas Gerais, há uma creche.
Fui aluno dela na Escola Estadual Frei Leopoldo. Salvo engano, agora se trata de uma escola municipal. Na época, o Frei Leopoldo ficava na rua Minas Gerais, esquina com avenida Brasil. Hoje, na edificação que fica bem na esquina, há um comércio; sobre este, morada residencial. Na edificação cuja entrada fica na Minas Gerais, há uma creche.
De vez em quando, eu lecionava para algum aluno de sobrenome Cardarelli. Sempre que isso ocorria, eu, invariavelmente, perguntava. “O que você é da Zilma Maria de Brito Cardarelli?”. Recebendo confirmação de parentesco, eu pedia que enviassem meu abraço para ela.
Lembro-me de que no fim daquele distante 1978, a Zilma me deu uma régua toda invocada, toda cheia de estilo. Eu a usei por vários anos. Acompanhando a régua, um cartão, que ainda tenho. No cartão, a caligrafia tão familiar, tal qual era na lousa — tombada para a direita e muito legível.
Um dos filhos da Zilma está hoje aqui em Patos de Minas. Além de ser formado em artes visuais, ele é músico; logo mais, à noite, vai se apresentar num dos bares da cidade. A família da Zilma e eu combinamos que estaremos por lá, celebrando a música.
No reencontro de hoje, nós nos divertimos quando comentei com a Zilma uma história que ocorrera quando fui aluno dela: tendo visto pela TV alguém usando um casaco sobre os ombros, sem, de fato, vesti-lo, tomei a decisão de ir para a escola paramentado como o cara que eu vira na televisão.
Estava fazendo um calorão danado; para piorar, eu estudava no turno da tarde. Minha mãe bem que tentou me demover da ideia ridícula; eu, teimoso como burro, joguei uma blusa quentíssima sobre os ombros e fui a pé para a escola.
Mal tendo me visto, a Zilma foi logo me perguntando o que eu estava fazendo com uma blusa quente pendurada nos ombros num calorão daquele. Não vacilando, tirou a blusa de meus ombros e fez com que eu a guardasse num vão da carteira entre a parte de cima dela e meu joelhos.
Não me dando por vencido, maquinei um plano: quando chegasse a hora do recreio, eu pegaria a blusa e sairia com ela sobre os ombros. Chegada a hora, peguei a vestimenta, comecei a caminhar de fininho e já fui a jogando sobre as costas.
Minha pressa em ajustar a blusa nos ombros me delatou. Quando eu já estava próximo à porta, a Zilma constatou minha tramoia. Incontinente, pediu que eu me aproximasse da mesa em que ela estava. Cheguei perto. Ela então pegou a blusa, dobrou-a e a guardou no vão da carteira. Fui para o recreio sem a blusa pendurada nos ombros.
A você, Zilma, muito obrigado por tudo. Lembro-me da experiência com o grão de feijão e do macete que você nos passou para que diferenciássemos os sinais “<” e “>”. Eu não poderia imaginar, na época, meu destino profissional. Fico feliz em saber que eu acabaria exercendo a mesma profissão que você exerceu.