segunda-feira, 25 de março de 2019

Sobre vendas de fotos em bancos de imagens

Comecei a fotografar de modo mais intenso em 2004. Três anos depois, passei a vender fotos minhas num banco de imagens, o Alamy. Recentemente, imagens de minha autoria estão à venda também na página da Adobe Stock

Gosto da foto desta postagem. Foi tirada no dia vinte e dois de dezembro de 2005. Está à venda no Alamy, mas foi recusada pela Adobe Stock. A justificativa da Adobe ao não aceitar a imagem: “Percebemos que há pós-processamento e/ou ruído excessivo e, por isso, não podemos aceitá-la em nossa coleção. Artefatos/ruído excessivos podem ser causados por pouca luz, configurações de câmera ruins, forte compactação ou pós-produção excessiva”.

Mesmo levando-se em conta que o registro foi feito com uma Canon EOS 20D, que já produzia ruído com ISO 400, o que usei na captura, a imagem não me parece “ruidosa” demais. Também não havia pouca luz. Quanto às “configurações de câmera ruins”, não sei se estão se referindo ao ISO. Os demais ajustes foram 1/800 e F/8.0. Velocidade de 1/800 e abertura F/8.0, por si, não são problemas, e me pareceram ajustes adequados para o que era minha intenção.

Não haveria sentido argumentar com a equipe da Adobe, tentando fazer com que mudassem de ideia quanto à recusa da foto, pois já haviam explicado possíveis razões para não comercializarem o registro. A imagem, embora tenha passado pelo controle de qualidade do Alamy, não passou no da Adobe Stock. É preciso entender que não há o menor problema na recusa, ainda mais que, no meu caso, o número de aceitações é superior ao número de recusas, tanto no Alamy quanto no Adobe Stock.

Relato essa história a fim de ilustrar que a não aceitação de um trabalho seu por determinado banco de imagens não significa que você seja ruim; além disso, é a recusa que pode fazer com que você busque melhorar. Critérios variam. Isso, obviamente, não pode ser justificativa para que você deixe de buscar a excelência. O Adobe Stock é mais flexível quanto a aceitar contribuições dos usuários, ainda que um número razoável de imagens tenha, a princípio, sido recusado. Quando comecei a comercializar minhas imagens no Alamy, pediam um determinado número de imagens no primeiro envio (não me lembro do número exato de fotos que podiam ser enviadas nessa primeira remessa). Noventa por cento dessas imagens deveriam ser aprovadas, para que o fotógrafo pudesse dar início à comercialização de suas fotos no banco de imagens.

Na busca da excelência, o domínio da técnica, ainda que ele não resolva tudo, é imprescindível para o êxito quando se tem a intenção de fazer registros profissionais. Esse domínio, não raro, é negligenciado; quem assim faz, alega que coisas como intuição, inspiração, olhar e concepção de mundo são mais importantes do que a técnica. De fato, são, mas é preciso entender que a técnica é poderosa aliada de coisas como intuição, inspiração, olhar e concepção de mundo. A técnica não deve ser encarada como algema, mas como ferramenta de libertação, como possibilidade de se ir mais longe no universo da fotografia, ainda que haja recusas no meio do caminho. Sempre haverá recusas. Não somente na fotografia. Bons cliques.