quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CONTO 67

Em tarde quente, Magali se deita na cama. Somente lingeries adornam seu corpo. A janela do quarto está aberta. É quando brisa sutil começa a brincar em Magali, dos pés à inteligência. Na perfeição das carícias, qualquer vestimenta é dispensada. Magali, por fim, entrega-se às lufadas e arremetidas do intruso. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O QUE FALARAM PARA O PATO?

Quando se trata de futebol, o que eu queria mesmo, às vezes, é estar dentro de campo para escutar as conversas. Ou então ter a oportunidade de perguntar aos jogadores ou ao árbitro o que teria sido dito em determinada situação.

Ontem, por exemplo, depois que o Pato perdeu o pênalti, quase todos os jogadores do Grêmio saíram em desabalada correria para fazer a festa com Dida, que sem dificuldade defendera a cobrança do jogador do Corinthians. 

Pato e os jogadores do Grêmio se encontraram antes que Dida fosse "soterrado" sob a montanha de jogadores. Um dos gremistas (salvo engano, Alex Telles) apontou o dedo para o rosto do Pato e esbravejou algo.

O que exatamente teria dito o jogador para o Pato? O gesto do atleta do Grêmio não passou a ideia de ironia. Talvez ele tenha vociferado que não era hora de fazer gracinhas ou algo assim; ou talvez tenha mandado o Pato para algum lugar. Nas entrevistas depois do jogo, não houve quem matasse minha curiosidade... 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

MINHA CIDADE

Tu és a cidade que escolhi para morar.
És o lugar onde me sinto em casa.
Percorro tuas ruas, alamedas, curvas.
Tu és meu endereço, és a cidade em
que há sempre um quarteirão inédito.
Reparo nas esquinas, mudo o trajeto;
chegada a hora de voltar para casa,
a cidade me recebe de portas abertas. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DÉBITO

Devo a tudo e a todos
qualquer verso.

Não há como saber de todas
as influências 
que enviamos
e que recebemos.
Sei que devo 
qualquer palavra 
a tudo quanto há.

Devo a Borges este poema, 
mas não o devo menos a ti 
nem ao Cerrado 
nem a qualquer mulher 
que só vi uma vez 
e de que já me esqueci. 

FOTOPOEMA 337

terça-feira, 15 de outubro de 2013

CURSO DE FOTOGRAFIA

Para mais informações ou para se inscrever, gentileza comentar esta postagem (seu comentário não será divulgado).

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SEM CABIMENTO

É preciso que a falta que sinto de ti caiba num verso.
É preciso que a saudade que sinto de ti caiba num poema.

Pequeno é o verso.
Pequeno é o poema.

Não coube a falta, não coube a saudade.
Fica sabendo: o que sinto não tem cabimento.

SENHOR ALCENIR




Este é o senhor Alcenir, que já foi fotografado também pelo amigo Aldo. Alcenir é conhecido como Ceni (tônica no “i”); mora na fazenda que pertence à família do Aldo.

Assim que cheguei à casa onde Ceni vive, pedi a ele autorização para fotografá-lo. De imediato, permitiu. Tirei uma foto e a mostrei para ele; rindo, queixou-se da barba, que, segundo ele, está grande.

O legal de fotografá-lo é que ele não se preocupa em fazer poses. Essa não preocupação pareceu maior ainda quando eu disse a ele que era para agir como se eu não estivesse lá. Ele, que por natureza já não é dado a poses, acabou, de modo espontâneo, ofertando-me grandes oportunidades para fotografias. A ele, muito obrigado. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

POLÍTICA 0 x 0 FUTEBOL

No geral, o brasileiro não sabe separar o torcedor de futebol do eleitor. No futebol, muitas das vezes, a pessoalidade e a paixão fazem com que qualquer vestígio de razão se evapore. O mesmo se dá na política.

O futebol tem interesses espúrios de que o torcedor nem se dá conta. A política, idem. Ingenuamente, fica-se postando em redes sociais truísmos do tipo “se você é contra a corrupção, compartilhe”. 

Ora, são raros os cidadãos que assumiriam serem a favor da corrupção, ainda que a pratiquem. Não é compartilhando obviedades no Facebook que se muda um país. Não é se comportando na política como um torcedor de futebol que se muda uma cidade. 

Como um todo, o brasileiro não analisa: rosna, seja defendendo o candidato “x”, seja atacando o candidato “y”. Exemplo disso tivemos hoje aqui na Terra dos Patos de Minas, durante votação na Câmara Municipal.

O plenário estava lotado. Um extraterrestre poderia supor se tratar de melhora na participação popular dos terráqueos em questões políticas. Mas logo, logo esse extraterrestre perceberia que a lotação no plenário não era muito diferente da lotação em um estádio de futebol.

Perde, como é usual, a cidade. Não somente pelo comportamento primitivo dos eleitores, mas também pelo fato de a denúncia contra o prefeito local ter sido arquivada. Há tempos, fala-se, por aqui, em uma terceira via política que fugisse das duas que governam o município.

Eu gostaria demais de uma terceira e genuína possibilidade, mas não sou otimista. As últimas eleições para prefeito mostraram que o estádio esteve lotado de velhos e jovens torcedores dispostos a assistir ao mesmo futebol, sempre vociferando, num jogo em que qualquer coisa que se pareça com política de verdade é o que sai perdendo.

SEM OVO

Lições para a vida podem ser extraídas de qualquer coisa. Com o futebol não seria diferente. Ele também pode ensinar. 

O ditado popular diz que não se pode contar com o ovo no c... da galinha antes de ele ter dado as caras. Lição sábia e antiga. Não que ela seja sábia por ser antiga, pois nem todos os que são antigos são sábios.

Fiquei com a impressão de que o Willian, jogador do Cruzeiro, ao ver o gol escancarado diante de si, já contava com o ovo. Ou com o ouro, pois, reza a lenda, algumas galinhas o botam. O lance de Willian não teve ovo de colombo.

O jogador se justificou no intervalo: “No lance, cheguei muito rápido e tentei chutar forte. Como o campo está molhado, a bola tocou no tornozelo e foi na trave”. 

É claro que pode ter sido assim. Todavia, fiquei com a impressão, talvez injusta, de que antes mesmo de a bola se encontrar com a rede, o atleta pensou que já teria... botado para quebrar. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SERRA PELADA

Revolve a terra.
Utopia, eldorado, 
elísio, paraíso.
Em busca telúrica,
fere a crosta.
Os sonhos têm quilate.

A busca pelo ouro.
A busca pelo outro.
Sedento, caminha:
até remove montanhas.

Não tem mulher, 
não tem cachaça.
Por ora, tudo o 
que seduz é ouro. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

VERSÁTIL

O cientista pode habitar 
o poeta.

O pintor pode habitar 
o físico.

A casa da gente é cheia de 
cômodos não habitados. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

VOCÊ

Você me acende.
Você me ascende.

Você me move.
Você me comove.

Você me leva.
Você me enleva.

Você me inspira.
Você me pira. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

CRUZEIRO 4 x 0 PORTUGUESA

Dizer que o Cruzeiro ainda não ganhou o campeonato não é questão de falsa modéstia. A rigor, de fato, nada foi ganho. Falsa modéstia seria dizer que a Raposa não é favorita, sendo que mesmo as plantas sabem que o time de BH tem muita chance de ser o campeão brasileiro de 2013.

Até agora, os resultados do time deixam a impressão de que a equipe não entrou no clima do já-ganhou. Há pouco, no Mineirão, as cinco estrelas brilharam e derrotaram a Portuguesa. Nada está ganho, porém muito já foi conquistado. De pouco valerá esse muito se o time arrefecer; não arrefecendo, pode confirmar o título bem antes da última rodada do torneio.

A primeira chance foi da Portuguesa — Fábio defendeu. Souza, quando a Portuguesa já estava perdendo, chutou uma bomba no travessão do goleiro cruzeirense. Fábio ainda faria uma outra defesa no primeiro tempo. O Cruzeiro, por sua vez, aproveitando-se ou de erros de saída da Portuguesa ou de rebotes não aproveitados pelo adversário, já havia resolvido a partida aos vinte e nove do primeiro tempo.

Também há pouco, o Grêmio derrotou o Atlético Paranaense, de modo que a diferença entre Cruzeiro e Grêmio continua sendo de onze pontos. Enquanto digito este texto, o Botafogo está empatando com o Fluminense em um a um. Caso o Botafogo vença, chegará, a exemplo do Grêmio, a quarenta e cinco pontos, ficando, também, a onze pontos do Cruzeiro. 

APONTAMENTO 184

A leitura intimida minhas fraquezas e elucida minhas forças.