No sábado à tarde, fui ao shopping. Já de saída, no estacionamento, procurei pela chave da moto. Ela não estava no bolso em que era para estar. Vasculhei os demais bolsos. Nada. Já acreditando em tê-la perdido, cogitei pegar o elevador e voltar aos lugares onde havia estado, reparando no trajeto percorrido e nutrindo a esperança de achá-la.
Foi quando me deparei com um papel enrolado no suporte do retrovisor direito. Nele, um bilhete. O papel era do tíquete do estacionamento; no verso do comprovante, havia mensagem de que eu esquecera a chave na moto. Para reavê-la, bastaria procurar os seguranças do shopping. Pude mesmo recuperar a chave quando os procurei.
Desde então, tenho pensado na honestidade e na bondade da moça que entregou a chave para o segurança (foi ele quem me disse que era uma moça). Dentro da moto estava meu capacete. A pessoa poderia ter destravado o banco e levado o capacete, ainda que deixasse um bilhete dando notícia sobre a chave. Ou poderia até mesmo ter levado a moto. Afinal, quando a cancela é aberta, há tempo para que duas motos passem. Ela poderia ter saído em minha moto; depois, voltaria e buscaria a dela.
Como isso não ocorreu, este texto é um agradecimento ao bonito gesto da moça. É pouco provável que ela me leia; mesmo assim, fica o registro do quanto sou grato a ela, que escreveu no bilhete: “Vc esqueceu sua chave na moto. Sua chave está com os seguranças do shopping”.