sexta-feira, 1 de novembro de 2013

BOLAS MURCHAS

Alguns técnicos do primeiro escalão do futebol brasileiro são ríspidos, mal-educados e despreparados para lidar com a imprensa. Claro que a imprensa também tem profissionais sem preparo e mal-educada. Mas isso não justifica a atitude asquerosa de alguns técnicos.

Querem ganhar no grito quando não têm argumento para lidar com perguntas sensatas, e sensatez não é o mesmo que desrespeito, nem é falta de ética. Quando há pergunta que fuja da bajulação, ou os técnicos se esquivam, indo, literalmente, embora, ou se valem de bravatas incongruentes.

Ontem, foi a vez de Felipe Scolari dar seu showzinho. O episódio ocorreu no momento em que, durante a coletiva, foi abordada a decisão do atleta Diego Costa, nascido em Sergipe; ele vestirá a camisa da seleção espanhola.

Quando o repórter Sérgio Rangel, da Folha de S.Paulo, argumentou com Scolari que ele já havia treinado a seleção de Portugal, o técnico, truculento, tergiversou e não respondeu à pergunta do repórter, que indagara ao técnico qual a diferença entre o caso dele, Scolari, e o de Diego Costa.

O técnico disse que a pergunta era “ridícula” e que havia uma “desconexão total” entre o fato de ele ter sido técnico da seleção portuguesa e o fato de Diego Costa decidir jogar pela seleção espanhola. Tivesse tido uma atitude que não fosse a do prepotente, Scolari poderia ter aproveitado o momento para assumir que estava incorrendo, no mínimo, em paradoxo.

Mas, pensando bem, estou querendo demais ao exigir tato e humildade de gente como Leão (embora muitos não o considerem mais como pertencente ao primeiro escalão de técnicos), Muricy, Luxemburgo e Scolari. A competência que têm como treinadores não desemboca no trato que têm com outros profissionais.

Quanto ao jogador Diego Costa, cabe a ele decidir por que seleção vai atuar. E se as razões forem financeiras, não há o menor problema nisso. Assim como não há o menor problema em Scolari e Parreira terem sido técnicos de seleções estrangeiras.

Lembro-me até hoje da dupla Diego (que não é o Costa) e Robinho, ambos naquele time do Santos, dizendo, no calor de uma conquista, que jamais deixariam de jogar no Peixe. Não agiram incorretamente ao decidirem pescar noutros rios.