quarta-feira, 29 de outubro de 2014

COPA DE MINAS?

Esboça-se um final de Copa do Brasil entre Cruzeiro e Flamengo. Mas um esboço não é desenho pronto; não há nada que impeça, por exemplo, uma final entre Santos e Atlético. O torcedor do galo ainda tem recente na memória a classificação contra o Corinthians. A despeito do desenho que se insinua, o de uma final entre Cruzeiro e Flamengo, prefiro uma decisão entre Cruzeiro e Atlético. 

O (GRANDE) PRÍNCIPE

1
É sabido, Niccolo:
tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que lês.
2
É sabido, Antoine:
tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que ativas. 

HAICAI TECNOLÓGICO

Vi no Youtube.
Súbito, saquei:
maktub. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

TRIBUTO A VICENTE E LOURDES

Nos dias 27 e 28 de setembro, tive o privilégio de registrar as celebrações de 100 anos do senhor Vicente Nepomuceno, de 88 anos da senhora Lourdes Nepomuceno e de 70 anos de casados deles. Ainda que com atraso, minha homenagem para os dois. 

FLAMBOAIÃS

Hoje pela manhã, estive na Escola Estadual Deiró Eunápio Borges, divulgando o processo seletivo do Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação do Triângulo Mineiro (IFTM) para o ano que vem. No caminho, passando pela avenida Afonso Queiroz, impossível não reparar nos flamboaiãs. Hoje à tarde, fui até lá, onde tirei as fotos deste álbum.








APONTAMENTO 222

Por favor, relevem a repetição, mas volto ao Borges. Ele escreveu que o pai dele era um homem inteligente; logo, gentil. Borges escreveu sobre um homem, mas tomo a liberdade de estender o critério para o coletivo. A confirmação da gentileza como sintoma de inteligência, eu sempre a tive no nordeste, onde já estive oito vezes. Caso se leve em conta o critério borgiano, os nordestinos são geniais. Não só por isso, preciso voltar à região. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

FOTOPOEMA 359

ENQUANTO ISSO, EM PATOS DE MINAS...

A atleticana Dilma venceu o cruzeirense Aécio em Patos de Minas nos dois turnos das eleições. No primeiro turno, ela obtivera 34.225; ele, 31.834. Na votação de ontem, o patense votou assim, segundo o divulgado pelo Patos Hoje: Dilma obteve 40.254 votos; Aécio, 39.149.

Apesar da vitória de Dilma aqui em Patos de Minas no primeiro turno, pensei que ela não ganharia na cidade no segundo. Pimentel já obtivera a maioria dos votos dos patenses na eleição para governador. O que não há como saber é se isso é circunstancial ou se é sinal de mudança no modo local de votar, uma vez que o PT geralmente não vencia por aqui. 

domingo, 26 de outubro de 2014

DILMA REELEITA

Globo, Veja, Jovem Pan, Uol, jornal Estado de Minas, jornal Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Tim... Ainda não conseguiram. Dilma (cujo nome uso como metonímia) ganhou a eleição contra todos eles. Isso é ótimo, não somente pela vitória da presidente em si, mas também por ser mais uma prova (a exemplo do que ocorreu em 2010) de que, embora sejam muito poderosos, esses meios de comunicação não tiveram, nem em 2010 nem em 2014, o poder avassalador que já tiveram (esse poderio pode ser recuperado).

Como já previsto antes de a campanha política começar, foram eleições que transformaram redes sociais em guerra virtual. O clima de intolerância e de ranço, que até então era velado ou era menos expressivo, deu as caras na internet e nas ruas, provando que milhões não querem debater, mas reproduzir e continuar exercendo preconceitos seculares.

Detratores do PT, seja por má-fé, seja por ignorância, têm os argumentos: quando não é a corrupção, que existe nos dois partidos, vêm com aquela história de implantação de ditadura, de comunismo, de Cuba. Enquanto seguem com essa monocórdica balela, o governo petista é eleito democraticamente pela quarta vez.

Se comparado com o de 2010, o clima de recrudescimento aumentou neste 2014. Imprensa e meios de comunicação interesseiros e rancorosos estão mais vorazes do que nunca. Proclamada a vitória da petista, já começaram os ataques. Há várias empresas de “informação” semelhantes às que mencionei acima. Fiquemos atentos a elas todas e continuemos buscando outras possibilidades de informação.

A internet trouxe mais opções quando se tem o interesse em saber o que tem ocorrido. Qualquer pessoa pode informar ou opinar (o que é ótimo). Isso deixa a veiculação de conteúdos muito pulverizada. Parece-me que justamente essa pulverização é que faz com que Globos, Vejas e que tais ainda sejam influentes: não há como o cidadão, considerado individualmente, ser mais poderoso do que as tentáculos das empresas que citei.

Mas o Brasil não é feito só de Globos, Vejas e congêneres. Existem Fórum, Carta Capital, Pragmatismo Político, Dilma Bolada, Jeferson Monteiro, Luis Nassif, Viomundo, Cynara Menezes, Pablo Villaça... São cidadãos e empresas que simbolizam um Brasil que é bonito, corajoso, lúcido, talentoso, inteligente e bem-humorado. 

Não se incomodam em ver negros na universidade, não se incomodam quando o jardineiro compra um bom carro, não se incomodam quando a empregada doméstica usa um sapato que tem o mesmo preço do sapato usado pela patroa. Não estão a serviço dos próprios umbigos. São a favor do Brasil. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O RICO

Eleitores têm dito que não votam no Aécio por ele ter vindo de família rica, por ele supostamente ter dito que, quando jovem, nunca arrumou a própria cama, que tinha duas empregadas domésticas. Dizem não votar nele por ele ser um dândi que gosta das noites cariocas...

Não voto em Aécio. Não pelas razões acima. Eu não deixaria de votar na Dilma se ela tivesse vindo de família rica. Não é o fato de Aécio ter vindo de família rica o que o torna impalatável para mim. Relevem a obviedade: há ricos legais e há pobres insuportáveis; há ricos insuportáveis e há pobres legais.

Ainda que Aécio não tenha construído aeroporto(s) para a família, ainda que Aécio não se envolva com cocaína, ainda que Aécio seja um trabalhador que tenha aumentado com honestidade, garra, pujança, sagacidade, coragem, impetuosidade, ousadia e inteligência o patrimônio dele e da família, não voto nele.

A herança financeira que Aécio recebeu não é da nossa... conta. Já a herança política dele é. A herança político-ideológica dele é da nossa conta pela simples razão de que a política está ligada à comunidade, não ao dinheiro acumulado pela família de um candidato (a não ser que esse ganho financeiro tenha sido conseguido mediante dano a dinheiro público).

Aécio Cunha, pai de Aécio Neves, era da Arena, partido que apoiava a ditadura militar. Neves, ao se referir ao golpe militar de 64, chama-o de “revolução” (Dilma o chama de... golpe). Militares que apoiam a ditadura militar estão com Aécio e criticaram Dilma. Essas questões, sim, dizem respeito a todos, pois são questões do País, são questões não particulares.

Não consigo votar num candidato que tenha uma proposta neoliberal. O meu “não” a Aécio não é por ele ser rico. Se no lugar dele houvesse um candidato pobre (ou que tivesse sido pobre) que defendesse os princípios do neoliberalismo, ele não teria meu voto; não por questões financeiras, mas “simplesmente” por ser neoliberal.

Em postagens anteriores, já dei justificativas para meu voto. Elas são o oposto do que a política neoliberal fez com o Brasil da década de 90; não preciso repeti-las, pois, nesse caso, um lado da moeda permite que se deduza o outro. Este texto é uma justificativa para o não voto em Aécio, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, mais uma para o voto em Dilma. 

O RETRATO DA IMPRENSA

O dono de um jornal grande tem o direito de dar à sua empresa a orientação política que ele bem desejar. Também tem o direito de se manifestar como cidadão em qualquer ato político. O portador do cartaz que ilustra esta postagem é Fernão Lara Mesquita, dono do jornal O Estado de São Paulo. Quem tirou a foto foi o famoso Tutinha, dono da Jovem Pan. Ele publicou a imagem em seu Instagram.

Minha crítica não é contra a participação de Fernão e de Tutinha em ato político. Critico, sim, o modo como tornaram pública a participação que tiveram. Não é preciso dizer o quanto o cartaz é tosco e desrespeitoso. Insisto: não necessariamente na ideia que porta. Pode-se, é claro, discordar da política feita na Venezuela (ou no Brasil). A questão é que os dizeres do cartaz revelam destempero e ódio.

Estas eleições se caracterizaram pela saída do armário de quase todos os meios de comunicação grandes. Abandonaram sutilezas, deixaram escancarado o quanto são despreparados e ressentidos. Ainda bem que não dependemos deles para saber o que está acontecendo. Estão interessados em divulgar os interesses das empresas que detêm, valendo-se, não raro, de um tom vergonhoso. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CANÇÃO PARA TI

Dó,
ré,
mi,
sou. 

LITERATURA PRIVADA

O poema conheceu praticamente todas as minhas calças. Eu o escrevi há alguns dias. Durante a feitura, eu não estava em casa. Sendo assim, dobrei o papel e o coloquei no bolso traseiro. Naquele dia, tendo trocado de roupa após o banho, peguei o poema e o coloquei no bolso de trás de outra calça.

O ritual foi assim até o dia de hoje; à tarde, o poema elegeu para si um novo destino. Por certo, cansou-se de minha procrastinação em passá-lo a limpo. Sem ser burilado, ele ia sendo amassado. Não se deve ignorar o que se conquista.

Assim que me pus de pé, dei-me com o poema. Era possível ler a caligrafia azul sobre a superfície do papel dobrado. O Drummond recomendou: “Não colhas no chão o poema que se perdeu”. Não o colhi. Mas foi com pesar que dei descarga. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

OUTRO CARCARÁ

Preciso voltar a fotografar estas criaturas, pelas quais tenho tanto fascínio. Enquanto isso, uma foto antiga, tirada em dezessete de setembro de 2005.

POR QUE DIGITO "13" (MAIS ALGUNS MOTIVOS)

Antes de alegar corrupção contra algum partido, qualquer simpatizante de qualquer um dos partidos que disputam a eleição presidencial deveria ter a noção de que houve corrupção de ambas as partes. A diferença é o tratamento que se dá a ela: os grandes meios de comunicação abafam ou minimizam a corrupção no PSDB, e a amplificam quando é no PT.

O que deveria haver é punição em ambos os lados. De qualquer modo, para os incautos que queiram saber de alguns delitos do PSDB, confiram este “link”. Os do PT estão em qualquer edição da Veja; os do PSDB, não.

Em postagem anterior, publicada também no Facebook, elenquei algumas razões pelas quais voto em Dilma. Nesta postagem, cito mais alguns motivos que justificam meu voto.

Antes de listar esses motivos, devo, de antemão, dizer que sou contra o neoliberalismo defendido pelo PSDB. Lembro-me de que, certa vez, em Belo Horizonte, num encontro de professores, o nome do Michel Camdessus apareceu num texto. Quanto alguém perguntou quem era Camdessus, respondi que ela era o diretor do Fundo Monetário Internacional.

É nítida em minha memória a época em que o nome do presidente do FMI estava todos os dias no noticiário econômico nacional. Isso não foi há muito tempo; historicamente, foi ontem. O PSDB e seu neoliberalismo faziam com que o Brasil se tornasse refém de órgãos econômicos internacionais. Foi no governo do PT que o Brasil se livrou da dívida externa.

Há dois modelos econômicos em disputa. Eu me decidi por um. Lembro-me do País no período militar, fui testemunha da redemocratização, acompanhei o engodo Collor (não votei nele), passei pela ascensão do neoliberalismo e vivenciei os anos do PT no governo federal.

Nesta postagem, vou me valer de um texto de Najla Passos. Foi publicado no sítio da revista Fórum. Na postagem, Passos assinala nove diferenças entre os modelos econômicos do PT e do PSDB. Em breve, pretendo mencionar outro texto: este, de Cynara Menezes. Por agora, os comparativos de Najla Passos:

1 – Inflação

O governo do PSDB sabe o pânico que o brasileiro tem da inflação, que durante décadas corroeu salários e reduziu o poder de compra do trabalhador e cujo recorde, em 1993, chegou a 2.477% ao ano. É por isso que usa a mídia que lhe serve para atemorizar o povo dizendo que a inflação está fora de controle. Isso não é verdade. Durante o governo FHC, o PSDB conseguiu reduzir a inflação a 1,6% em 1998, às custas de juros altos e muito arrocho para o trabalhador. Mesmo assim não conseguiu mantê-la neste patamar. Quando eledeixou a presidência, a inflação batia a casa dos 12%, quase o dobro dos 6,5% que temos hoje com Dilma, que a manteve sempre dentro das metas, mesmo aumentando os salários e garantindo mais direitos aos trabalhadores. A principal diferença entre os dois modelos, portanto, é quem paga a conta pelo controle da inflação. E no modelo do PSDB, certamente é o trabalhador.

2 – Desemprego

No governo FHC, a orientação da política econômica foi a da estabilização da moeda. No governo Lula, o crescimento econômico simultâneo à distribuição de renda. No governo Dilma, é a manutenção do emprego combinada com baixa taxa de juros. Não por acaso, em 4 anos, Dilma criou mais postos de trabalho do que FHC em 8: uma média de 1,79 milhões ao ano, nos governos petistas, contra a média de 627 mil ao ano, na era tucana. O Brasil de Dilma tem as menores taxas de desemprego da sua história: 5,4% em 2013, contra 12,2% em 2002. Isso deixa os donos do capital furiosos. É que os empresários não gostam que o governo mantenha o desemprego baixo porque isso gera poder de barganha para o trabalhador. Os economistas do PSDB, a eles atrelados, dizem até que “uma certa taxa de desemprego faz bem à economia”. Já o PT defende que é possível crescer aumentando os salários para distribuir renda, o que é confirmado pela experiência dos últimos 12 anos.

3 – Salário

As diferenças entre as políticas públicas tucanas e petistas para o salário mínimo ficam claras com os números. Em 2002, o mínimo era de R$ 200, o equivalente a 1,42 cesta básica. Hoje, é de R$724, o que permite comprar 2,24 cestas básicas. Uma mudança e tanto no poder de compra do trabalhador, que, combinada com programas sociais, ajudou mais de 50 milhões de brasileiros a saírem da pobreza. O salário mínimo, hoje, também tem maior participação no PIB: atinge 34,4%.

4 – Juros

No auge da crise de 1998, a maior enfrentada pelo governo do PSDB, a Taxa Selic chegou a 45%. Ou seja, o grande investidor que tinha R$ 1 milhão em aplicações ganhava R$ 450 mil só deixando o dinheiro no banco. O presidente do Banco Central, à época, era o mesmo Armínio Fraga, responsável pela elaboração do programa econômico de Aécio e cotado por ele para reassumir o órgão. Já nos governos do PT, os juros sempre registraram patamares inferiores. A presidenta Dilma mudou as regras da poupança e usou os bancos públicos para pressionar os privados a baixarem os juros. Mas quando reduziu a Taxa Selic para 2%, enfrentou uma poderosa campanha midiática para que eles voltassem a subir: a campanha do tomate, focada no preço sazonal de um único produto. Com a posterior mudança do cenário internacional pós-crise, acabou tendo que ceder e elevar as taxas, que hoje estão em na casa dos 11% ao ano, ainda bem distantes dos 45% do governo FHC.

5 – Dívida pública

O perfil da dívida brasileira mudou muito do governo do PSDB para o do PT. Na era tucana, a divida era externa, cobrada em dólar. E FHC fazia qualquer coisa para perseguir o superávit primário destinado a pagar seus altos juros: ajustes fiscais, demissões, reduções de direitos. Além de que mantinha o país subjugando às exigências do FMI. Os governos do PT saldaram os débitos do país com o FMI. Agora, a dívida é interna. Pode ser rolada e controlada com a emissão de mais títulos e até mais moeda. Além disso, vem diminuindo significativamente seu peso no orçamento.

6 – Política industrial

A desindustrialização atingiu quase todo o mundo no pós-crise econômica mundial de 2008. Os Estados Unidos, só agora, conseguiram retomar o nível de industrialização de 2006. A Itália apresenta um índice 20 pontos menor. O Brasil, no entanto, cresceu 11%, um dos maiores patamares conforme a OCDE, ao contrário do que martela a mídia comprometida com a oposição. Nestas eleições, são dois modelos em disputa. O PT propõe a manutenção do ativismo da política industrial e recuperação das suas potências, com papel forte do Estado e coordenação das políticas (desenvolvimentismo). Já o PSDB propõe a perda do ativismo e da potência, com o Estado sendo substituído pelas forças do mercado. Na contramão do mundo, volta a pregar a total abertura às importações sem preparar a indústria nacional para a competição. Um modelo que já não deu certo nos anos 1990.

7 – Consumo e desenvolvimento

No modelo do PSDB – centrado no estado mínimo, privatizações e controle privado da economia – a taxa de investimentos chegou a atingir 15,1%. Mas nos governos do PT, com o Estado mais forte, ela subiu e hoje já registra 19,5%. É claro que o modelo de crescimento petista também é baseado na ampliação do mercado interno. Mas ao contrário do que dizem os críticos, pelo menos desde 2007, com a criação do PAC, o investimento passou a ter maior participação no crescimento do que o consumo. Portanto, é falacioso esse papo da oposição de que o crescimento brasileiro se sustenta apenas na ampliação do mercado interno, um modelo que já estaria esgotado.

8 – Política externa

Durante o governo do PSDB, o foco da política externa brasileira era o relacionamento diplomático e econômico com os países desenvolvidos, onde o Brasil era sempre a parte mais fraca e sem grandes poderes de barganha. Já os governos petistas fortaleceram as relações Sul-Sul, com o Mercosul, Brics e Unasul, que o deixaram menos suscetível às exigências dos grandes. A proposta do PSDB, no entanto, é retomar o foco anterior. Para a cúpula econômica tucana, o Mercosul dá prejuízo e o Brasil nem deveria manter relações com países que classificam como “bolivarianos”. Já o PT defende a ampliação do modelo, com a criação e fortalecimento do Banco dos Brics e cada vez mais independência dos desenvolvidos e mais solidariedade entre os iguais.

9 – Missão do BNDES

No governo do PSDB, a principal missão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES) era sanear as empresas públicas destinadas à privatização e financiar os investidores que iriam adquiri-las, no chamado Programa Nacional de Desestatização. Portanto, era usado para ajudar a reduzir o estado e o patrimônio do povo brasileiro. Em 2002, seu lucro foi de R$ 550 milhões. No governo petista, a missão do BNDES é incentivar o crescimento, investindo nas empresas brasileiras de todas as áreas. No governo Dilma, 93 das 100 maiores empresas brasileiras receberam recursos do BNDES. Das 500 maiores, 480 foram contempladas. Em 2013, seu lucro foi de R$ 8,15 bilhões.

(Fonte: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/10/9-diferencas-entre-os-modelos-economicos-psdb-e-pt/.) 

sábado, 18 de outubro de 2014

ARREPIO

O relevo da pele se modifica: estou arrepiado.
Os pelos eriçados são como a ponta da montanha de gelo.
Acredito em superfícies se houver história sob elas.
Tu és a história que minha pele conta. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O BRASIL QUE ODEIA

A Folha de S.Paulo noticiou ontem que Aécio teria debochado de Dilma após o mal-estar que ela sentiu depois do debate promovido pelo SBT. Em conversa com Marina Silva, o tucano teria dito: “Deu o desespero. Viu que ela passou mal?”. Isso não surpreende. O mundo está cheio de pessoas que debocham, por exemplo, de tombos ou que torcem para que a doença de alguém se agrave. Lembro-me de que quando o Lula foi diagnosticado com câncer, houve quem publicasse em blogues desejar a morte dele.

Se comparado com o do médico Milton Pires, do Rio Grande do Sul, o comentário de Aécio soa como inocente trecho de contos de fadas: Pires, sabedor de que Dilma tivera um mal-estar depois do debate, postou no Facebook: “Tá se sentindo mal? A pressão baixou? Chama um médico cubano, sua grande filha da puta!”. Como era de se esperar, a postagem obteve muitas curtidas. Segundo o Pragmatismo Político, Pires é funcionário da prefeitura de Porto Alegre. O comentário postado pelo médico mostra o nível que tem havido no “debate”. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O MARCADOR

Passei muitos anos cheio de mesuras, recusando-me a marcar meus livros. Para ter acesso mais rápido a trechos que eu curtia, eu os datilografava. (Se algum jovem ler este texto, que consulte na internet sobre datilografia.)

Veio o dia em que perdi os escrúpulos; desde então, tenho marcado os trechos de que gosto. Nessa história, as releituras são curiosas: não me arrependo dos trechos que marquei em leituras prévias, mas me surpreendo por não ter marcado tantos outros.

Isso ocorre com muita frequência quando releio Borges; quanto mais o releio, mais vou marcando as páginas. Que meus dias sejam numerosos; se forem, pressinto que acabarei marcando cada parágrafo e cada estrofe do portenho. 

MARINA É A DERROTADA

Independentemente de quem ganhe as eleições presidenciais, Marina Silva é a grande derrotada. Não somente por não ter avançado para o segundo turno. Luciana Genro também não avançou, mas deixa uma imagem positiva — pelo menos para aqueles que defendem pautas progressistas.

Não estou aqui decretando o fim da carreira política de Marina. Além do mais, boa parte dos eleitores não querem se informar ou se informam pelos mesmos poderosos meios, que, no futuro, podem abarcar novamente a candidatura dela.

Da subserviência a Malafaia à mendicância pelo apoio de Mark Ruffalo, Marina deixa estas eleições passando a imagem de alguém que é menor do que o cargo que estava disputando. O dano que suponho ter ficado na carreira política dela não seria menor, presumo, se ela estivesse apoiando Dilma.

Qualquer político, e isto é inevitável, está atrelado a uma série de interesses. Ao lidar com eles, a candidata do PSB acabaria numa teia de contradições que negava as causas outrora defendidas por ela. Ao querer servir a vários senhores, deixou a imagem ruim de quem não é senhora de si. Mas trata-se de política: a derrota pode ser momentânea. 

ZODÍACO

Tudo são signos.
Sou de outubro.
Ela se abril.
Entrei e fiquei 
até o fim do ano. 

ATLÉTICO/MG ELIMINA O CORINTHIANS

Quando o Corinthians fez o primeiro gol, logo no começo do segundo tempo, vaticinei: o Atlético está fora. Ainda pensei: “Atlético e Cruzeiro são fregueses do Corinthians” (sou cruzeirense), principalmente quando há mata-mata. Meu vaticínio não se fez. Não há nada escrito com antecedência, não há nada perdido antes que o apito final soe. Também por isso o futebol ensina, também por isso o futebol é fascinante. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

APONTAMENTO 221

Em Minas Gerais, desejar aos professores um feliz dia e dizer que vota no Aécio é contradição em termos. 

UM TRECHO DE BUKOWSKI

Em postagem anterior, discorri sobre trecho do Charles Bukowski. De tanto reler as palavras do escritor, decidi gravá-las. A tradução é de Marcos Santarrita; a trilha sonora está disponível em freplaymusic.com.


“Ora, tudo que posso dizer é que existem bilhões de mulheres no mundo, certo? Algumas bem vistosas. Muitas muito bonitas. Mas de vez em quando a natureza nos sai com um truque bestial, reúne todos os atributos numa mulher especial, uma mulher inacreditável. Quer dizer, a gente olha e não acredita. Tudo se move em perfeita ondulação, mercúrio, serpente, a gente vê umas cadeiras, um cotovelo, uns peitos, um joelho, e tudo se funde numa unidade gigantesca, um todo inesquecível, com aqueles olhos lindíssimos a sorrir, a boca meio descaída, os lábios imóveis como prontos para estourar numa gargalhada, pela sensação de impotência da gente. E elas sabem se vestir, e o cabelo longo incendeia o ar. Tudo demais, porra”. 

APONTAMENTO 220

Ah, a retórica... Ela pode ter o lado ruim: muita gente adora falar bem do dia dos professores. Até mesmo alguns alunos que em sala são desrespeitosos com quem ensina. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

"ESTRAGUE" O TEXTO

O Bandeira escreveu que a poesia é a “nódoa no brim”. De modo correlato, o texto literário precisa ser “estragado”, é preciso “avacalhar” a feitura dele; a “nódoa” é um dos ingredientes quando se compõe um tecido literário. O grande escritor sabe “manchar” o texto dele.

O Charles Bukowski não é um autor lírico; pelo menos, não no sentido tradicional do termo. Isso não quer dizer que não haja poesia no trabalho dele. Um texto pode ser poético sem se valer do lirismo. Do Bukowski, o conto “A mulher mais linda da cidade” é um exemplo disso: não tem lirismo, mas tem poesia. Do autor, estou lendo “Pulp”, o último livro publicado por ele. Segundo a tradução de Marcos Santarrita, há em “Pulp” o seguinte trecho:

“Aí a porta se abriu de repente. E entrou a tal mulher.

“Ora, tudo que posso dizer é que existem bilhões de mulheres no mundo, certo? Algumas bem vistosas. Muitas muito bonitas. Mas de vez em quando a natureza nos sai com um truque bestial, reúne todos os atributos numa mulher especial, uma mulher inacreditável. Quer dizer, a gente olha e não acredita. Tudo se move em perfeita ondulação, mercúrio, serpente, a gente vê umas cadeiras, um cotovelo, uns peitos, um joelho, e tudo se funde numa unidade gigantesca, um todo inesquecível, com aqueles olhos lindíssimos a sorrir, a boca meio descaída, os lábios imóveis como prontos para estourar numa gargalhada, pela sensação de impotência da gente. E elas sabem se vestir, e o cabelo longo incendeia o ar. Tudo demais, porra”.

Até o trecho “o cabelo longo incendia o ar”, tem-se um lirismo... tradicional, ainda que se argumente que termos como “bestial”, “cotovelo” e “joelho” possam quebrar tal lirismo. Contudo, o segmento “tudo demais, porra” não somente é um daqueles trechos que revelam o estilo de um autor: esse “tudo demais, porra” é a nódoa no brim num devaneio que até então vinha sendo composto com imagens poéticas, líricas. “Estragar” um texto não é o único modo para se fazer literatura, mas Bukowski, ao “desrespeitar” o texto dele, a fez. 

LEITURAS

O astrônomo lê nas entrelinhas.
O poeta lê nas estrelinhas.
Ler é colher na entressafra. 

domingo, 12 de outubro de 2014

FLAMENGO DERROTA O CRUZEIRO

Conferi a partida entre Cruzeiro e Flamengo. Fácil perceber que Egídio e Dedé, no primeiro tempo, e Manoel e Fábio, no segundo, estão muito bem entrosados. O time do Rio agradece. 

(DES)APONTAMENTO 12

Se o Cáceres, jogador do Flamengo, decidisse lançar uma autobiografia, o livro poderia receber o título de Memórias do Cáceres.

sábado, 11 de outubro de 2014

PARA ZILMA

Tive hoje o prazer de reencontrar minha professora da segunda série do primário: Zilma Maria de Brito Cardarelli. (Acho que hoje a segunda série do primário se chama terceiro ano.) Fui aluno da Zilma em 1978. Depois disso, perdemos contato um com o outro. Hoje, ela mora em Uberlândia.

Fui aluno dela na Escola Estadual Frei Leopoldo. Salvo engano, agora se trata de uma escola municipal. Na época, o Frei Leopoldo ficava na rua Minas Gerais, esquina com avenida Brasil. Hoje, na edificação que fica bem na esquina, há um comércio; sobre este, morada residencial. Na edificação cuja entrada fica na Minas Gerais, há uma creche.

De vez em quando, eu lecionava para algum aluno de sobrenome Cardarelli. Sempre que isso ocorria, eu, invariavelmente, perguntava. “O que você é da Zilma Maria de Brito Cardarelli?”. Recebendo confirmação de parentesco, eu pedia que enviassem meu abraço para ela.

Lembro-me de que no fim daquele distante 1978, a Zilma me deu uma régua toda invocada, toda cheia de estilo. Eu a usei por vários anos. Acompanhando a régua, um cartão, que ainda tenho. No cartão, a caligrafia tão familiar, tal qual era na lousa — tombada para a direita e muito legível.

Um dos filhos da Zilma está hoje aqui em Patos de Minas. Além de ser formado em artes visuais, ele é músico; logo mais, à noite, vai se apresentar num dos bares da cidade. A família da Zilma e eu combinamos que estaremos por lá, celebrando a música.

No reencontro de hoje, nós nos divertimos quando comentei com a Zilma uma história que ocorrera quando fui aluno dela: tendo visto pela TV alguém usando um casaco sobre os ombros, sem, de fato, vesti-lo, tomei a decisão de ir para a escola paramentado como o cara que eu vira na televisão.

Estava fazendo um calorão danado; para piorar, eu estudava no turno da tarde. Minha mãe bem que tentou me demover da ideia ridícula; eu, teimoso como burro, joguei uma blusa quentíssima sobre os ombros e fui a pé para a escola.

Mal tendo me visto, a Zilma foi logo me perguntando o que eu estava fazendo com uma blusa quente pendurada nos ombros num calorão daquele. Não vacilando, tirou a blusa de meus ombros e fez com que eu a guardasse num vão da carteira entre a parte de cima dela e meu joelhos.

Não me dando por vencido, maquinei um plano: quando chegasse a hora do recreio, eu pegaria a blusa e sairia com ela sobre os ombros. Chegada a hora, peguei a vestimenta, comecei a caminhar de fininho e já fui a jogando sobre as costas.

Minha pressa em ajustar a blusa nos ombros me delatou. Quando eu já estava próximo à porta, a Zilma constatou minha tramoia. Incontinente, pediu que eu me aproximasse da mesa em que ela estava. Cheguei perto. Ela então pegou a blusa, dobrou-a e a guardou no vão da carteira. Fui para o recreio sem a blusa pendurada nos ombros.

A você, Zilma, muito obrigado por tudo. Lembro-me da experiência com o grão de feijão e do macete que você nos passou para que diferenciássemos os sinais “<” e “>”. Eu não poderia imaginar, na época, meu destino profissional. Fico feliz em saber que eu acabaria exercendo a mesma profissão que você exerceu. 

APONTAMENTO 219

Quando a gente chega, o enredo da vida já tem um bom trecho escrito. Começamos a fazer parte dele, também o escrevendo. Quando começamos a ter a ilusão de que nos tornamos melhores autores, já estamos velhos; logo, logo, seremos desenredados. Sem nós, a trama continuará sendo escrita... 

"PECADOS ÍNTIMOS"

“Pecados íntimos” é o título do filme a que assisti ontem à noite. É de 2006. O diretor é Todd Field, que também assina o roteiro, ao lado de Tom Perrotta, que é o autor do livro em que o filme é baseado. O livro de Perrotta se chama “Little kids” (Criancinhas). “Little kids” é também o título original do filme. No elenco, Kate Winslet (Sarah Pierce), Jennifer Connelly (Kathy Adamson), Patrick Wilson (Brad Adamson) e Jackie Earle Haley (Ronnie J. McGorvey).

Sarah e Brad estão insatisfeitos com seus casamentos. Ele, pelo fato de a esposa (Kathy) trabalhar demais, decorrendo daí um monótono casamento; ela, por não receber a menor atenção do marido. Não bastasse, Brad é cobrado pela esposa, pois ele não consegue ser aprovado (nem quer ser) no exame de que depende para que esteja apto a exercer a advocacia. Brad e Sarah acabam se conhecendo.

Quando a gente gosta de um filme, nós ficamos torcendo para que nada o “estrague” — pelo menos na visão que a gente tem do que é “estragar” uma produção. Há a cena de um esqueite, envolvendo o personagem Brad, que me pareceu inverossímil.

Contudo, trata-se de apenas uma opinião. Sendo honesto, a sequência do esqueite não “estraga” o filme como um todo. “Little kids” merece ser visto. A obra revela a tensão real que pode haver num cotidiano, que, na aparência, é pacato, perfeito, invejável.

Casamentos frustrados, personagens atribulados pelo que fizeram no passado... O forte de “Little kids” é o ingrediente emocional, adulto. O roteiro não foge das situações-limite a que vai nos levando. Não sei se o livro em que o filme se baseia também conduz a tais situações. “Little kids”, à medida que vamos o assistindo, vai nos mostrando que criancinhas somos nós. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O CAIPIRA E O COSMOPOLITA

Há situações em que uma pessoa se revela. O mesmo vale para um povo: há situações em que ele se revela. Ou, pelo menos, parte dele. Foi assim em 2010; está sendo assim em 2014. Os nordestinos têm sido escarnecidos via internet. Já houve quem sugerisse que se jogasse uma bomba atômica por lá; já houve quem sugerisse que eles, os nordestinos, morressem devido ao Ebola.

Quem publica em rede social um pensamento assim enche-se de entusiasmo quando alguém como FHC diz que os eleitores do PT são, nas palavras dele, “menos informados”: “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres”. Conclui FHC que o PT se destaca nos, segundo termo usado por ele, “grotões”.

Vinda de Fernando Henrique Cardoso, esse tipo de declaração não surpreende; em 1996, ele dissera que somos caipiras: “Como vivi fora do Brasil, na Europa, no Chile, na Argentina, me dei conta disso: os brasileiros são caipiras”.

Declarações como a dele só confirmam aquela velha ideia de que estudo e inteligência não andam necessariamente juntos: FHC tem estudo. Só que uma parte da população, que se julga bem-informada por acompanhar a Veja, o Estadão, a Folha de S.Paulo, a Globo e o UOL, por exemplo, sente-se mais bonita, mais inteligente e mais civilizada do que os pobres — em especial, depois de um FHC desovar seu rosário neoliberal.

Para esses que se julgam melhores, o resto da população podem ser os nordestinos ou, por extensão, os pobres (não importa onde vivam), que, nessa ótica, seriam sujos, sem informação, despreparados e descartáveis. Livrar-se deles, os pobres, faria bem para o País, que passaria a conviver com uma elite que adora Paris e que adora inserir termos em inglês em suas conversas.

Não basta o conhecimento histórico (suponho que FHC o tenha), não bastam as viagens (penso que FHC conheça o mundo inteiro), não bastam as leituras (presumo que FHC seja um intelectual). Fernando Henrique Cardoso deu provas de que alguém com leituras, viagens e poder pode não entender o que é o cosmopolitismo. Levando-se em conta as declarações dele, suponho ser inimaginável para ele conceber que há caipiras cosmopolitas nos grotões. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

VESTIMENTA

Veste-se a caráter.
Prefere, contudo, deixar
no guarda-roupa o caráter. 

"ULYSSES": UMA CAPA


Passei mais da metade da vida prometendo a mim mesmo que um dia leria “Ulysses”, do Joyce. Não sei se ainda cumprirei a promessa. Pesquisei muito sobre a obra, reuni esquemas de leituras, dediquei-me a críticas sobre o livro... Só que o dito-cujo, nunca li. Num paralelo, seria como ler muito sobre uma cidade, saber muito sobre ela, mas nunca tê-la visitado.

À parte isso, a capa da edição da Penguin-Companhia para “Ulysses” é genial (como não tenho a edição deles, não há como eu conferir de quem é o trabalho): numa olhadela, as linhas brancas sugerem um labirinto. Pode-se pensar também em formas urbanas ou geométricas.

Após a olhadela, o olhar decifra o nome “Ulysses”, formado pelas linhas brancas. Se tais linhas ou formas, por si, já seriam uma rica representação visual do labirinto que, segundo o que já li, são os personagens do livro (e todos nós), as mesmas linhas brancas podem compor traçados de um caminho pelas ruas de Dublin.

A capa, assim me parece, conseguiu uma sugestiva e poderosa representação visual do que é sugerido, de acordo com o que já li, nas páginas do livro. Não bastasse isso, a aparente aleatoriedade das linhas brancas revela, após breve exame, um rigor que está presente no livro de Joyce (numa das edições que tenho, há o famoso guia de leitura com as partes que compõem a obra).

Não estou à procura de mais um motivo para encarar as páginas do “Ulysses”. Estivesse, a capa não deixaria de ser sedução. Preciso ler o livro. Se os personagens de Joyce são labirintos, se as ruas que Bloom percorre são labirínticas, nada impede que as que percorremos não sejam. 

CORUJANDO

terça-feira, 7 de outubro de 2014

IDEAL

O amor ideal é o real.
Num amor ideal, 
os corpos se tocam.
Tocando-se, idealizam. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

BRINCADEIRA DE CRIANÇAS MÁS

Se você vai, eu também vou.
Se você não vai, eu também não vou.
Você não foi — eu também não.
Se nós vamos, a cidade não vai.
Se nós não vamos, a cidade fica. 

sábado, 4 de outubro de 2014

CRUZEIRO DERROTA O INTERNACIONAL

Há partidas de que muito se espera. Essa expectativa pode ser frustrada. Há outra expectativa, nos grandes jogos, que é a de que o time da casa agrida o visitante nos primeiros quinze minutos. Hoje, no Mineirão, a expectativa de um bom jogo se concretizou. A expectativa de que o Cruzeiro fosse mais combativo no primeiro terço do primeiro tempo também se fez.

O primeiro gol do jogo foi aos dezenove minutos; Marcelo Moreno foi o autor. Aos trinta e três, após espetacular cruzamento de Éverton Ribeiro, Marquinhos, substituindo Ricardo Goulart, escorou: dois a zero para o Cruzeiro. O Internacional, embora tenha tido uma chance aos vinte e um, não dava sinais de que ameaçaria a equipe mineira. A Raposa foi soberana no primeiro tempo.

Quando o jogo é moroso, ele parece durar um mês; a partida no Mineirão pareceu durar um minuto. Chegado o segundo tempo, aos quatro minutos, em cobrança de falta, o Internacional quase marcou: a bola ficou passeando rente à linha do gol. Um minuto depois, Juan faz pênalti em Marcelo Moreno. Aos sete minutos, William cobrou; a bola caiu aqui na varanda da minha casa, em Patos de Minas.

Com a segunda etapa começando avassaladora, era natural haver o otimismo de que o segundo tempo também seria bom. Aos dez minutos, acrescentando um belo ingrediente à partida, Alex marcou um golaço, chutando de fora da área. Não haveria como Fábio defender, ainda que ele medisse uns quinze metros.

Levando-se em conta que o Internacional voltou jogando melhor do que o que jogara no primeiro tempo, a partida estava melhor do que já havia sido na primeira metade. Mesmo tempo levado o gol, o Cruzeiro, pelo menos aparentemente, manteve-se calmo. Chegou até a deixar a impressão de que poderia ter marcado mais uma vez. Tendo vencido por dois a um, a distância entre Cruzeiro e Internacional passa a ser de nove pontos. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

MÚSICA VISÍVEL

Não sabemos desvendar os critérios de que a memória se vale quando escolhe não deletar determinadas lembranças (pode ser que nenhuma lembrança seja, de fato, deletada). Há uma que não me abandona: eu trabalhava em rádio, e estava executando a canção “No conversation”, do View from the Hill. Eram ainda os tempos do vinil; lembro-me de, especificamente nessa canção, naquele momento, ficar olhando o disco girar. Era, por assim dizer, um modo... físico ou material de “viajar” na música; o vinil era, por assim dizer, uma música para a qual podíamos olhar. Fiquei reparando na agulha, no bolachão, nas voltas que o som ia dando, nos sulcos do disco... A lembrança se cristalizou; veio à tona há pouco. Neste momento, escuto “No conversation”.