O fato de eu gostar da transgressão não me impede de querer a beleza, que é querer a arte. A transgressão não tem de, mas pode ser bela. A arte não tem de, mas pode ser transgressora. Eu acredito na beleza. Eu acredito na transgressão. Eu acredito que possam estar juntas, embora não tenham de.
A arte pode (e deve) tratar (também) do que é repulsivo e digno de ódio. Do que ela não pode abrir mão é de aspirar a ser uma grandiosa obra de arte, não importa do que trate. A arte pode (e deve) retratar (também) o que é feio, degradante e abjeto, mas não pode deixar de ser arte.
A modernidade, pós-modernidade ou seja lá o que for não implica abrir mão de um princípio só porque ele já existe há séculos. Arte requer dedicação e busca pelo belo, não importa quando seja produzida.
Não sei se a arte permite um lampejo do celestial. Ela já faz muito em sutilizar e melhorar o que é humano. Se melhorar e sutilizar o que somos implica criar em nós uma centelha de algo celestial, não vou me queixar disso.